Governo britânico aprova extradição de Assange aos Estados Unidos
Juntamente com atrocidades cometidas pelos EUA, durante a chamada guerra ao terror, que o WikiLeaks expôs ao mundoBy - Liliane Nakagawa, 17 junho 2022 às 17:37
O fundador do WikiLeaks Julian Assange recebeu na manhã desta sexta-feira (17) a autorização de extradição aos Estados Unidos do governo britânico. Se extraditado, o jornalista deve enfrentar acusações de espionagem pela publicação de centenas de milhares de documentos vazados que denunciam atrocidades cometidas pelos EUA, principalmente nas invasões ao Afeganistão e Iraque, durante a chamada guerra ao terror, e ser condenado a 175 anos de prisão.
Logo após o anúncio feito por Priti Patel, o WikiLeaks publicou um comunicado dizendo que qualquer um no país que se importe com a liberdade de expressão, deveria estar “profundamente envergonhado” que a ministra do Interior tenha aprovado a extradição de Julian Assange.
“Este é um dia sombrio para a liberdade de imprensa e para a democracia britânica.”, diz o comunicado.
BREAKING: UK Home Secretary approves extradition of WikiLeaks publisher Julian Assange to the US where he would face a 175 year sentence – A dark day for Press freedom and for British democracy
The decision will be appealedhttps://t.co/m1bX8STSr8 pic.twitter.com/5nWlxnWqO7— WikiLeaks (@wikileaks) June 17, 2022
“Julian não fez nada de errado…”. “Estava no poder de Priti Patel fazer a coisa certa. Em vez disso, ela será lembrada para sempre como cúmplice dos Estados Unidos em sua agenda para transformar o jornalismo investigativo em uma empresa criminosa.”
“Hoje não é o fim da luta. É apenas o começo de uma nova batalha legal. Recorreremos por meio do sistema legal; o próximo recurso será perante o tribunal superior.”
“Julian não fez nada de errado. Ele não cometeu nenhum crime e não é um criminoso. Ele é um jornalista e um editor, e está sendo punido por fazer seu trabalho”.
A decisão do governo britânico também causou uma onda de condenações por organizações de direitos humanos e de liberdade de imprensa.
A diretora Rebecca Vincent da campanha internacional do Reporters Without Borders em oposição à extradição descreveu o fato como “vergonhoso”. “Outra falha do Reino Unido em proteger o jornalismo e a liberdade de imprensa, trazendo Julian Assange a um passo do desfecho da extradição”, criticou.
Pelo Twitter, o ex-agente da CIA Edward Snowden também comentou a notícia desta sexta. “Difícil de acreditar, mas parece real. Todos os grupos sérios de liberdade de imprensa do mundo protestaram contra isso. É um símbolo terrível do quanto o compromisso dos governos britânico e americano com os direitos humanos têm declinado.”, lamentou.
“Como podemos condenar abusos autoritários no exterior como este?”, questiona Snowden, ao se referir à narrativa repetida exaustivamente por países ocidentais ditos democráticos em relação às ações de governos autoritários.
Hard to believe, but it looks real. Every serious press freedom group in the world has protested this. It is an appalling symbol of how far the British and American governments' commitment to human rights has declined.
How can we condemn authoritarian abuses abroad like this? https://t.co/sgvLRgZtEg
— Edward Snowden (@Snowden) June 17, 2022
Snowden também pediu a não extradição do jornalista usando a hashtag #DontExtraditeAssange (“Não extradite Assange”, em tradução livre).
— Edward Snowden (@Snowden) June 17, 2022
A autorização chega após uma longa batalha que dura uma década, quando a perseguição política foi continuada pelo então presidente Obama ao jornalista, que pediu asilo na embaixada do Equador em Londres e lá ficou até ser arrastado pela polícia britânica em abril de 2019. Desde então, Assange, de 50 anos, aguarda a decisão na prisão de segurança máxima de Belmarsh.
Embora a decisão seja um duro golpe na defesa de Assange, os advogados do editor do WikiLeaks têm 14 dias para apelar contra a decisão da ministra. Apoiadores da causa do australiano pedem doações à campanha de crowdfunding para arrecadar fundos em defesa do jornalista.
Com informações de Associated Press, Vice, The Guardian e The Dissenter
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