Brasileiros responsabilizam mais IA por resultados injustos em processos seletivos, aponta estudo
No entanto, quando se trata de vieses salariais, parte dos participantes da pesquisa tenderam a amenizar o erro: “não intencional”By - Liliane Nakagawa, 21 abril 2023 às 14:09
Uma pesquisa realizada sobre “Como percebemos e julgamos a IA” apontou que brasileiros têm menos tolerância aos erros cometidos por inteligência artificial, embora tendem a amenizá-los em certos assuntos.
No total, 1 700 pessoas com idades entre 18 e 77 anos participaram da pesquisa, respondendo perguntas sobre cenários hipotéticos – ação policial, aumento salarial, seleção profissional e distribuição de recursos financeiros em um município – envolvendo uso de inteligência artificial e um ser humano.
IA e vieses salariais
De acordo com o estudo, os brasileiros atribuíram à IA maior responsabilização pela ocorrência de resultados injustos no tópico “processos seletivos e a possibilidade de um aumento salarial”, atribuindo maior intencionalidade e imoralidade no aumento salarial proporcionalmente menor para mulheres.
O que dividiu os participantes: enquanto uma taxa maior de participantes mulheres responsabilizaram a inteligência artificial quando se trata de vieses salariais, os homens tenderam a amenizar o erro, tratando-o como “não intencional”.
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“As mulheres, historicamente, vêm se dando mal nessa área, vide o que o mercado inteiro fala sobre uso de IAs pouco sofisticadas para filtrar currículos e produzindo mais recomendações masculinas do que femininas”, explica Álvaro Machado Dias, sócio do Instituto Locomotiva, neurocientista e futurista.
Já em relação ao mesmo tópico, agora com humanos, a avaliação foi mais positiva, visto que os participantes enxergaram um tratamento mais justo.
Entretanto, para os participantes da pesquisa que se consideravam extremamente ricos, esses foram os únicos a penalizaram igualmente IA e ser humano pelos fracassos cometidos, com intolerância menor aos erros humanos.
“Seria precipitado dizer que esses vieses são intrinsecamente negativos ou positivos. Eles provavelmente refletem um histórico de más experiências com a tecnologia, que tanto pode ceifar a abertura ao novo, quanto servir de anteparo a riscos que sequer antevemos. De uma forma ou de outra, fato é que o brasileiro anda desconfiado”, explica Dias.
Quando o assunto envolve cibersegurança, o Brasil é um dos 15 dos 17 analisados na pesquisa Trust in Artificial Intelligence: Global Insights 2023, realizada pela KPMG, a colocar a inteligência artificial como principal preocupação.
No entanto, 71% dos brasileiros acreditam que os benefícios da inteligência artificial superam os riscos, ficando atrás somente da China (81%), quando o assunto é a produção de sistemas precisos, e produção e prestação de serviços úteis, segundo a pesquisa da consultoria.
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