Facebook permite temporariamente mensagens violentas contra russos
Por outro lado, mudanças na política da Meta abrem exceção à proibição da própria companhia — o de elogiar o batalhão Azov, grupo neonazista e braço da Guarda Nacional UcranianaBy - Liliane Nakagawa, 15 março 2022 às 14:03
A Meta, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, vai permitir que usuários das redes sociais em alguns países usem mensagens de violência contra russos no contexto da invasão à Ucrânia, de acordo com e-mails internos vistos pela Reuters na quinta-feira (10).
A proprietária das mídias sociais também permitiu temporariamente mensagens que pedem pela morte de Putin ou do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, em países como Rússia, Ucrânia e Polônia, de acordo com a série de e-mails internos enviados a moderadores de conteúdo da Meta.
As defesas de atos que levem à “morte de invasores russos” serão permitidas desde que não contenha outros alvos ou indicadores como locais ou métodos, segundo um e-mail. A postura altera temporariamente as regras na política de apelo à violência das redes sociais.
Raiva e ódio são a maneira mais fácil de crescer no Facebook — Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook, em audiência no Parlamento britânico em outubro de 2021
As mensagens violentas devem incluir a clara menção da invasão à Ucrânia e não serem aplicadas a prisioneiros de guerra, diz o e-mail. As mudanças valem da política valem para os países da Armênia, Azerbaijão, Estônia, Geórgia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia, Rússia, Eslováquia e Ucrânia.
Por outro lado, os e-mails também mostram que a Meta vai permitir elogios ao batalhão Azov, grupo neonazista e braço da Guarda Nacional Ucraniana, o que é proibido desde o início de 2019, de acordo com materiais sobre as mudanças reportadas pela primeira vez pelo The Intercept.
“Tais ações da administração da empresa (Meta) não apenas formam uma ideia de que a atividade terrorista é permissível, mas visam incitar o ódio e a inimizade contra os cidadãos da Federação Russa”, disse o Ministério Público estadual.
Em resposta, a Rússia seguiu com os planos de banir a plataforma de fotos Instagram, como prometido, no último domingo (14) do território russo, segundo o The Washington Post. O êxodo forçado atinge aproximadamente 60 milhões de usuários, de acordo com a Statista.
Esta é a segunda rede social da Meta a ser banida no país; desde o começo do mês, usuários não podem mais acessar o Facebook, salvo por uma VPN. A medida atinge milhões. Ao G1, um pesquisador do Insider Intelligence informou que só no ano passado, a mídia social teve algo em torno de 7,5 milhões de usuários no território russo.
“Não queremos acreditar na reportagem da Reuters, é muito difícil acreditar”, disse Dmitry Peskov, porta-voz da Rússia.
“Torcemos que não seja verdade porque, se for verdade, isso significará que teremos as medidas mais decisivas para terminar as atividades desta empresa”, disse Peskov.
“amei”, “haha”, “uau”, “triste” e “grr”
Há sete anos, o Facebook estendeu o botão ‘like’ a outras cinco novas formas de reagir a uma postagem no feed de notícias — “amei”, “haha”, “uau”, “triste” e “grr”.
Para usar a novidade, o Facebook programou o algoritmo que decide sobre o tipo de conteúdo exibido no feed de notícias dos usuários, impulsionando aquelas com tom mais provocador e comovente.
De acordo com documentos internos da empresa, desde 2017, o algoritmo de classificação da rede social favorece cinco vezes mais as postagens reagidas com emojis em relação às que recebem ‘like’.
Teoricamente, as postagens que provocam mais reações com emojis tendiam a manter usuários mais engajados e, consequentemente, mais tempo dentro da plataforma, fundamental para os negócios do Facebook.
A promoção algorítmica foi notada pelos próprios pesquisadores do Facebook. As postagens que deixavam os usuários irritados, especialmente, poderia abrir “a porta para mais abuso de spam e material caça-cliques involuntariamente”, citou um funcionário que teve o nome apagado em um dos documentos internos.
O aviso foi confirmado três anos mais tarde pelos cientistas de dados da empresa — postagens com emoji de raiva tinham probabilidade desproporcional de conter informações falsas e de caráter duvidoso.
Durante anos, o Facebook minou o trabalho os esforços dos moderadores de conteúdo e das equipes de integridade ao usar o poder da promoção algorítmica.
As deliberações foram reveladas em um material apresentado ao Congresso pelo advogado da ex-funcionária e denunciante Frances Haugen em outubro do ano passado.
Com informações de Reuters, The Washington Post, G1, The Intercept e Terra
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