As agências de inteligência e espionagem dos Estados Unidos compram grandes quantidade de dados de cidadãos, como de veículos conectados, histórico de navegadores web e smartphones, de acordo com um relatório recentemente não classificado.

O relatório de janeiro de 2022, que traz a confirmação inédita, é a primeira divulgação pública do governo dos EUA, o qual revela riscos associados aos dados da população norte-americanos, prontamente passíveis de serem adquiridos por qualquer pessoa, agência ou nação.

O compartilhamento ou venda de dados privados da população, gerados a partir de dispositivos conectados à internet e disponibilizado por corretores de dados para compra, é possível no país porque não há lei de privacidade ou proteção de dados que regule tal atividade.

“De uma forma que muito menos americanos parecem entender, e menos ainda podem evitar, [as informações disponíveis comercialmente] incluem informações sobre quase todo mundo que são de um tipo e nível de sensibilidade que historicamente poderiam ter sido obtidas” por outros recursos de coleta de inteligência, como mandados de busca, escutas telefônicas e vigilância, diz o relatório.

Agências de espionagem dos EUA compram dados pessoais de estunidenses, aponta documento

Headquarter da NSA, em Fort Meade, Maryland. Imagem: National Security Agency, Public domain, via Wikimedia Commons

O documento foi desclassificado e divulgado pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional (ODNI) a pedido do senador Ron Wyden (D-OR), com objetivo de revelar como a comunidade de inteligência usa dados disponíveis comercialmente.

“Essa análise mostra que as políticas existentes do governo falharam em fornecer proteções essenciais para a privacidade dos americanos, ou supervisão de como as agências compram e usam dados pessoais”, disse Wyden. “De acordo com esse relatório, o ODNI nem sequer sabe quais agências federais de inteligência estão comprando os dados pessoais dos americanos”.

Embora órgãos governamentais precisem de um mandado aprovado por um tribunal para obter dados privados da população estadunidense diretamente de empresas privadas — como mensagens privadas —, o relatório afirma que em casos de dados de norte-americanos, abertos à venda para o público geral, há possibilidade de aquisição pelas agências dos EUA.

Agências de espionagem podem desanonimizar dados facilmente para identificar qualquer indivíduo

Em geral  eles são adquiridos em grandes quantidades, no entanto, não significa que não são facilmente desanimizados para identificar qualquer indivíduo, adverte o relatório da ODNI.

Os dados de localização, por exemplo, podem inferir onde as pessoas trabalham e moram, baseados na localização dos telefones e veículos em determinados momentos do dia. Além disso, “os movimentos detalhados e as associações de indivíduos e grupos, revelando atividades políticas, religiosas, viagens e discursos” podem “identificar cada pessoa que participou de um protesto ou manifestação com base na localização do smartphone ou nos registros de rastreamento de anúncios”.

surveillance

Imagem: TheDigitalArtist/Pixabay

“Nas mãos erradas, os insights confidenciais obtidos por meio de [informações disponíveis comercialmente] poderiam facilitar a chantagem, a perseguição, o assédio e a vergonha pública”, disse o relatório.

O documento observa que, em 2021, dados de localização disponíveis comercialmente, coletados de um aplicativo de namoro gay, foram usados para denunciar um padre católico, que posteriormente renunciou. Como também faz referência à coleta e venda de dados de localização de um aplicativo de oração mulçumano para militares dos EUA.

 

Via TechCrunch

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