Cientistas do Instituto de Tecnologia de Nagoya, no Japão, descobriram uma nova (e pra lá de inusitada) forma de criar LEDs sustentáveis: colocando peixes mortos no microondas – simples assim. Apesar de relatar o cheiro quase insuportável, o fato é que quando as escamas são aquecidas a temperaturas de até 800ºC elas sofrem uma decomposição que, segundo os próprios pesquisadores, “cria de forma rápida e eficiente uma nanoforma de carbono” – os CNOs.

Se trata de uma forma multicamadas do carbono – como uma cebola – que tem uma variedade de aplicações potenciais. Mas é uma variação bem difícil de ser produzida.

Cientistas criam LEDs sustentáveis colocando peixes mortos no microondas; entenda

Imagem: Shutterstock

“Alguns [métodos] exigem condições de síntese severas, como altas temperaturas ou vácuo, enquanto outros exigem muito tempo e energia. Algumas técnicas podem contornar essas limitações, mas exigem catalisadores complexos, fontes de carbono caras ou ácidos perigosos”, explicam os cientistas envolvidos na descoberta.

Essa nanoforma do carbono (CNO), além de ter uma grande área de superfície, apresenta alta condutividade térmica e elétrica, o que resulta em um “altíssimo” brilho “. Segundo Takashi Shirai, professor de química do Instituto de Ciências da Vida de Nagoya, esse formato do carbono produzido pela escama do peixe emitiu luz com um rendimento quântico de 40% – uma medida de fótons emitidos para fótons absorvidos.

A luz dos peixes mortos no microondas

Tão curioso quanto a descoberta é que os pesquisadores japoneses ainda não sabem dizer ao certo por que o novo método funcionou.

Eles acreditam que tem a ver com o colágeno presente nas escamas absorvendo rapidamente a energia de micro-ondas, permitindo que as escamas se decomponham termicamente e, consequentemente, emitam gases que suportam a montagem da nanoforma do carbono.

Cientistas criam LEDs sustentáveis colocando peixes mortos no microondas; entenda

Imagem: reprodução

“O que é notável sobre essa abordagem é que ela não precisa de catalisadores complexos, nem condições adversas, nem tempos de espera prolongados; as escamas de peixe podem ser convertidas em CNOs em menos de 10 segundos”, completa Takashi.

Os CNOs criados colocando os peixes mortos no forno microondas têm propriedades que os tornam particularmente adequados para uso em diversas aplicações. Mais do que isso, a equipe japonesa diz que o nanoformato do carbono também é altamente cristalino.

Os pesquisadores demonstraram o uso desses CNOs derivados de peixes em filmes finos emissores de luz azul.

“As propriedades ópticas estáveis ​​podem nos permitir fabricar filmes flexíveis emissores [de luz] de grande área e dispositivos de LED … [e] abrirão novos caminhos para o desenvolvimento de telas de próxima geração e iluminação de estado sólido”.

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