Pelo X (ex-Twitter), a Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica (NASA) confirmou algo que realmente se pensava ser evidente: a humanidade nunca vai visitar Júpiter.

A postagem na rede social veio durante um pedido da própria NASA, na qual a agência espacial estadunidense pede que internautas interessados enviem seus nomes para a sonda Europa Clipper, que será lançada em missão especial ao planeta gigante gasoso em 2024 para fins de observação e análise.

“Visitar Júpiter está na sua lista de afazeres? Vamos encarar os fatos: isso não vai acontecer. Mas temos a segunda melhor coisa para você! Envie o seu nome para ser inscrito na Europa Clipper, quando a intrépida espaçonave ser lançada para estudar a lua congelada de Júpiter em 2024.” – NASA

A sonda Europa Clipper terá uma missão bastante importante: essencialmente, a NASA posicionará a nave na órbita de Júpiter para estudar Europa, uma das mais de 70 luas do maior planeta do sistema solar.

A importância de Europa nesse campo é alta: sendo um satélite congelado com (possivelmente) um oceano líquido de água sob a sua crosta, a lua pode ter todos os elementos necessários para a concepção do que nós conhecemos como “vida”.

Assim, segundo a descrição da própria NASA, a sonda Europa Clipper “vai conduzir um reconhecimento detalhado da Europa, lua de Júpiter, e investigar se a lua congelada pode abrigar as condições favoráveis para a vida”, realizando várias passagens pela lua em questão usando a órbita do planeta como vetor de movimento.

A missão Europa Clipper ainda não tem uma data definida para sair, mas o lançamento será conduzido pela SpaceX, com o foguete Falcon Heavy.

Por que não podemos pousar em Júpiter?

À primeira vista, uma missão de exploração de Júpiter é inviável simplesmente pela natureza do maior planeta do Sistema Solar: sendo totalmente gasoso, ele não tem uma crosta, consequentemente, não há superfície para pousarmos ou caminharmos.

Essencialmente, seria o mesmo que tentarmos pousar um avião sobre uma nuvem.

Isso, por si, já seria um fator eliminatório, mas existem outras condições que impediram a mera aproximação de astronautas do gigantesco planeta: praticamente tudo em Júpiter é extremo – temperaturas, pressão etc., são baixas demais ou altas demais dependendo da “região”.

Quer uma prova? A chamada “Grande Mancha Vermelha” que já observamos no planeta, pensa-se, ser um ciclone de proporções colossais e duração longeva – estimativas colocam a sua primeira observação na década de 1660, mas é provável que ela seja mais velha que isso – sem desacelerar. E esse ciclone é maior que duas Terras.

Imagem mostra Júpiter, com destaque à Grande Mancha Vermelha

Imagem: Claudio Caridi/Shutterstock

Em termos numéricos, a temperatura geral de júpiter é de -110ºC (Celsius) – uma medida tão nociva que nos impede até de respirar, já que o ar extremamente frio congelaria nossos pulmões. A situação se inverte no que especialistas entendem pelo “núcleo” do planeta, com absurdos 19.700ºC (sim: dezenove mil e setecentos graus). O “recorte” internacionalmente reconhecido de resistência humana direta é…35ºC. A diferença é de aproximadamente 565 vezes.

Há que se considerar também que a gravidade do planeta é extremamente pesada – coisa de 2,4 vezes maior que na Terra, para ser exato – e a radiação também tem índices bastante altos.

Júpiter está fora, agora suas luas…

Por todas as razões acima e mais algumas, uma exploração humana de Júpiter está fora de cogitação. Entretanto, o gigante gasoso com um milionésimo do tamanho do Sol ainda nos oferece outras possibilidades de estudo.

Já falamos sobre como a Europa, uma de suas luas, é um corpo rochoso congelado com possivelmente um oceano líquido enterrado sob seus picos. É isso, em parte, que a Europa Clipper pretende analisar.

Ganimedes, a maior lua do Sistema Solar, também deve ter um oceano de água salgada, embora a vida como a conhecemos provavelmente seja improvável por lá: a pressão interna do satélite é tão grande que possivelmente congelaria qualquer água líquida na base, evitando que nutrientes necessários fossem transportados às áreas mais quentes.

Já Calisto, no entanto, possui um quadro favorável à vida: a sonda Galileu identificou um oceano salgado que interage com uma camada rochosa a cerca de 250 quilômetros abaixo da superfície, trazendo condições ideais para a geração espontânea de seres microbiais – algo bastante parecido aconteceu com a Terra, há bilhões de anos.

Não por menos, uma outra missão – apelidada “JUICE” – deve estudar estas três luas, avaliando aspectos químicos, geológicos e físicos. A JUICE foi lançada em abril deste ano e deve chegar ao seu destino em julho de 2031.

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