Quando a Microsoft anunciou a geração atual de consoles, ela surpreendeu o mundo ao mostrar não um, mas dois aparelhos similares, porém com algumas diferenças: o Xbox Series X, mais “parrudão”; e o Xbox Series S, com hardware um pouco menor.

Para o consumidor, ambos são bem próximos em desempenho, mas vários desenvolvedores alegam que o Xbox Series S – que segundo alguns estúdios, só recebe jogos por obrigação contratual – é algo chato de se lidar quando o assunto é criar novos títulos.

Contextualizando: o jornalista Jeff Gerstmann, que já liderou canais grandes como GameSpot e Giantbomb, disse em seu perfil no Twitter que uma argumentação recente de que o Xbox Series S estaria “impedindo o progresso” da atual geração de consoles não se sustenta.

Foi o estopim para que diversos desenvolvedores – entre uma gama de independentes e um ou outro de maior reconhecimento – começassem a afirmar que o desenvolvimento de jogos para o menor dos dois consoles da Microsoft não é bem um “mar de rosas”, como diz a expressão.

O mais evidente foi Ian McLure, que respondeu em um tuíte agora fechado apenas para usuários aprovados. McLure, que trabalhou no estúdio Bossa Nova (o mesmo de Surgeon Simulator) em um jogo chamado “I Am Fish”, disse que o problema é que os requerimentos exigidos pela Microsoft para se lançar um título no Xbox Series S são um motivo de descontentamento na comunidade gamedev, que vem “há várias reuniões” tentando fazer a Microsoft abandoná-los.

“Estúdios têm que passar por um ciclo de desenvolvimento no qual o Series S acabou se tornando um albatroz no pescoço da produção, e agora que jogos são firmemente desenvolvidos com os novos consoles em mente, os times não querem ter que repetir esse processo.”

Um “albatroz no pescoço” é uma expressão comum do idioma em inglês, que basicamente significa uma obrigação ruim que atrapalha o progresso de algo. Algo que ninguém quer fazer, mas alguém tem que fazer por imposição de fora, mas que não trará nenhuma evolução.

A situação segue uma discussão que se iniciou há alguns dias, quando o designer sênior de personagens de Gotham Knights dos estúdios Rocksteady, Lee Devonald, disse em uma série de tuítes que o jogo não contará com opções avançadas de desempenho na versão para consoles, o que colocará o jogo em um modo permanente de 30 quadros por segundo (fps).

“Eu gostaria muito que os jogadores entendessem o que ‘ter 60 fps’ significa em termos de todas as coisas que eles ‘perdem’ para fazer o jogo rodar em tamanha velocidade. Especialmente se levarmos em conta que hoje temos um console de geração atual que não é muito mais forte que os consoles da geração passada.”

Importante ressaltar: os tuítes de Devonald – bem como a sua conta inteira – foram removidos do Twitter.

Revelação Xbox Series S pela Microsoft

O Xbox Series S é mesmo mais fraco?

A grande verdade é que, sim, o Series S tem um hardware menor que seu irmão mais avantajado: a maior “perda” – se é que podemos usar o termo – é o fato dele não reproduzir conteúdos em 4K e ter sua resolução maximizada em 1440p, um pouco mais do que o 1080p padrão que compõe o FullHD.

Entretanto, é meio difícil afirmar que isso se traduz nele sendo mais “fraco” ou “inferior”. Sendo um console de geração atual, ele é precisamente desenhado para rodar…jogos atuais. E querendo ou não, como afirmado mais acima, as empresas do setor e seus profissionais já estão com o foco majoritário de desenvolvimento para ele, bem como o Series X e seu concorrente, o PlayStation 5. Neste ponto, o Series S leva uma vantagem bem atrativa: ele é mais barato, saindo a preços de R$ 2.099 em alguns e-commerces brasileiros.

A reclamação feita por Ian McLure, no entanto, é a que soa mais consistente: contratualmente, desenvolvedores que criam jogos para o Xbox Series X têm que criar uma versão para o Xbox Series S. Isso é algo imposto pela Microsoft para que empresas possam atuar junto ao novo console.

Analisando de forma fria, porém, a reclamação é muito mais pelo lado burocrático do que por alguma capacidade técnica – ou a suposta falta dela – do console.

A Microsoft não se manifestou sobre a situação, mas a probabilidade de ela reverter sua própria ordem deve ser bem baixa: segundo o Índice de Economia Digital da Adobe para o ano de 2021, o Xbox Series S foi o aparelho mais vendido do setor na última Black Friday – e o período de aceleração do comércio varejista já se aproxima de uma nova edição neste ano.

via Videogames Chronicle | 2021 Digital Economy Index

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