Informações de mais de 18 mil contas do Credit Suisse, um banco suíço global de investimentos, vinculadas a 30 mil clientes — entre eles estariam torturadores, empresários acusados de corrupção e traficantes de seres humanos — foram vazadas no começo desta semana ao diário alemão ao Sueddeutsche Zeitung.

Vazamento de dados de banco suíço expõe contas de traficantes de humanos e empresários corruptos

Imagem: Tecmasters/Pixabay

As contas mantidas por décadas, desde os anos 40 até 2010, detêm coletivamente mais de US$ 100 bilhões de dólares, de acordo do jornal The New York Times. O diário alemão compartilhou as informações recebidas com o Organized Crime and Corruption Reporting Project e 46 outras organizações jornalísticas, incluindo o The Guardian da Grã-Bretanha, Le Monde da França e o The New York Times do Estados Unidos.

Segundo informações do documento, algumas contas de clientes foram usadas para lavar dinheiro, especialmente de países em desenvolvimento. Além de outras estarem envolvidas em fraude, como uma conta de propriedade do Vaticano a qual teria sido usada para investir € 350 milhões em uma propriedade supostamente fraudulenta em Londres, atualmente em julgamento criminal.

O Credit Suisse negou qualquer ato ilícito após as denúncias dos jornais. O vazamento de dados atual se junta a uma série de escândalos de gerenciamento de riscos e um rombo de 1,6 bilhões de francos suíços (US$ 1,75 bilhão) em 2021.

Depois de sete anos, o país alpino volta a ser palco de questionáveis práticas bancárias, como denunciou o SwissLeaks em 2015 sobre o gigantesco esquema de evasão fiscal alegadamente operado com o conhecimento e incentivo do banco britânico HSBC por meio da subsidiária suíça HSBC Private Bank (Suisse).

Vazamento de dados de banco suíço expõe contas de traficantes de humanos e empresários corruptos

Imagem: moritz320/Pixabay

Em resposta às reportagens do consórcio, o Credit Suisse disse que “rejeita fortemente as alegações e insinuações sobre as supostas práticas comerciais do banco”, descrevendo a questão como “predominantemente histórica”, acrescentando que as informações tinham sido retiradas do contexto.

O banco adicionou ter recebido inúmeras consultas do consórcio nas últimas três semanas e revisou muitas das contas. “Aproximadamente 90% das contas revisadas estão hoje fechadas ou estavam em processo de fechamento antes do recebimento das consultas da imprensa, das quais mais de 60% foram fechadas antes de 2015”, disse o Credit Suisse.

A Autoridade de Supervisão do Mercado Financeiro Suíço (FINMA), regulador financeiro do país, que repreendeu o mesmo banco em 2018 por deficiências no combate à lavagem de dinheiro, disse estar em contato com o banco para tratar sobre o assunto. “O cumprimento dos regulamentos de lavagem de dinheiro tem sido um foco de nossas atividades de supervisão há anos”, disse um porta-voz da FINMA.

União Europeia bandeira

Imagem: Pixelz

Em uma declaração, a Secretaria de Estado das Finanças Internacionais do Ministério das Finanças disse em um e-mail que o país cumpre “todas as normas internacionais sobre o intercâmbio de informações em matéria tributária e sobre o combate à lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e corrupção”. A declaração vem após uma solicitação de um grupo no Parlamento Europeu para revisar as práticas bancárias da Suíça e a possibilidade de incluí-lo na lista negra de dinheiro sujo da União Europeia.

 

Com informações de Reuters e CISO Advisor

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