Assim como os videogames, os televisores são produtos cujas tecnologias vão evoluindo, encarecendo, até se tornarem mais e mais padronizadas, quando começam a baratear. Hoje, a alta resolução 4K e recursos como HDR10 já são esperadas de qualquer nova TV, e, conforme essas capacidades se tornaram mais acessíveis, a Semp disponibiliza a RK8600 como uma das opções mais interessantes do mercado.

A empresa, inclusive, nos enviou um modelo, com o qual pudemos passar a melhor parte de 20 dias testando seus recursos e, se nos permitirem o spoiler, o veredito é o mais favorável possível: a Semp RK8600 não é exatamente uma smart TV “de ponta”, mas é bem acessível para quem quer atingir resoluções mais satisfatórias em uma gama bem ampla de dispositivos sem estourar um ou dois cartões de crédito.

Imagem mostra a smart tv Semp RK8600

Imagem: Semp TCL/Divulgação

SEMP RK8600: uma Roku TV para cumprir promessas

O primeiro detalhe a saltar aos seus olhos quando você liga o aparelho, é o Roku TV, o sistema operacional vindo da empresa homônima que, como já mostramos, vem tomando mais e mais atenção no mercado brasileiro como uma marca acessível e parceira dos televisores de menor custo.

Aqui já cabe o primeiro elogio: a interface do Roku TV é realmente uma “delicinha” de mexer – todos os menus são extremamente intuitivos e refletem rapidamente na tela os comandos inseridos no controle remoto. Em poucos cliques, você já tem a conexão wi-fi configurada de forma facilitada e uma série de apps recomendados para streaming e entretenimento.

O “tour” pelas funções da RK8600 – convenientemente ignorado por muita gente – também é bastante simplista, indo direto ao ponto e permitindo uma navegação rápida, mostrando o que o televisor tem de mais interessante logo “de cara”: nada de esconder funções em submenus irritantes cujos caminhos são de conhecimento mais técnico ou “depois de muito fuçar”. Aqui, tudo que você procura é entregue em relativa velocidade.

Isso, na realidade, pode ser especialmente benéfico para a Roku: já fazem alguns anos desde que a empresa entrou no Brasil, ensaiando ações e divulgações notáveis, mas de lá para cá, a marca não teve a penetração que gostaria na memória do consumidor. Ao se aliar a fabricantes de produtos mais acessíveis – mas nem por isso, de baixa tecnologia – a empresa vem, devagarinho, ganhando o “calço” que ela vem buscando.

A RK8600 pode ser o divisor de águas neste aspecto: estamos falando de uma TV com ótima resolução de imagem, que faz o padrão máximo de qualidade no que tange aos gráficos – o famoso 4K – mas cujo preço na etiqueta não assusta muita gente, considerando seu tamanho, o que nos leva a…

Muita tela, muita cor, pouco brilho

Cinquenta polegadas. Esse é o tamanho que a SEMP pratica para oferecer a RK8600, apostando na ideia de oferecer uma “TVzona” a custos interessantes. Para quem sempre quis atender a esse parâmetro, essa pode ser uma boa oportunidade.

Entretanto, essas mesmas pessoas terão que se contentar com uma capacidade de brilho bem abaixo da média: contra a luz natural, ele faz pouco para destacar as imagens e o que se vê na tela acaba meio ofuscado. E nos ambientes escuros, a coisa não melhora muito: em certas ocasiões, quando a luz da TV era a única iluminação do cômodo, o brilho ainda pareceu fosco, tal qual um notebook quando entra na economia de bateria. Fui olhar as configurações e nem jogando tudo no máximo a coisa melhorou.

Uma pena, considerando que o painel em formato LED acaba sendo o mais penalizado aqui: considerando que um dos trunfos desse tipo de painel é justamente o aprimoramento do brilho e do contraste, ver um aparelho deste porte se limitar a ser o “básico do básico” quebra um pouco a experiência.

Felizmente, o restante acaba compensando – um pouco, mas compensa – esse problema: o ajuste de temperatura de cores é um dos mais versáteis até aqui, abrindo uma gama bem ampla de alterações facilmente notadas, independente de você estar usando modos de imagem pré-determinados via sistema (Modo Jogo, Modo Games, Cinema etc.) ou se você é mais técnico e capaz de fazer um ajuste manual mais refinado.

Outras análises apontaram também um atraso na reprodução em vídeos 4K no YouTube, mas eu não passei por nenhuma experiência similar, então não vou levar isso em consideração aqui. Do meu lado, tudo rodou como deveria, ainda bem.

Som estéreo de qualidade acima da média

Onde a imagem vacilou, o som estéreo mostrou a que veio: a RK8600 porta dois alto-falantes inferiores, totalizando uma capacidade de áudio de 10 W RMS. De novo, não estamos falando de nenhum kit topo de linha, mas considerando que existem sound bars que fazem menos que isso – e estas são exclusivamente dedicadas ao som, vale lembrar – a performance dessa smart TV acaba sendo até razoável.

Um ponto negativo é a ausência de “poder” dos tons mais graves. Se você tem o hábito de se apegar a efeitos sonoros ou, mais ainda, ligar o Spotify pela televisão para deixar um som ambiente, vai se decepcionar: a ideia de imersão, “criar um clima”, é praticamente ausente aqui. Jogos como Final Fantasy também acabam sofrendo um pouco, já que as trilhas sonoras dessa franquia de RPGs apostam em óperas fortes, com impacto dramático e…bom, a falta que faz aquele “boom” é de se notar.

Isso dito, a maioria das opções de entretenimento se mostrou bem satisfatória: a variação de volume é bem generosa, e você mudar do “18” para, digamos, o “20” faz uma bela diferença. Em programas onde o diálogo é mais valorizado – como em séries mais dramáticas ou programas de TV e talk shows – isso é especialmente vantajoso.

Eu confesso que esperava ter mais pontos negativos aqui – na configuração da minha casa, não tenho espaço para TVs em suporte na parede, então tive que usar os “pezinhos” (são dois em formato “V”), então achei que o posicionamento dos alto-falantes na base, tão próximos do tampão do meu rack, acabaria abafando a sonorização, o que felizmente não aconteceu. Agradável surpresa, como eu sempre gosto de ter.

Aliás, certifique-se que seu rack – ou qualquer outra superfície onde essa TV ficar – tenha uma profundidade um pouquinho maior. O meu, por exemplo, é uma peça customizada, feita para ser grande, mas produtos mais tradicionais do tipo podem não ter o espaço necessário para segurar uma TV de 50’’ – isso, presumindo que você vá usar o aparelho com algum lado inclinado, como é o meu caso.

O fio da tomada poderia ser maior…e as entradas, em outro lugar

Eu sei, eu sei. Com a tendência sendo a de que TVs montadas em suportes de parede se tornem cada vez mais comuns, é óbvio que um aparelho de 50’’ tenha um melhor aproveitamento com uma configuração assim.

Mas mesmo assim, eu percebi uma outra dificuldade: o fio da tomada não é dos maiores. Eu tive que “forçar a barra” com a decoração de casa, empurrando o rack um pouco mais para trás (ainda bem que ele não é colado na parede) para poder ligar a RK8600.

A minha televisão normal, de 42’’, tem mais ou menos um metro e meio (1,5m)  de fio. Eu não medi o comprimento do cabo desse aparelho, mas arrisco dizer que não passa de 1,2m. Parece pouco, mas uma régua a menos (30 centímetros) fez com que, mesmo depois de empurrar o rack, a tomada ainda ficasse bem esticada lá atrás, sendo que minha TV – menor – tem até uma folga.

Naturalmente, isso é mais uma questão de preferência de uso e gosto, mas é algo que alguns consumidores podem querer prestar atenção.

O que vai incomodar qualquer pessoa é o posicionamento das entradas: a RK8600 segue o padrão de televisores mais novos, posicionando o HDMI (3 entradas), as saídas de áudio e óptica, a entrada USB e o adaptador coaxial para antena na lateral do painel, parte traseira.

Isso faz com que os cabos sejam encaixados de lado, entortados pelo próprio peso. Qualquer pessoa que entenda um pouquinho mais do assunto sabe que, eventualmente, isso trará problemas de contato. Mais além, tudo isso está alinhado mais ao centro, então por mais que os fios fiquem “escondidos”, seus encaixes dão trabalho de serem aproveitados em capacidade plena.

Conclusão

Apesar das críticas, a SEMP RK8600 vale o esforço. Atualmente, ela vem sendo oferecida em e-commerces a R$ 2,4 mil em média, trazendo resolução 4K em um painel de tamanho considerável. O sistema operacional é bastante satisfatório de se mexer e a resposta do modelo para quase todos os modos é quase imediata.

As partes negativas apontadas em nossa experiência são, felizmente, variáveis ou ajustáveis – isso não diminui a validade dos pontos, mas também ressalta o fato de que, com uma ou outra adaptação simples, você consegue extrair desse modelo uma experiência de entretenimento bastante avançada, pagando pouco por isso.

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