Brasil: 28% dos adolescentes têm relação “problemática” com videogames, diz pesquisa
Estudo da USP é o primeiro a quantificar a patologia do transtorno de jogo pela internet no paísBy - Cesar Schaeffer, 26 julho 2022 às 17:17
Videogame demais faz mal à saúde. Ainda que muitos gamers possam torcer o nariz para a afirmação, é o que mostra uma pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Segundo o levantamento, 28% dos adolescentes brasileiros apresentam “sintomas” para serem diagnosticados com “transtorno de jogo pela internet” (TJI) – sim, uma doença.
O estudo é o primeiro a medir o TJI no Brasil e aponta que jovens do sexo masculino, que fumam e bebem, praticam ou são vítimas de bullying e têm dificuldades para se relacionar são os mais associados à patologia.
Pessoas com TJI geralmente jogam oito ou mais horas de videogame por dia, podem ficar longos períodos sem dormir ou comer e falham nas obrigações relacionadas à escola e ao trabalho. E quando impedidos de jogar, ficam irritados e agitados.
Uma doença
A Associação Americana de Psiquiatria classificou o transtorno como doença em 2013. E, desde 2018, a Organização Mundial da Saúde incluiu o uso patológico de videogames na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.
O estudo levou em conta respostas dadas por alunos de oitavo ano de 73 escolas públicas em Eusébio (CE), Fortaleza e São Paulo. Dos 3.939 alunos que responderam a pesquisa, 3.396 disseram ter jogado videogame nos últimos 12 meses – destes, 1.077 atingiram critérios de TJI, o equivalente a 85,85% e 28,17% considerando a média do intervalo de confiança.
Nem todo videogame é igual
A psicóloga Luiza Chagas Brandão, autora da pesquisa, explica que o tipo de jogo, o conteúdo e a frequência têm efeitos diferentes sobre quem joga. “MMORPG é o tipo que mais tem relação com adição”, afirma ela.
Fonte: Folha
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