Huawei, ZTE e outras 8 empresas chinesas e russas são banidas do comércio norte-americano
Decisão de órgão regulatório impede que companhias americanas comprem equipamentos de telecomunicações da Huawei e outras empresasBy - Rafael Arbulu, 29 novembro 2022 às 16:52
Uma decisão da Comissão de Comunicações Federais (FCC) dos Estados Unidos ampliou o banimento de empresas chinesas e russas do mercado de telecomunicações norte-americano: agora, além de Huawei e ZTE, outras oito empresas estão proibidas de vender produtos deste setor – bem como empresas americanas estão proibidas de requisita-los.
A FCC colocou o assunto em votação na última sexta-feira (25), obtendo uma decisão unânime favorável ao banimento: foram quatro votos a zero em favor da proibição, sob alegação de que a presença de tais empresas no mercado estadunidense configura uma “ameaça à segurança nacional.”
Além de Huawei e ZTE, também foram barradas:
- Hytera
- Hikvision
- Dahua
- Kaspersky Lab
- China Mobile
- China Telecom
- Pacific Network/ComNet
- China Unicom
A maior parte das banidas corresponde a operadoras de telefonia, mas há algumas companhias que atuam no setor de vigilância e segurança digital – de todas, talvez a maior surpresa seja a Kaspersky: a conhecida empresa de softwares de proteção e defesas contra ataques hacker pela internet é a única russa dos nomes citados acima.
É importante ressaltar que, embora o banimento proíba novas compras, ele não torna obrigatória a remoção ou devolução de materiais adquiridos previamente à votação.
De acordo com porta-vozes da Hikvision, a decisão é errada e ilegal, e não apenas não vai proteger os interesses de segurança nacional dos EUA, como também tornará o comércio de pequenas e médias empresas americanas, escolas, autoridades locais e até empreendedores individuais mais complicado e mais caro.
Huawei, Hytera, Dahua e ZTE não quiseram comentar o caso neste momento, mas vêm há meses brigando na Justiça contra o banimento, inclusive protestando publicamente contra a decisão nas redes sociais.
A situação com a Kaspersky, especificamente, vem se formando desde setembro: naquele mês, a FCC já havia formalizado a intenção de um banimento, indeferindo a decisão de impedir o uso de softwares da empresa russa por parte do Departamento de Defesa, da Administração Nacional de Aeronáutica e do Espaço (NASA) e da Administração de Serviços Gerais.
A premissa afirma o medo de que o governo russo utilizasse programas da Kaspersky para acessar sistemas norte-americanos, uma acusação levantada em 2017 pelo próprio Wall Street Journal, que publicou uma reportagem, na época, mostrando como a gestão de Vladimir Putin havia feito justamente isso em outros países.
Todo o caso promete jogar “água fria” nas conversas recentes entre os presidentes norte-americano (Joe Biden) e chinês (Xi Jinping). Ambos tiveram encontros amistosos na primeira quinzena de novembro, onde ambos discutiram formas de “prender o descontrole” das relações entre China e EUA, bem como encontrar formas de cooperação em áreas comuns – o aquecimento global, por exemplo.
Entretanto, membros do governo chinês afirmam que o ônus dessa restauração de relações é de responsabilidade dos EUA, que devem respeitar os interesses comerciais chineses se desejar de fato a retomada das conversas internacionais mais positivas.
A FCC não comentou o caso além da divulgação de sua decisão.
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