A China confirmou que vai promover um teste de observação e impacto do asteroide 2019 VL5, com previsão de lançamento até 2025. Segundo as informações divulgadas pela agência espacial do país (CNSA), a missão tem um objetivo duplo: observar o asteroide antes e depois do choque.

O plano envolve lançar um foguete Long March 3B contra o asteroide, levando consigo duas cargas: a primeira é uma nave de observação e a segunda, uma carga de impacto. Após a saída da atmosfera da Terra, ambas serão liberadas pelo foguete, mas seguirão trajetórias diferentes – a nave chegará antes ao objeto, a fim de analisar a sua topografia e  conteúdo de formação.

Gráfico mostra as trajetórias da Terra e do asteroide 2019 VL5, que será alvo de teste de impacto na China

Imagem: Space Reference/Reprodução

A segunda é que será a coisa “digna de cinema”: a carga de impacto seguirá uma trajetória direta de impacto contra o 2019 VL5. A expectativa da agência da China é a de que o choque desvie o asteroide de sua trajetória original em uma ou duas polegadas (2 a 5 centímetros). Tal medida, se confirmada, fará com que a rota completa do asteroide aumente a sua distância da Terra em até mil quilômetros (km).

O teste é mais um relacionado ao tema de defesa planetária da Terra, um tema que tem tomado bastante prioridade nos estudos da astronomia nos últimos anos. O 2019 VL5 é um asteroide de pequeno porte – ele tem aproximadamente 33 metros de diâmetro e completa uma volta ao redor do Sol mais ou menos no mesmo tempo em que a Terra completa um ano de ciclo (365 dias). Para fins de contexto, imagine um ônibus escolar dando uma volta no quarteirão – só que seu quarteirão tem milhões e milhões de km de percurso.

O interessante, porém, é o detalhe de sua trajetória irregular: a cada ano, ele reduz ou aumenta mais e mais a sua distância da Terra – em 2021, ele passou por nós em sua abordagem mais próxima a 3.252.512 km. Em 2022, esse número caiu para 3.247.182 km. Entretanto, entre 2023 e 2026, esse número deve aumentar entre 500 mil km e um milhão de km.

O 2019 VL5 é um dos asteroides classificados como “NEO” (sigla em inglês para “objeto próximo à Terra”), mas ao contrário de diversos outros, ele não foi considerado potencialmente danoso à nossa casa no espaço – simulações computadorizadas não identificaram nenhum risco próximo de impacto com o planeta. Por essa razão, sua natureza “indiferente” o torna um candidato perfeito para um teste do tipo.

Não é a primeira vez que um experimento dessa natureza é conduzido: em setembro de 2022, a NASA jogou uma carga de impacto contra o asteroide binário (duas pedras girando no mesmo centro de gravidade) Dimorphos, efetivamente destruindo a pedra menor e desviando a trajetória da maior. Na época, a missão – chamada “DART” (sigla em inglês para “Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo”) – foi considerada um sucesso. Aliás, uma curiosidade boba: se você procurar por “DART Mission”, no Google, um satélite passará pela página de resultados, deslocando-a levemente para o lado.

Voltando: no exemplo da China, o proverbial “socão no queixo” do asteroide sugere até mesmo implicações geopolíticas: nos anos mais recentes, o programa espacial da China vem competindo com o dos Estados Unidos em praticamente todas as frentes – não bastasse as similaridades entre o teste da nação asiática e a missão DART, a China também está viabilizando uma presença humana sustentável no espaço por meio da estação espacial Tiangong – tal qual os EUA (junto de Rússia e outros países) já o fazem com a ISS (Estação Espacial Internacional).

Com isso, a China se estabelece como mais uma potência a abraçar o espaço como programa de expansão.

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