A quinta geração de banda larga móvel começou a se espalhar pelo mundo todo – inclusive no Brasil. Por aqui, diversas cidades já contam com o 5G, seja ele o chamado “puro” ou DSS (no qual as frequências são compartilhadas do 4G). A questão é que, por enquanto, a instalação dos equipamentos ocorre apenas em locais mais povoados, justamente por conta da alta procura pela tecnologia.

Nas áreas mais remotas, a conexão via satélite continua sendo a melhor opção. No entanto, os satélites não têm conexão direta com aparelhos menores, como smartphones, fazendo com que a implementação de uma antena de recepção seja necessária – como é o caso do kit de recepção da Starlink, o serviço oferecido pela SpaceX.

Mas o caso dos satélites de Elon Musk não exemplifica bem a questão da conexão do Espaço, já que os exemplares tradicionais, chamados geoestacionários, estão em órbita há mais de 50 anos e são fixos, fazendo com que seja fácil fazer com que as antenas estejam diretamente apontadas para eles.

Internet via satélite; SpaceX, Starlink

Imagem: Shutterstock

Mais recentemente, com a evolução das tecnologias, surgiram os satélites Low Earth Orbit (LEO), versões miniaturizadas que operam entre 500 e 2.000 quilômetros acima da superfície da Terra –  os tradicionais operam a 36 mil quilômetros de distância.

O LEO chegou com a proposta de oferecer latência mais baixa e transmissão rápida de dados devido à sua “proximidade”. Porém, em contraponto a isso, a área de cobertura contínua é menor. Por conta disso, é comum que empresas que planejam transmitir sinais usando a tecnologia pensam em uma constelação de satélites.

Uso de satélites LEO para cobertura de conexão

Constelação de satélites

Imagem: Telesat

Antes de falar mais do 5G, é válido citar que uma nova corrida espacial está em andamento; diversas empresas solicitam autorização para órgãos especializados para lançar suas constelações de satélites.

A Amazon é uma delas, já que solicita à Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos EUA a autorização para enviar à órbita baixa 3.236 satélites que compõem seu projeto apelidado de Sistema Kuiper.

Em outro exemplo, a OneWeb – que tem como investidores o Virgin Group, Coca-Cola e Softbank -, lançou 34 satélites e planeja vender serviços de conexão para clientes corporativos e governos. Mas e quando isso chega para o consumidor e como pode ajudar o 5G a se disseminar?

Uso de satélites e 5G

Celular 5G

Imagem: Lekhawattana/shutterstock.com

Ainda não há um prazo para isso, mas a ideia é que a tecnologia dos satélites LEO seja complementada pela infraestrutura 5G e, por isso, ajude a aumentar a cobertura da rede. Além disso, a ideia é que seja possível fornecer uma espécie de “backup” da tecnologia em caso de desastres naturais, como terremotos e furacões.

No entanto, o desafio é como fazer o sinal chegar aos smartphones sem que seja necessário um receptor específico. Felizmente, ao que parece, estamos perto de descobrir a solução para isso.

Internet para todos via satélite?

Evento da T-Mobile e SpaceX

Imagem: T-Mobile/Reprodução

Na noite da última quinta-feira (25), a SpaceX e a T-Mobile, uma das maiores operadoras dos EUA, anunciaram uma parceria bastante ambiciosa, que promete fornecer conexão onipresente a partir do espaço para qualquer pessoa que possua um telefone celular.

A ideia, segundo Elon Musk, é que um período de testes da novidade pode ser lançado antes do fim de 2023. No entanto, para isso acontecer, a empresa ainda deve finalizar o desenvolvimento de sua segunda geração de satélites.

Além disso, a empresa de Musk deve lidar com a concorrência, já que, em abril, a Lynk Global lançou seu primeiro satélite comercial com conexão direta para celulares, que deve passar a oferecer o serviço até o fim deste ano.

Satélite Lynk Global

Imagem: Lynk Global

De qualquer forma, para que a tecnologia seja disseminada, será necessário a implementação de uma antena phased array nos novos satélites da Starlink, isso vai fazer com que os equipamentos, que tem 7 metros de comprimento, tivessem uma antena que se desdobraria até atingir quase 25 metros quadrados.

À medida que o satélite passa por cima da Terra, envia e recebe dados ao longo de um feixe focado que passa pelo planeta.

No entanto, inicialmente, o serviço não daria conta de fornecer internet banda larga de alta velocidade. A ideia é que, por enquanto, a conexão seja de até 4 megabits – apesar de “lento” para os padrões de hoje, pode ser suficiente para chamadas de voz e mensagens de texto.

Celular sendo usado a noite

Reprodução: Rui Silvestre/Unsplash

Para áreas remotas, em que normalmente não se tem conexão, pode ser uma forma de conexão de emergência – em situações no meio de florestas, no meio do mar e outras situações adversas.

Nesses momentos, o celular dos usuários procuraria primeiro uma torre de telefonia comum e, caso não detectasse, o aparelho iria procurar no céu, onde buscaria por um satélite próximo para fornecer conexão.

A ideia da T-Mobile é que a novidade seja oferecida gratuitamente para os assinantes da maioria dos planos da operadora, cobrindo inicialmente os Estados Unidos, Alasca e Havaí, além de grande parte dos oceanos do mundo.

Desafios da tecnologia

Foguete SpaceX Falcon 9

Imagem: SpaceX

Tudo isso é bastante promissor e interessante, mas as empresas devem enfrentar alguns desafios antes da implementação. O principal deles, além da questão regulatória, diz respeito ao desenvolvimento dos satélites.

Os satélites, no caso da SpaceX, também apresentam desafios quanto à estrutura, já que sua carenagem ultrapassa o total de carga útil que o foguete Falcon 9 consegue carregar.

Portanto, não será necessário apenas satélites aprimorados, mas também uma atualização relacionada ao tamanho dos foguetes da SpaceX – questão que a empresa procura resolver no futuro, já que trabalha nessa mudança.

Ao comentar isso, Musk disse que reconhece que “é realmente um desafio técnico bastante difícil. Mas temos isso funcionando no laboratório e estamos confiantes que funcionará em campo. Então, na verdade, há muito hardware extra nos satélites e também muito software”.

Resta saber quando será possível conectar os celulares diretamente com satélites para conexão banda larga em qualquer situação e lugar do mundo. Só então, talvez, tenhamos uma conectividade onipresente, vinda do Espaço.

Via: Nokia/Spectrum/ARSTechnica

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