Documentos vazados da Uber mostram ex-CEO defendendo violência como ferramenta para crescimento
As declarações foram vazadas em mais de 124 mil documentos obtidos sobre decisões do Uber entre 2013 e 2017By - Luiz Nogueira, 11 julho 2022 às 9:36
Uma série de documentos da Uber foram vazados no último fim de semana e mostram algumas conversas privadas de funcionários de alto escalão da empresa. São aproximadamente 124 mil documentos internos que contam com e-mails, mensagens de texto e conversas de WhatsApp entre executivos da empresa.
Os arquivos, coletados de conversas ocorridas entre 2013 e 2017, trazem falas de pessoas como o ex-CEO Travis Kalanick em momentos de controvérsia para a Uber. Além de falar sobre suas estratégias de expansão global, essas conversas também descrevem a quebra de algumas regras para se estabelecer.
Um dos principais pontos citados pela imprensa mundial é a presença do chamado “kill switch”, uma ferramenta interna que a empresa desenvolveu para proteger seus dados.
Durante uma abordagem da polícia no escritório da Uber em Montreal, um e-mail foi enviado por Kalanick solicitando que o botão fosse pressionado.
Com isso, todos os tablets e computadores foram reiniciados ao mesmo tempo, fazendo com que as informações da empresa fossem protegidas. Segundo a Uber, essa estratégia foi adotada para “impedir que autoridades investiguem com sucesso as práticas de negócios da empresa, uma vez que interrompeu a indústria global de táxis”.
Além disso, em outro ponto das conversas, datado de 2016, Kalanick supostamente teria ordenado que funcionários franceses incentivassem os motoristas locais da Uber a protestar contra greves de táxi que estavam em andamento em Paris.
Quando um outro executivo disse que “bandidos de extrema direita” faziam parte do protesto, Kalanick disse que valia a pena mesmo assim e que “a violência garante o sucesso”.
Em nota, Jill Hazelbaker, vice-presidente sênior de marketing e relações públicas da Uber, disse que a empresa não vai “dar desculpas para comportamentos passados que claramente não estão alinhados com nossos valores atuais. Em vez disso, pedimos ao público que nos julgue pelo que fizemos nos últimos cinco anos e pelo que faremos nos próximos anos”.
Por fim, um porta-voz de Travis Kalanick disse que, qualquer sugestão de que o ex-executivo “dirigiu, se envolveu ou esteve envolvido” em “conduta ilegal ou imprópria” é “completamente falsa”.
“A realidade é que as iniciativas de expansão da Uber foram lideradas por mais de uma centena de líderes em dezenas de países ao redor do mundo e em todos os momentos sob supervisão direta e com total aprovação dos robustos grupos jurídicos, políticos e de conformidade da Uber”, finaliza.
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