Todos os anos, relatórios documentam como os padrões de tráfego da rede mudam ao longo do tempo. Nos últimos anos, eles têm apontado para uma das tendências de que a participação do BitTorrent nesse montante tem diminuído. Entretanto, mesmo com a pesada concorrência com os serviços de streaming, a empresa de software de torrent ainda é responsável pela maior parte do tráfego global upstream (fluxo de dados do cliente ao servidor) da rede.

Alguns dos serviços como Netflix, YouTube e TikTok são responsáveis por consumir uma grande quantidade de banda, antes exclusiva dos sistemas online de compartilhamento e download de arquivos por torrent. Em consequência, também os responsáveis pela perda de uma fatia do BitTorrent no mercado.

Entretanto, apesar de se manter na liderança quando o assunto é o tráfego global upstream, o BitTorrent é ameaçado por outros players: o tráfego HTTP regular e o Google, segundo o relatório da empresa de gerenciamento de largura de banda Sandvine.

BitTorrent: renascimento e queda

Um relatório de 2018 da mesma empresa canadense descobriu que mais de 20% de todo o tráfego global upstream poderia ser atraibuído ao BitTorrent.

Na época, em algumas regiões do mundo, como EMEA — Europa, Oriente Médio e África — o tráfego de compartilhamento de arquivos sofreu uma clara tendência ascendente, visto que 1/3 de todos os uploads estavam relacionados a torrents. Enquanto nas Américas, a participação era relativamente modesta, representava um pouco mais de 9%.

Apesar da conquista, ela não perdurou por muito tempo — o último estudo, também da Sandvine, além de não sobrar muito dessa ascensão, o tráfego de compartilhamento de arquivos sinalizava mais uma vez uma queda contínua.

Essa perda de quota de mercado foi relatada no Global Internet Phenomena 2022, mostrando que, globalmente, o BitTorrent detém menos de 3% de todo o tráfego de consumidores. Em 2020, essa porcentagem era de 35%. Um comportamento notável em razão das mudanças drásticas sofridas pela internet nesse meio tempo.

Hoje, os carros-chefes que determinam mais da metade de todo o tráfego da internet ficam apenas nas mãos de YouTube e Netflix. A rede social de vídeos TikTok, relativamente recém-chegada, já ultrapassou o BitTorrent e agora conquista terreno rapidamente entre os grandes players.

Participação do BitTorrent no tráfego total da internet cai, mas empresa ainda lidera no upstream

Imagem: Sandvine

A disputa com outras aplicações pode não ser justa, visto que o BitTorrent normalmente exige mais recursos upstream, claramente visível a partir dos dados. Apesar disso, a companhia ainda segue na liderança em termos de tráfego de upload, respondendo por quase 10% do total, ao mesmo tempo em que é ameaçada pelo tráfego HTTP regular e pela gigante das buscas, com chances desses a ultrapassarem no próximo ano.

Participação do BitTorrent no tráfego total da internet cai, mas empresa ainda lidera no upstream

Imagem: Sandvine

Tráfego móvel

Quando observado o tráfego móvel, o BitTorrent se destaca ao ter uma fatia considerável em downstream (fluxo de dados do servidor até o cliente) em relação a conexões fixas, se aproximando até mesmo de aplicativos populares como TikTok.

Isso pode ser parcialmente explicado, de acordo com a Sandvine, pelo fato de empresas como Facebook e Twitter usarem o protocolo BitTorrent para distribuição de conteúdo aos usuários. “O BitTorrent também está mais acima no ranking das redes móveis, pois está sendo cada vez mais utilizado para distribuir atualizações para servidores do Facebook e Twitter, assim como para transferir grandes arquivos como vídeos e clipes de música”, escreve a empresa.

Quanto aos números gerais de tráfego, algumas diferenças regionais são notáveis e remetem ao comportamento visto em 2018: apenas 6% de todo o tráfego upstream é presentado pelo BitTorrent nas Américas, enquanto que na EMEA, o valor chega ser quase o dobro — quase 12%.

Pode perder a liderança relativa, mas não absoluta

Apesar de correr o risco de perder a liderança em tráfego upstream, isso não implica automaticamente em queda de volume, visto que os números do relatório são relativos à largura da banda total utilizada pela rede, a qual está em constante crescimento.

A queda e a fatia menor do BitTorrent não o inviabiliza de poder gerar ainda mais tráfego comparado há 10 anos.

 

Via TorrentFreak

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