Atualização (09h34): O lançamento da missão Artemis-1 foi adiado devido a um problema no motor. Veja mais aqui.

A agência espacial norte-americana (NASA) confirmou o lançamento da missão Artemis-1 para hoje, dia 29 de agosto. A ocasião representa um marco histórico não apenas para a agência, mas também para todos os entusiastas da exploração espacial no mundo – a grosso modo, o projeto quer levar a humanidade de volta à Lua.

Com a iminência da missão, e seu processo turbulento de desenvolvimento, é normal que você se sinta um pouco confuso já que, a cada novidade divulgada, um mundo novo (trocadilho intencional) de informações aparece, então reunimos algumas informações de base para você se situar e acompanhar com a gente o progresso da missão.

O Programa Artemis tem mais orçamento de muitos países

O projeto que levou à criação do Programa Artemis contempla várias missões, ao longo de vários anos e de muita pesquisa tecnológica. Segundo o Ars Technica, o início do mandato presidencial de Joe Biden, atual mandatário dos EUA, viu o orçamento do programa chegar a US$ 23 bilhões (R$ 118,54 bilhões).

Obviamente, já se espera que um projeto desta magnitude envolva muito dinheiro. Mas apenas para colocar as coisas em perspectiva: segundo o World Population Review, esse valor é maior que o Produto Interno Bruto (PIB) da Islândia (US$ 21,63 bilhões) e outros 103 países que compõem a lista. A saber: a Islândia está na 109ª posição da lista.

A Artemis-1 NÃO É a missão que nos levará de volta para a Lua

Existe uma corrente – felizmente, cada vez menor – de pensamento que acha que a missão Artemis-1 é “a missão”, aquela que vai colocar os pés da humanidade de volta à Lua. Isso é uma impressão equivocada, já que o projeto todo contempla missões de lançamento até 2024 – e isso, só para o Artemis, sem contar as missões auxiliares que, apesar de estarem em projetos separados, vão acabar ajudando o programa.

De acordo com a descrição fornecida pela própria NASA, “os objetivos primários da missão são os de assegurar uma entrada segura para um módulo tripulado, descida, aterrissagem e recuperação. Além de enviar a [cápsula] Orion ao redor da Lua, o [foguete] SLS vai carregar 10 pequenos satélites que vão executar suas próprias investigações científicas e tecnológicas”.

Em resumo, o foguete SLS vai levantar voo em direção à Lua, levando a cápsula Orion para, literalmente, dar uma volta no nosso satélite e voltar. A ideia é avaliar a capacidade de cumprir esse objetivo sem uma tripulação (já imaginou se a coisa não dá certo, com gente dentro da cápsula? Isso ia pegar mal). Paralelamente, o posicionamento de tecnologias de satélite ajudarão a planejar com mais precisão a missão seguinte. E falando nela…

NASA lança missão Artemis-1 rumo à Lua - veja o que você precisa saber
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A missão Artemis-2 será tripulada, mas também não levará ninguém à Lua

A segunda missão do programa, planejada para maio de 2024, também não é “a” missão derradeira do programa. Assim como a Artemis-1 tem um objetivo paralelo de testar a possibilidade de realização da viagem, a sua sucessora tem a mesma premissa – só que agora, com uma tripulação a viajar ao redor da Lua. Sim, “ao redor”, não “pousar”. 

O que ainda não se sabe é se a segunda missão terá alguma carga secundária: a exemplo da Artemis-1, a NASA chegou a promover licitações para parceiros da iniciativa privada que quisessem levar pesquisas espaciais em satélites, mas em outubro de 2021, os planos foram abandonados sem confirmação de retomada.

A primeira mulher negra a pisar na Lua virá pelo programa – e ela já foi escolhida

Jessica Watkins, ex-jogadora de rúgbi, geóloga e ex-aquanauta, atual astronauta da NASA. Ela é uma das pessoas pré-selecionadas para a primeira missão tripulada do Programa Artemis (que será a Artemis-3, caso você esteja se perguntando). Isso já tem muita importância por dois motivos: Watkins é mulher e negra – ambas, demografias bem reduzidas dentro da agência espacial.

Watkins já tem bastante experiência em voos espaciais: atualmente, ela está “morando” na Estação Espacial Internacional (ISS) como parte da missão Crew-4, transportada pela SpaceX, realizando experiências científicas fora da Terra. A missão deve retornar em setembro deste ano, quando a NASA deve isolar Watkins para avaliar a disponibilidade dela para treinos específicos a caminho do solo lunar.

Antes disso tudo, Watkins assinou projetos conjuntos que viram desde a supervisão tecnológica de missões para Marte (Phoenix Lander) a um projeto de vigilância e defesa planetária (NEOWISE), que mantém constante monitoramento de objetos que passem a proximidades desconfortáveis do nosso planeta.

Foto da NASA mostra a astronauta Jessica Watkins flutuando na ISS. Especialista será a primeira mulher negra a pisar na Lua no lançamento da missão Artemis-1

Jessica Watkins: do rúgbi para a Lua – literalmente. A astronauta da NASA será a primeira mulher e a primeira pessoa negra a pisar na Lua (Imagem: NASA/Watkins/Reprodução)

Se tudo der certo, o Programa Artemis será uma “parada” para missões mais longas

Um dos principais objetivos do projeto é, segundo a própria NASA, “estabelecer a presença humana na Lua”. Há quem pense que isso é apenas a ida de astronautas até o satélite, sair do módulo, pisar no solo lunar e…fim. Afinal, foi mais ou menos isso que o time da missão Apollo 11 fez em julho de 1969, com Neil Armstrong e Edwin “Buzz” Aldrin, certo?

Errado. Em ambas as afirmações: primeiro que a missão Apollo 11 trouxe diversas amostras de solo lunar, testou novas tecnologias e contou até com um terceiro membro que não saiu da cápsula (Michael Collins).

Segundo porque o Programa Artemis tem uma outra missão, tão importante quanto a original: estabelecer as fundações da Lunar Gateway, uma espécie de estação espacial na órbita da Lua, que servirá como ponto de parada para missões mais longas – sim, a NASA está gastando muito dinheiro para, essencialmente, criar a versão espacial internacional da rede de restaurantes Graal, de quando viajamos de carro ou ônibus pelas estradas brasileiras.

Preços do Graal à parte, a ideia é que a Lunar Gateway sirva como local de reabastecimento, recuperação de suprimentos e atualizações gerais para, por exemplo, missões humanas em direção a Marte – algo que um certo bilionário aí tem especial interesse…

Artemis-1: data e hora de lançamento

A missão Artemis-1 foi confirmada pela NASA com lançamento para 29 de agosto de 2022. A hora prevista é a partir das 9h30 (horário de Brasília), saindo do Centro Espacial Kennedy, na Flórida.

A ocasião, aliás, fugirá ao padrão da NASA, que geralmente faz apenas a transmissão da contagem e lançamento de seus veículos. Aqui, devido ao contexto histórico da missão, o lançamento da Artemis-1 vai ser algo mais parecido com o show do intervalo do Superbowl, com artistas e shows confirmados, incluindo nomes como Jack Black (Escola do Rock e vocalista do TenaciousD), Chris Evans (sim, o próprio Capitão América do MCU) e Keke Palmer (atriz e cantora mais conhecida pelo seu trabalho em True Jackson, da Nickelodeon), além de um show de Josh Grobin e Herbie Hancock, que cantarão “The Star-Spangled Banner”, o hino nacional dos EUA.

Marque na agenda: o lançamento será transmitido pela NASA pelos seus canais oficiais, e reproduzido ao vivo aqui no Tecmasters.

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