Em dezembro, o blog KaBuM! noticiou que a Apple, ao contrário do que diz a sua política de privacidade, coleta dados analíticos dos usuários, entregando informações pessoais identificáveis e até sensíveis à marca, mesmo após a recusa da permissão. Dias depois da divulgação dos testes de um pesquisador pelo Gizmodo, mais uma ação coletiva de privacidade foi ajuizada nos Estados Unidos, acusando a gigante de Cupertino de supostamente ter enganado seus clientes sobre o assunto.

Embora a Apple insista que todos os desenvolvedores peçam permissão para coletar dados analíticos e garanta que “nenhuma das informações coletadas o identifica pessoalmente”, um teste feito pela empresa de segurança de Tommy Mysk no início de novembro acabou provando o contrário: a marca coleta e envia os dados dos usuários de iPhones com ou sem (ao desligar a configuração “Share iPhone Analytics”) o seu consentimento.

Ao desabilitá-la, a Apple se compromete a “desabilitar completamente o compartilhamento da Análises do Dispositivo”.

Apple

Imagem: reprodução/Apple

Além da coleta e envio de dados analíticos, os resultados obtidos por Mysk nos testes também apontaram a inclusão de informações potencialmente sensíveis, como a busca por aplicações relacionadas a questões LGBTQIA+, ou aborto.

Ações coletivas colocam em xeque slogan da Apple: privacidade?

Este é o terceiro processo sobre o assunto contra a empresa da Big Tech. No estado da Califórnia, uma ação coletiva foi aberta argumentando que as garantias de privacidade da Apple são “completamente ilusórias”. Isso foi seguido por um segundo, na Pensilvânia, acusando-a de violar “as leis estaduais de escutas telefônicas, privacidade e fraude ao consumidor”.

Essas duas se somam a uma terceira, desta vez no estado de Nova York, indicando a terceira ação judicial contra a empresa sobre o caso da coleta de dados indevida. O caso pede uma indenização legal de US$ 5 milhões, segundo informações do Gizmodo.

“Essas violações de dados aconteceram em grande parte porque alguém cometeu um erro que não deveria ter ocorrido”, disse Paul Whalen, advogado que processou a empresa em Nova York. “Neste caso, com a Apple, não parece ter havido um erro. A Apple prometeu conscientemente uma coisa e fez exatamente o contrário. É isso que faz este caso parecer tão diferente”.

Durante à entrevista ao veículo, Whalen conta que trabalhou em vários casos de violação de dados de alto nível nos últimos 20 anos, assuntos que muitas vezes envolvem erros não intencionais. Este não é um desses casos, conta ele.

Até o momento, a Apple se recusou a responder aos pedidos de comentários sobre o assunto.

Apple acumula processos por coleta de dados analíticos de usuários de iPhone

Imagem: @matthew_d_green/Twitter

Esta não é a primeira vez que o slogan dos anúncios gigantescos em outdoors sobre a privacidade prometida pela Apple é questionada. A promessa de “O que acontece no seu iPhone, fica no seu iPhone” parece não ter sido suficientemente clara. Em agosto de 2021, o ex-NSA Edward Snowden fez duras críticas aos planos da gigante de Cupertino de escanear fotos dos usuários no iCloud. “A Apple diz que para ‘proteger as crianças’, atualizando cada iPhone para comparar continuamente suas fotos e armazenamento em nuvem com uma lista negra secreta. Se encontrar uma, eles chamam a polícia.”, tweetou.

No início do mês, a Apple também foi multada em US$ 8,5 milhões pela CNIL, na França, pela coleta ilegal de dados para publicidade.

 

Com informações Gizmodo e 9To5Mac

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