[BGS 2022] Inspirado em Sayonara Wild Hearts, Horizon Chase 2 traz mudanças significativas em mecânicas e gameplay
O blog KaBuM! entrevistou Matheus Cunegato, principal game designer de Horizon Chase 2, que nos contou das inspirações, mudanças e novidades presentes na sequênciaBy - Jessica Pinheiro, 11 outubro 2022 às 20:55
A lista de jogos ainda não lançados disponíveis para testes no Brasil Game Show 2022 é pequena. É basicamente composta por Mario + Rabbids: Sparks of Hope, Street Fighter 6 e One Piece Odyssey. Mas, de forma inesperada, outra novidade marcou presença nos primeiros dias de evento: Horizon Chase 2.
Disponível atualmente apenas em dispositivos Apple por meio do serviço Apple Arcade, o acesso a Horizon Chase 2 durante a BGS 22 era voltado somente para a imprensa. Por isso, o blog KaBuM! teve a oportunidade de testar o título em um MacBook e conversar com Matheus Cunegato, principal game designer do jogo.
Do Unity ao Unreal Engine
O desenvolvimento de Horizon Chase 2 se iniciou em meados de 2020, poucos meses após o início da pandemia de Covid-19, explicou Matheus. Segundo o game designer, a fase de pré-produção foi até o início de 2021, e a partir disso, o time de desenvolvedores começou o trabalho pesado. “Foi um desafio bem grande criar uma equipe toda remota”, ele conta.
Ainda que isso possa parecer pouco tempo de desenvolvimento, Horizon Chase 2 traz melhorias gráficas perceptíveis já nos primeiros minutos de jogo. Além da sensação de maior profundidade e das rodas dos carros realmente parecerem estar rodando o asfalto — o que torna a animação mais orgânica —, a paleta de cores está mais forte e brilhante.
Parte disso pode ser devido à mudança de motor gráfico, claro, uma vez que o primeiro jogo foi feito no Unity e o segundo, no Unreal Engine. “O [estúdio] Aquiris é uma empresa que preza muito pelo aprendizado e profissionalização das pessoas lá dentro, além de ir entendendo o que a gente pode fazer no mercado”, explicou Matheus, mas sem deixar de expressar que a escolha pelo Unreal Engine também tem a ver com a curiosidade dos desenvolvedores pela tecnologia da Epic Games.
O game designer ainda reforça que é possível fazer gráficos absurdamente bons independente do motor, muito embora o Unreal Engine tenha suas vantagens em relação ao Unity. “Foi um desafio técnico pra gente entender o que poderíamos fazer [no Horizon Chase 2]”.
Desafios no desenvolvimento de uma sequência
“Foi um desafio gigante”, revela Matheus. “Como que a gente determina o design do [Horizon Chase] 2 pensando que ele precisa ser algo novo e maior, que ele precisa atender ao público que jogava o primeiro, e que ele precisa trazer um público novo. (…) Como juntar esse quebra-cabeça?”, questiona o game designer.
Manter a essência do Horizon Chase original em uma sequência já é uma tarefa desafiadora, e mais ainda quando isso precisa ser traduzido em inúmeros detalhes que fazem parte de um novo motor gráfico, além de ser adaptado para cenários completamente 3D, já que o game original não é “quase que 2D”.
Isso porque o game utiliza fundos estáticos: o carro não se mexe na pista, mas o cenário funciona como uma esteira em movimento, semelhante a Top Gear e outros jogos de corrida clássicos. “Essa essência existe por conta da tecnologia. Como que a gente mantém isso dentro de algo que não está mais usado?”. No segundo Horizon Chase, entretanto, isso mudou.
Matheus também aponta que o desafio se tornou ainda maior porque o time de desenvolvimento não tinha referências. Afinal, o primeiro Horizon Chase tinha Top Gear como principal inspiração. Mas os jogos de corrida clássicos, em sua grande maioria, optaram por mais realismo e/ou simulação em suas sequências.
“A gente foi muito vanguardista em conseguir trazer uma tecnologia que nem tinha muitas referências no mercado”. Ainda assim, houve inspiração de jogos de outros gêneros em Horizon Chase 2. Segundo o game designer, Time Crisis e Sayonara Wild Hearts, foram os principais.
“A gente teve que comunicar essas mudanças para o time de programadores, de arte…”, explicou Matheus. O estilo artístico lowpoly, inclusive, evoluiu para um visual inspirado em cartazes de corrida vintage com texturas e marcas de pincel, mas sem deixar de lado a personalidade que torna o estilo de Horizon Chase tão único.
Novidades nos modos, mecânicas e músicas
Em termos de gameplay, as mudanças são um pouco mais sutis, mas recompensadas pela presença do requisitado modo multiplayer e pela mecânica de bifurcações nas pistas. Segundo Matheus, havia recursos que eram mais complicados de inserir no primeiro jogo, especialmente por conta de algumas técnicas que simulavam tecnologias dos anos 1980 e 1990; mas não impossíveis.
“Não eram impossíveis de incrementar no primeiro [Horizon Chase], mas eram coisas que a gente pensava ‘pô, talvez valha mais a pena guardar isso para uma segunda versão’, e começar o jogo desde o início já pensando nessa questão técnica… Senão íamos refazer o [primeiro] jogo para conseguir adicionar essas mecânicas”, explicou Matheus.
“Várias coisas que a gente gostaria de já ter colocado, fomos entendendo ao longo da vida útil do primeiro do primeiro game”, complementa o game designer, citando ainda as respostas da comunidade, que foram captadas pelos desenvolvedores do Aquiris ao longo dos sete anos de atualizações de Horizon Chase.
Uma mudança talvez um pouco mais significativa entre os dois Horizon Chase, entretanto, é a ausência da gasolina no segundo game, uma vez que os integrantes mais engajados da comunidade de jogadores ativamente reclamaram disso no jogo original, devido a problemas de acessibilidade com essa mecânica.
“Era uma mecânica que trazia uma negatividade meio grande e a gente resolveu mudar isso no segundo [jogo]”, explicou Matheus. A gasolina foi, portanto, retirada das corridas principais, e um equivalente a esse recurso foi colocado em um modo opcional. “O Break the Box é onde você coleta caixas ao longo da pista enquanto o cronômetro vai diminuindo. Não é exatamente a gasolina, mas ele simula muito do que seria essa mecânica, em fases opcionais”.
Quando questionado sobre a parte sonora do game e sobre o retorno do compositor Barry Leitch à trilha, Matheus citou o artista, que se expressou da seguinte forma quando a Aquiris começou o desenvolvimento de Horizon Chase 2: “‘Já estava na hora, né?’”.
“Trabalhar com o Barry Leitch é excelente, ele é uma pessoa muito talentosa e ele é animado com o jogo”, exaltou Matheus, reforçando que o compositor estava ansioso por mais. E no segundo game, a equipe de desenvolvimento impôs um desafio ao artista.
Para tirar Barry de sua zona de conforto, foi pedido que ele criasse músicas mais regionais, com instrumentos únicos da região de cada pista. “Foi muito legal ver como ele traduziu seu estilo pessoal para dentro dessas ideias diferentes que a gente queria trazer”, completa Matheus.
Lançamento de Horizon Chase 2 em outras plataformas
O lançamento de Horizon Chase 2 nos consoles e PC (Windows) está programado para 2023. Ainda não existe uma janela específica, mas Matheus adianta que existe conteúdo novo planejado para as próximas atualizações.
O game designer não detalhou o que faz parte do conteúdo novo além de mais modelos de carros, mas afirma que quando esse momento chegar, todas as versões do game receberão as novidades por meio de atualização, incluindo a de Apple Arcade.
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