Ao menos um acionista está bem descontente com a Meta dedicar tanto dinheiro e pessoal para pesquisas e desenvolvimento no metaverso: em uma carta aberta, Brad Gerstner, CEO e chairman do grupo Altimeter Capital, pediu que a empresa parasse com os esforços atuais e, a fim de “recuperar seu mojo”, demitisse parte de seu pessoal pois acha que ela tem “gente demais”.

Especificamente, o CEO do grupo de investimentos recomenda um corte de 20% do pessoal, efetivamente reduzindo o volume de pessoas que trabalham no Horizon Metaverse, o ambiente virtual que a empresa liderada por Mark Zuckerberg vem desenvolvendo. Ah, e ele também recomenda um corte financeiro, limitando o orçamento de pesquisas com o metaverso em, no máximo, US$ 5 bilhões (R$ 26,54 bilhões) por ano.

Meta Connect

O metaverso parece ser o foco principal da Meta, o que vem atraindo a insatisfação de investidores (Imagem: Meta/Reprodução)

Segundo Gerstner, isso ajudaria a Meta a recuperar a confiança dos investidores da empresa, que vêm – ainda de acordo com ele – se esvaindo conforme a companhia vem despendendo muito dinheiro, mas até agora sem mostrar muito resultado. Vale lembrar que a Meta revelou mais detalhes sobre o Horizon em evento virtual recente – aquele do “nossos avatares têm pernas” (que na verdade, acabou sendo meio fake…)

A carta aberta foi publicada no Medium, e não poupa críticas à dona do Facebook e Instagram:

“Querido Mark,

Como você sabe, nós somos acionistas há muito tempo. Apesar do cinismo público — por vezes, merecido — nós temos apoiado a estratégia da empresa de continuamente reinvestir em um futuro liderado por produtos, bem como a sua missão de tornar o mundo mais aberto e conectado. Mais além, eu mesmo sou um ávido apoiador de empresas lideradas por seus fundadores, especialmente quando estes têm um legado positivo de enxergar o futuro.

Então, é com uma boa dose de hesitação, mas também com forte convicção, que compartilho esta carta aberta, fortemente encorajando a Meta a repensar e redirecionar o seu foco no caminho à frente. Assim como muitas outras empresas em um mundo de ‘taxa zero’, a Meta acabou entrando em um reino de excessos — tem gente demais, ideias demais, mas pouca urgência. Essa falta de foco é obscurecida quando o crescimento vem fácil, mas também é mortal quando este crescimento desacelera e a tecnologia muda.”

Depois de tecer críticas ao metaverso e até ao rebranding da empresa – quando esta se chamava apenas “Facebook Inc.” em 2021 -, Gerstner começou a exibir números que justificariam sua preocupação: segundo ele, o valor das ações da Meta caiu 55% nos últimos 18 meses, e os vencimentos “preço-por-lucro” (P-E ratio) da empresa desceram de 23 vezes para 12 vezes – menos da metade que as companhias concorrentes. O líder da Altimeter afirma que, no caso da Meta – uma empresa que cresce praticamente sozinha – isso não é um problema tão imediato, mas pode ser a porta de entrada para uma derrocada no futuro.

A partir daí, o executivo conclui com um plano de três passos para que a empresa recupere o ritmo de outrora: dois deles já foram mencionados acima, e o terceiro é reduzir gastos orçamentários (CapEx), baixando os atuais US$ 30 bilhões (R$ 159,04 bilhões) para US$ 25 bilhões ao ano (R$ 132,53 bilhões).

A demissão é uma saída para a Meta?

Embora a ideia de reduzir o escopo do metaverso possa fazer sentido para alguns (convenhamos, alguns não gostaram nem um pouco da apresentação mais recente sobre o tema e até Tim Cook, CEO da Apple, acha que a empresa está exagerando), é na sugestão de demissão de 20% do capital humano que a carta aberta atinge um ponto espinhoso.

“Hoje, o custo de capital mudou radicalmente, assim como a taxa de crescimento da Meta. É um segredo porcamente escondido que, no Vale do Silício, empresas como Google, Meta, Twitter ou Uber poderiam obter níveis similares de faturamento com bem menos gente. Eu ainda arrisco dizer mais, argumentando que essas empresas incríveis até funcionariam melhor e de forma mais eficiente sem as camadas e letargia que vêm com esse volume extremo de expansão de pessoal.

Desta forma, nós encorajamos que a Meta trabalhe de forma mais agressiva, cortando pelo menos 20% dos custos trabalhistas até 1º de janeiro de 2023. Por que 20%? Para darmos contexto, precisa-se apenas que a empresa volte aos níveis de gasto de 2021 — e não acho que ninguém iria afirmar que a Meta não era suficientemente equipada com bons profissionais em 2021, para que ela atacasse um negócio muito similar ao que ela é hoje.”

A fim de justificar isso, Gerstner disse que reconhece que a demissão de pessoas não é um assunto fácil e que entende que está falando de gente com famílias, mas que qualquer uma delas é suficientemente talentosa para “encontrar recolocação em uma startup do Vale”.

A Meta não respondeu à carta – ao menos, não de forma pública.

via CNBC | Medium

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