5G tem decolagem turbulenta nos EUA e preocupa companhias aéreas; entenda
A questão é que as companhias aéreas estão com receio de que o 5G traga interferência para os equipamentos de aviaçãoBy - Luiz Nogueira, 20 janeiro 2022 às 14:06
Os Estados Unidos é um dos países que já contam com cobertura do 5G em alguns locais. Como parte da estratégia de algumas das operadoras, a expansão está ocorrendo de forma gradual. No entanto, a preocupação com os aviões fez com que esse aumento no número de antenas fosse parcialmente adiado.
Na última quarta-feira (19), companhias aéreas internacionais cancelaram voos com destino para os EUA por conta de preocupações com interferência das torres de sinal 5G.
Para resolver a questão, duas das maiores operadoras de telecomunicação do país, a Verizon e a AT&T, concordaram em restringir o lançamento da tecnologia perto dos principais aeroportos. No entanto, isso não parece ter sido suficiente para diminuir a preocupação de algumas autoridades.
O espectro adotado pelas redes de quinta geração no país são de banda C, um conjunto de ondas de rádio que deve fornecer uma cobertura mais ampla e velocidades mais altas. A questão é que a frequência é bastante próxima às usadas pelos instrumentos de aviação mais sensíveis. É daí que surge a preocupação.
Em teoria, caso uma interferência ocorra, os altímetros podem ficar confusos e mostrar altitudes incorretas, bem como atrapalhar a realização de um pouso seguro.
Tanto o Comitê Técnico de Rádio para Aeronáutica quanto a Administração Federal de Aviação (FAA) parecem temer que algo assim possa acontecer. Portanto, ambos investigam a questão e pedem cautela com a tecnologia.
Ao que parece, as antenas foram colocadas em uma posição vertical em vez de levemente inclinadas. Quando estão transmitindo sinal, elas não só comprometem o sistema de altímetro, mas também os controles de voo da aeronave.
Sem evidências de danos por conta do 5G
No entanto, apesar das preocupações, as evidências de que o 5G pode interferir nesses sistemas ainda são incertas e não conseguiram ser provadas. Estudos sobre os riscos foram conduzidos, mas apresentaram resultados conflitantes.
Já o CTIA, um grupo de telecomunicações, afirmou que as redes 5G podem ser usadas com segurança “sem causar interferência aos equipamentos de aviação”.
De qualquer forma, o que os chefes das companhias aéreas querem é que os sinais de quinta geração sejam excluídos de “aproximadamente três quilômetros de pistas de aeroportos, conforme definido pela FAA em 19 de janeiro de 2022”.
Por conta das preocupações, as gigantes das telecomunicações concordaram em adiar a ativação dessas antenas próximas a aeroportos. Segundo Joe Biden, presidente dos EUA, esse adiamento deve comprometer apenas 10% dos locais com 5G do país.
As empresas de telecomunicação não estão satisfeitas
Apesar de concordarem em adiar o lançamento dessas antenas, as empresas não estão satisfeitas com os desdobramentos, já que elas gastaram cerca de US$ 80 bilhões em licenças para operar o espectro.
Em comunicado, um porta-voz da AT&T disse que a companhia está frustrada com o setor de aviação. Segundo ele, a grande questão é que a indústria e a FAA “não usaram os dois anos que tiveram para planejar com responsabilidade essa implantação”.
Agora, resta saber qual será a decisão permanente dos EUA em relação à questão. Outros lugares, como a Europa, implementaram o 5G sem qualquer interferência com as aeronaves – mas isso ocorreu porque a rede opera em um comprimento de onda com menor probabilidade de causar interferência.
Via: The Next Web
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