Activision Blizzard e Microsoft: compra recebe apoio de desenvolvedores de games da UE
A compra, se aprovada de forma unânime por organizações globais de concorrência de mercado, deve ocorrer apenas no final deste anoBy - Tissiane Vicentin, 20 janeiro 2023 às 19:46
Em meio a discussões e definições para aprovação (ou não) da compra da Activision Blizzard pela Microsoft, a gigante de Redmond ganhou mais um voto a favor da causa: a European Games Developer Federation (EGDF), organização que representa desenvolvedores de jogos europeus dentro da União Europeia (UE), liberou uma nota oficial em apoio à aquisição.
A EGDF é uma federação comercial que representa estúdios de desenvolvimento de jogos em 21 países da Europa. A lista inclui desenvolvedores na Alemanha, França, Itália, Portugal, Reino Unido, Romênia e Sérvia.
Ponto para a Microsoft: quais os argumentos da EGFD em prol da aquisição da Activision Blizzard
No comunicado, a EGDF ressalta que entende e aplaude as investigações que estão sendo realizadas pela UE em termos regulatórios, reconhecendo que a Microsoft tem o potencial de atuar de forma anticompetitiva no mercado devido ao seu porte e também histórico de compras passadas.
Apesar disso, a organização acredita que os potenciais impactos positivos da compra “superam as limitadas preocupações de competição específicas do mercado de consoles e assinaturas”. Para a EGDF, a Sony é líder clara no mercados de console de jogos, com o Playstation, e isso ainda irá representar um desafio para a Microsoft – mesmo após a aquisição, que é justamente o argumento usado pela MS.
Do ponto de vista da federação, a Comissão Europeia deve avaliar também a compra sob a perspectiva de que a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft irá abrir um caminho para “desafiar a Apple e o Google como lojas de aplicativos dominantes no mercado de jogos para dispositivos móveis”.
A organização salienta que a Big Tech “foi uma das primeiras a anunciar que irá explorar todas as possibilidades de mercado para aumentar a concorrência do recém-aprovado Digital Markets Act (DMA), lançando lojas de aplicativos próprias e independentes nas plataformas da Apple e do Google”.
Isso, consequentemente, torna a MS uma aliada que abrirá caminhos em apoio ao trabalho de pequenos estúdios da indústria de jogos europeia, os quais “não possuem recursos financeiros suficientes para a próxima luta legal em defesa de novos direitos contra a Apple e o Google”.
No quesito “mercado emergente de jogos em nuvem e serviços de assinatura”, a EGDF acredita que a aquisição é necessária e “crucial” para desafiar a posição de dominância da Apple, especialmente porque a Google – que seria forte e principal concorrente nesse contexto – encerrou o Stadia recentemente e em definitivo.
O que a organização também definiu como “crucial” é a concorrência que a Microsoft deve criar contra a Tencent, um player considerado líder e perigoso para estúdios e publicadoras de jogos no mundo inteiro, visto que o legado da chinesa tem aumentado consideravelmente na indústria dos games.
Lembrando que a companhia chinesa é atualmente a maior desenvolvedora e editora de jogos do mundo, tendo sob o seu guarda-chuva marcas como a Riot Games, de League of Legends; Supercell, de Clash of Clans; Turtle Rock Studios (de Left 4 Dead e Back 4 Blood).
Isso sem mencionar investimentos em outras empresas importantes do mercado como Epic Games, a sul-coreana CJ Games, a Frontier Developments (de Rollercoaster Tycoon) e outros.
“Ter uma forte força contrária à influência da Tencent nos mercados de jogos é crucial”, afirmou a EGDF, no comunicado.
Apesar de países como Brasil e Chile já terem dado sinal verde para a compra, alguns locais ainda estão estudando prós e contras da negociação. A FTC, nos Estados Unidos, deve ouvir a Microsoft somente em algum momento próximo de agosto. Ou seja, a compra – se for selada – deve ocorrer apenas no final do ano.
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