Vídeo de adolescente no TikTok arruina milhares de estudos científicos
Vídeo com mais de 4 milhões de visualizações no TikTok conseguiu interromper quase 5.000 pesquisas comportamentais em andamento nos Estados UnidosBy - Cesar Schaeffer, 24 setembro 2021 às 12:20
Certamente, a adolescente Sarah Frank, recém-formada em um colégio na Flórida, não tinha a mínima ideia do que estava prestes a fazer quando sentou em frente à câmera para gravar mais um vídeo para o TikTok. Com mais de quatro milhões de visualizações, o inocente vídeo de apenas 56 segundos na rede social arruinou milhares de estudos científicos.
Não, essa não era a ideia. Na gravação, Sarah aparece animada e promete aos seus seguidores revelar uma forma fácil de ganhar dinheiro na internet sem muito esforço. Antes de mostrar o segredo, ela conta que faz, em média, 15 dólares por dia.
O poder do TikTok
Em seguida – o que virou um pesadelo para milhares de cientistas: Sarah vira a câmera para a tela do computador e mostra o site Prolific; segundo a tiktoker, “um monte de pesquisas [para serem respondidas] por diferentes quantias de dinheiro”.
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Pronto, foi o suficiente para destruir uma infinidade de estudos científicos em andamento. Além das mais de quatro milhões de visualizações, o vídeo da Sarah já tem mais de 750 mil curtidas, 1.700 comentários e foi compartilhado mais de 20 mil vezes. “Vá responder pesquisas e fazer algum dinheiro”. Assim ela encerra a gravação publicada no TikTok no dia 23 de julho.
Entenda o estrago
Se você ainda não entendeu o estrago que a Sarah fez “sem querer”, a gente explica. A Prolific é um plataforma online usada para conduzir pesquisas comportamentais, mas o site não tem uma forma de triagem para garantir quem responde cada estudo. E, de repente, do nada, os cientistas viram suas pesquisas inundadas com respostas de jovens mulheres – assim como a Sarah.
Até aí, não seria um problema, afinal, são pessoas respondendo pesquisas. A questão é que esses estudos só são válidos quando conseguem amostras representativas de uma população – neste caso, a dos Estados Unidos. E as milhares de adolescentes que seguiram a “dica” da Sarah para fazer uma grana fácil na internet, para desespero dos cientistas, não representam a população dos EUA.
Depois que a Sarah publicou o vídeo, muitos estudos chegaram a dobrar o número de participantes, porém, mais de 75% eram mulheres e a idade média delas, em torno de 21 anos.
A Sarah já pediu desculpas. Ela disse que acredita que a própria Prolific fosse capaz de criar um sistema para lidar com essas mudanças demográficas nas respostas. Infelizmente não tinha; resultado: alguns adolescentes com um dinheiro a mais no bolso e cerca de 4.600 estudos interrompidos – um terço das pesquisas disponíveis na plataforma.
A Prolific reembolsou aqueles pesquisadores cujos estudos foram significativamente afetados pelo aumento no número de mulheres entrevistadas e introduziu novas ferramentas de triagem demográfica – graças à Sarah e seu inocente vídeo no TikTok.
Fonte: The Verge
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