Nada de novo sob o Sol: uma nova semana chega e traz com ela novas polêmicas de Elon Musk e sua gestão do Twitter. Mesmo que complicações fossem observadas já na fase de negociação da aquisição da rede, o bilionário parece não se desvencilhar de atitudes, no mínimo, contestáveis.

A lista de polêmicas já era extensa até então: demissões em massa, planos para um Twitter 2.0, um tal Projeto X, cobrança para o selo de verificado, possibilidade de colocar toda a rede atrás de um paywall e até um alerta para risco de falência da plataforma.

Mas nos últimos dias, três ocorrências voltaram a repercutir nas redes sociais: mais desligamentos de funcionários, reintegração de contas permanentemente banidas e ameaças relacionadas a direitos autorais.

Equipe do Twitter cada vez mais enxuta

Na semana passada, já havia sido informado que centenas de funcionários (número agora estimado em 1.200 colaboradores) se despediram do Twitter após um ultimato de Elon Musk. Quem concordasse com uma jornada de “longas horas” e “alta intensidade” seria mantido. Quem não, podia dar o adeus.

Já era algo preocupante tendo em vista que a rede, antes composta por uma equipe de 7.500 membros, passou a totalizar apenas cerca de 2.550 funcionários. O problema é que segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, o bilionário está demitindo ainda mais colaboradores para equilibrar cada equipe.

Imagem mostra logotipo do Twitter sob um painel de vidro trincado

Imagem: reprodução/Getty Images

Não está claro quantas pessoas perderam emprego neste novo passaralho, mas a lista inclui nomes como Robin Wheeler (chefe de vendas de anúncios da empresa), Maggie McLean Suniewick (vice-presidente de parcerias do Twitter) e Sarah Rosen (chefe de parcerias de conteúdo dos EUA do Twitter).

Diante da situação, há um grande temor de que, sem mão de obra suficiente nas equipes, o Twitter possa realmente quebrar. Se isso vai acontecer? Ninguém sabe. Mas as consequências dessas demissões já estão sendo vistas.

Menos funcionários, menos fiscalização

Um bom exemplo disso tem a ver com o monitoramento de conteúdos protegidos por direitos autorais. Desde que as demissões vieram à tona, diversos perfis no Twitter começaram a enviar filmes completos — divididos em pequenas reproduções de dois minutos — na plataforma.

Filmes como Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio, Hackers e até jogos da Copa do Mundo passaram a figurar na rede de maneira ilegal. Para piorar a situação, foi observada uma demora para restringir os conteúdos que, aparentemente, tiveram de ser removidos manualmente.

Imagem Twitter

Imagem: reprodução/Forbes

O fato significa uma grande ameaça mas não é surpreendente: se seguirmos a linha lógica das coisas, menos funcionários resultam em menos pessoas monitorando os conteúdos da rede. Consequentemente, mais conteúdos ilegais na plataforma podem render mais reivindicações DMCA de direitos autorais.

O exemplo é relacionado a mídias protegidas por direitos autorais, mas é possível relacionar o risco a diversos outros conteúdos que, em teoria, deveriam ser controlados por Musk e companhia. De conteúdos adultos explícitos a assédios. De contas fakes/hackeadas a discursos de ódio.

Por falar em discursos de ódio…

Reintegração de contas banidas gera debate

Antes mesmo de efetivamente adquirir o Twitter, Elon Musk já havia sinalizado que reintegraria contas banidas após definir um método para todo o processo. No caso, isso viria com a criação de um conselho com “pontos de vista amplamente diversos” para julgar caso a caso.

Acontece que o conselho ainda não foi criado e, mesmo assim, Elon Musk reativou a conta permanentemente banida do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Vale lembrar que a antiga gestão da rede havia suspendido a conta de Trump por riscos de incitação à violência — como a participação no trágico caso da invasão ao Capitólio.

O curioso foi o método usado para esse movimento. Decisão de acionistas e conselheiros? Que nada! O veredito foi definido após uma enquete de Musk em seu próprio perfil.

Mas Trump não foi o único perfil reativado. Figuras como Kathy Griffin (banida após se passar por Musk), além de Jordan Peterson e Babylon Bee (suspensos por violar as políticas de discurso odioso) também foram reativadas.

Naturalmente, líderes de direitos civis não gostaram nada do movimento. Aliás, Derrick Johnson, presidente da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP) ironizou duramente a reintegração de Donald Trump à plataforma.

“Na Twittersfera de Elon Musk, você pode incitar uma insurreição no Capitólio dos EUA, que levou à morte de várias pessoas, e ainda pode vomitar discurso de ódio e conspirações violentas em sua plataforma”, afirmou Johnson.

Donald Trump

Imagem: Geralt/Pixabay

Já Jessica J. González, coCEO da Free Press, revelou que Musk voltou atrás de todas as promessas feitas a líderes e anunciantes de direitos civis há menos de três semanas.

“Musk mudou de ideia ou mentiu para líderes e anunciantes dos direitos civis. De qualquer forma, Musk provou que não é um homem de palavra”, criticou.

Futuro incerto (e turbulento)

Difícil saber para qual rumo o Twitter está trilhando e se Elon Musk esperava toda essa reação negativa por parte dos usuários. Fato é que o período inicial da gestão do bilionário frente à rede está muito aquém do esperado, recheado de picuinhas, polêmicas e desvalorização da marca.

A falência do Twitter, embora alertada, pode não vir a se concretizar, é verdade. Isso é: não no papel, já que se as coisas continuarem nesse caminho de polêmicas e medidas contestadas, o êxodo de usuários e anunciantes deixará a plataforma vazia como o metaverso.

Via: The Verge, Forbes, Variety e CNBC

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