Incrível e ao mesmo tempo assustador. O primeiro supercomputador do mundo capaz de processar na mesma escala do cérebro humano vai entrar em operação em abril de 2024. Isso é muito! E, no futuro, poderia servir para criar um cérebro artificial mais poderoso do que o nosso.

O cérebro humano é capaz de processar perto de um exaflop, o equivalente a um quintilhão de operações matemáticas, por segundo, usando apenas 20 watts de potência. E é assim, imitando processos biológicos, que irá funcionar o primeiro supercomputador do mundo capaz de simular redes nesta escala.

supercomputador em escala cerebral humana

Imagem: metamorworks / Shutterstock.com

DeepSouth, o supercomputador australiano

A supermáquina está sendo desenvolvida pela Western Sydney University, na Austrália. Quando estiver online, a partir de abril do ano que vem, o supercomputador será capaz de realizar 228 trilhões de operações sinápticas por segundo, o que se equipara à taxa estimada de operações no cérebro humano.

Segundo o professor André van Schaik, diretor do Centro Internacional de Sistemas Neuromórficos (ICNS) da Western Sydney University, o DeepSouth se destaca entre outros supercomputadores porque foi desenvolvido especificamente para operar como redes de neurônios, exigindo menos energia e permitindo maior eficiência. Isso contrasta com os supercomputadores otimizados para cargas de computação mais tradicionais, que consomem muita energia.

“Simular picos de redes neurais em computadores padrão usando unidades de processamento gráfico (GPUs) e unidades centrais de processamento (CPUs) multicore é muito lento e consome muita energia. Nosso sistema vai mudar isso”, explicou van Schaik.

Supercomputador

Imagem: Shutterstock

A esperança dos pesquisadores australianos é compreender melhor como nosso cérebro é capaz de processar tamanha quantidade de informação usando tão pouca energia. Se essa equação for finalmente resolvida, algum dia será possível criar um cérebro ciborgue incrivelmente poderoso. Mais do que isso, o feito também vai ajudar a entender melhor como funciona nossa massa cinzenta… 

“Esta plataforma irá progredir na nossa compreensão do cérebro e desenvolver aplicações de computação à escala cerebral em diversos campos, incluindo aplicações de detecção, biomédica, robótica, espacial e IA em grande escala”.

Mas pra quê tanto poder computacional?

Em entrevista à revista New Scientist, o professor Ralph Etienne-Cummings, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, que não está envolvido no trabalho, disse que o DeepSouth será uma virada de jogo para o estudo da neurociência. “Se você está tentando entender o cérebro, este será o hardware para fazer isso”, afirmou.

Etienne-Cummings disse que haverá dois tipos de pesquisadores interessados na tecnologia – aqueles que estudam neurociências e aqueles que desejam prototipar novas soluções de engenharia no espaço da inteligência artificial.

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