Após Itália, Alemanha, França e Irlanda querem bloquear ChatGPT por questões de privacidade
Sem identidade legal estabelecida na Europa, OpenAI está sob intervenção de qualquer autoridade de proteção de dados que identifique riscos aos usuários locaisBy - Liliane Nakagawa, 6 abril 2023 às 16:01
Após a Itália banir o uso de ChatGPT e proibir o processamento de dados de usuários locais, outros países da União Europeia, como Alemanha, Irlanda e França, pensam em seguir a medida apoiada em questões de privacidade de dados levantado por Roma.
Enquanto a Garante Per la Protezione dei dati Personali (GPDP) conduz uma investigação sobre coleta ilegal de dados de cidadãos italianos e menores de 13 anos, a autoridade mantém o bloqueio ao site da empresa que dá acesso ao ChatGPT.
Com a medida, o país é o primeiro a apostar na regulamentação de IA conversacional, e deve influenciar os demais do bloco europeu a seguir pelo mesmo caminho. Vale lembrar que sob a General Data Protection Regulation (GDPR), qualquer autoridade de proteção de dados que veja riscos aos usuários locais tem poder de intervenção, visto que a OpenAI não tem entidade legal estabelecida na Europa.
Na Alemanha, Ulrich Kelber, comissário federal alemão para proteção de dados e liberdade de informação, disse que o país poderia, em teoria, seguir os passos de Roma.
De acordo com a Reuters, autoridades de proteção de dados da França e da Irlanda acompanham a investigação conduzida pela Itália. “Vamos coordenar com todas as autoridades de proteção de dados da UE em relação a este assunto”, disse um porta-voz do comissário de proteção de dados da Irlanda.
Países como a Espanha e a Suécia ainda não demonstraram posicionamento legal quanto à questão. Enquanto reguladores espanhóis disseram não ter recebido queixa sobre a ferramenta, o que não descarta investigações futuras, a nação nórdica supostamente não planeja proibir o software e também não procurou orientação da GPDP até o momento.
Novo Bing e Bard poderão ser investigados e regulamentados
Especialistas legais acreditam que o olhar mais atento sobre o ChatGPT pode significar que outros chatbots, como Bard, do Google, e a IA conversacional integrada ao novo Bing, da Microsoft, também poderão ser investigados e regulamentados.
“Ao contrário do ChatGPT, é mais provável que o Google já tenha levado em conta [a privacidade] devido a sua história na Europa e devido ao tamanho da organização”, disse Dessislava Savova, sócia do escritório de advocacia Clifford Chance.
Lei da IA da UE
Ainda em debate, a Comissão Europeia espera que o projeto de lei encontre o equilíbrio entre a regulamentação dos riscos de segurança e privacidade e ao mesmo tempo que ofereça apoio ao desenvolvimento técnico e ao potencial econômico da inteligência artificial.
Embora ainda não esteja claro como os modelos de linguagem, como o próprio ChatGPT, serão impactados pela legislação destinada a regular o desenvolvimento e a implantação da IA, Margarete Vestager, vice-presidente executiva da Comissão Europeia, adiantou em um tweet que a Comissão pode não estar inclinada a proibir a IA. “Não importa qual #tech usamos, temos que continuar a promover nossas liberdades e proteger nossos direitos”. É por isso que não regulamentamos as tecnologias de #IA, nós regulamentamos os usos da #IA”, escreveu.
Embora com muitas falhas — reconhecidas até pelo próprio criador da ferramenta —, a IA conversacional da OpenAI lançada em novembro passado tem sido uma das ferramentas a conquistar o crescimento mais rápido na história da tecnologia. Ao lado do sucesso que acirrou a disputa entre empresas da Big Tech, vieram os já conhecidos problemas com o modelo de linguagem, como produção de desinformação, textos ofensivos, enviesados e preconceituosos. Além da facilidade dessas inteligências generativas alucinarem.
Via The Register
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