Em teste, foguete da China vai lançar carga de impacto contra asteroide 2019 VL5
Lançamento da missão será em 2025, onde um foguete Long March 3B, do programa espacial da China, levará também uma nave de observaçãoBy - Rafael Arbulu, 13 abril 2023 às 11:32
A China confirmou que vai promover um teste de observação e impacto do asteroide 2019 VL5, com previsão de lançamento até 2025. Segundo as informações divulgadas pela agência espacial do país (CNSA), a missão tem um objetivo duplo: observar o asteroide antes e depois do choque.
O plano envolve lançar um foguete Long March 3B contra o asteroide, levando consigo duas cargas: a primeira é uma nave de observação e a segunda, uma carga de impacto. Após a saída da atmosfera da Terra, ambas serão liberadas pelo foguete, mas seguirão trajetórias diferentes – a nave chegará antes ao objeto, a fim de analisar a sua topografia e conteúdo de formação.
A segunda é que será a coisa “digna de cinema”: a carga de impacto seguirá uma trajetória direta de impacto contra o 2019 VL5. A expectativa da agência da China é a de que o choque desvie o asteroide de sua trajetória original em uma ou duas polegadas (2 a 5 centímetros). Tal medida, se confirmada, fará com que a rota completa do asteroide aumente a sua distância da Terra em até mil quilômetros (km).
O teste é mais um relacionado ao tema de defesa planetária da Terra, um tema que tem tomado bastante prioridade nos estudos da astronomia nos últimos anos. O 2019 VL5 é um asteroide de pequeno porte – ele tem aproximadamente 33 metros de diâmetro e completa uma volta ao redor do Sol mais ou menos no mesmo tempo em que a Terra completa um ano de ciclo (365 dias). Para fins de contexto, imagine um ônibus escolar dando uma volta no quarteirão – só que seu quarteirão tem milhões e milhões de km de percurso.
O interessante, porém, é o detalhe de sua trajetória irregular: a cada ano, ele reduz ou aumenta mais e mais a sua distância da Terra – em 2021, ele passou por nós em sua abordagem mais próxima a 3.252.512 km. Em 2022, esse número caiu para 3.247.182 km. Entretanto, entre 2023 e 2026, esse número deve aumentar entre 500 mil km e um milhão de km.
O 2019 VL5 é um dos asteroides classificados como “NEO” (sigla em inglês para “objeto próximo à Terra”), mas ao contrário de diversos outros, ele não foi considerado potencialmente danoso à nossa casa no espaço – simulações computadorizadas não identificaram nenhum risco próximo de impacto com o planeta. Por essa razão, sua natureza “indiferente” o torna um candidato perfeito para um teste do tipo.
Não é a primeira vez que um experimento dessa natureza é conduzido: em setembro de 2022, a NASA jogou uma carga de impacto contra o asteroide binário (duas pedras girando no mesmo centro de gravidade) Dimorphos, efetivamente destruindo a pedra menor e desviando a trajetória da maior. Na época, a missão – chamada “DART” (sigla em inglês para “Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo”) – foi considerada um sucesso. Aliás, uma curiosidade boba: se você procurar por “DART Mission”, no Google, um satélite passará pela página de resultados, deslocando-a levemente para o lado.
Voltando: no exemplo da China, o proverbial “socão no queixo” do asteroide sugere até mesmo implicações geopolíticas: nos anos mais recentes, o programa espacial da China vem competindo com o dos Estados Unidos em praticamente todas as frentes – não bastasse as similaridades entre o teste da nação asiática e a missão DART, a China também está viabilizando uma presença humana sustentável no espaço por meio da estação espacial Tiangong – tal qual os EUA (junto de Rússia e outros países) já o fazem com a ISS (Estação Espacial Internacional).
Com isso, a China se estabelece como mais uma potência a abraçar o espaço como programa de expansão.
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