Review de Deathloop: prepare-se para reviver sua morte várias vezes
Deathloop chega com a proposta de um loop temporal em que o jogador revive o mesmo dia diversas vezesBy - Luiz Nogueira, 20 setembro 2021 às 13:47
O Arkane Studios é bastante famoso por sempre tentar inovar em seus jogos, como vimos em “Prey” e “Dishonored”. Com gameplays inventivas e com muitos recursos interessantes, seus games costumam fazer relativo sucesso entre os jogadores.
Agora, em seu novo título, distribuído pela Bethesda, podemos estar diante do mais ambicioso projeto do estúdio. “Deathloop” surge com a ideia de que o jogador deve reviver o mesmo dia várias vezes até entender o que está acontecendo e conseguir “quebrar o ciclo”, frase que é repetida à exaustão.
O título chega como um exclusivo temporário do PlayStation 5 nos consoles – embora também tenha saído para PC -, mas que, com a compra da Bethesda pela Microsoft, pode chegar aos consoles Xbox – apesar de não haver data para isso acontecer.
História
O game começa com um personagem sendo morto por uma mulher. Em seguida, esse cara, que depois descobrimos que se chama Colt, acorda em uma praia sozinho e não entende o que aconteceu. É aí que tudo começa.
Ao receber pistas sobre os acontecimentos, Colt descobre que está preso em um loop temporal e, para dar fim a isso, deve matar oito Visionários, pessoas que controlam os acontecimentos da ilha Blackreef.
A saga de Colt pelo local sempre se inicia pela manhã e segue por um dia – mesmo que o tempo não corra como no mundo real. Caso o personagem morra ou o relógio dê meia-noite, nosso herói volta para a praia e deve reviver o dia novamente.
À primeira vista, a proposta se assemelha a um roguelike – como “Hades”, por exemplo. No entanto, “Deathloop” é bem mais do que isso. Ao longo da jornada, Colt se depara com informações sobre a história e diversos fatos curiosos, bem como interessantes.
Em um caso que posso citar sem dar spoilers, o personagem visita seu apartamento no começo da jogatina, lá ele encontra um cofre que está trancado. Não há nenhum código por perto e, por conta de sua memória falha, ele também não consegue lembrar.
Em um outro ponto do jogo – bem longe de sua casa -, Colt encontra esse código em um documento. Resta ao jogador retornar para o local e pegar o que estiver dentro do cofre. No entanto, dependendo da hora que isso é feito, pode ser que não se tenha mais nada lá.
Julianna
Lembra da mulher que aparece matando Colt no início da gameplay? Em certo momento descobrimos que ela se chama Julianna e tem como principal missão matar o personagem.
No entanto, ela tem uma ligação com Colt, que, obviamente, não é explicada no começo da jogatina. Mesmo tendo a tarefa de ceifar a vida do herói do loop temporal, Julianna fornece dicas importantes e pistas que ajudam o jogador e progredir na história.
Aqui, vale destacar o trabalho primoroso de dublagem, não só de Julianna, mas de todo o elenco. Durante o jogo, os personagens conversam entre si e se provocam muito. É bastante divertido ver as “patadas” que um dá no outro.
E isso fica mais divertido ainda com o uso do DualSense. As falas de Julliana não saem na TV ou fone de ouvido, mas sim diretamente pelo controle, como se ela estivesse falando por um rádio com você. Isso garante uma grande imersão.
Além disso, um dos grandes destaques de “Deathloop”, além da gameplay, é um certo foco nas questões multiplayer.
Não necessariamente o jogo possui um modo para vários jogadores, mas outros players podem invadir seu mundo controlando Julianna para tentar te matar. O primeiro encontro com a personagem é totalmente controlado por inteligência artificial, mas os seguintes não.
Por conta disso, o game ganha um diferencial a mais, e um desafio e tanto, já que não sabemos exatamente com quais equipamentos e Julianna aparecerá e em qual local.
Equipamentos e habilidades
Por falar em equipamentos, Colt pode utilizar qualquer arma que encontrar pelos cenários. A maioria delas é encontrada após matar inimigos. Isso faz com que o estilo de gameplay mude e o jogador consiga montar diferentes builds para enfrentar seus inimigos.
No entanto, ao morrer e retornar à praia, todos são perdidos, fazendo com que seja necessário coletá-los novamente – mesmo que seja quase certeza de que não estarão no mesmo lugar.
Porém, há uma forma de manter essas armas mesmo após a morte. Quando se mata alguns inimigos ou “drena” alguns itens específicos encontrados no cenário, os jogadores conseguem residuum, um elemento que pode ser gasto durante os loops temporais para “guardar” os equipamentos e evitar que eles sejam perdidos.
Com essa possibilidade, é possível criar arsenais poderosos e que se adaptam ao estilo de jogo de cada um, já que o game permite incorporar o próprio Rambo e sair atirando para todos os lados ou seguir furtivamente e eliminar os inimigos um a um.
A segunda opção, a de ser furtivo, acaba sendo a mais interessante por conta do fator surpresa – e das mudanças entre um loop e outro. Dificilmente os inimigos estarão no mesmo lugar ou fazendo a mesma coisa.
Caso você morra em combate, ainda há uma espécie de “segunda chance”, chamada de replay. Quando Colt é abatido e um replay é ativado, o jogador tem dois disponíveis, ele volta alguns segundos antes da morte.
Isso permite que novas abordagens sejam adotadas para conseguir passar por algumas situações. Porém, quando os replays se esgotam, Colt é mandado direto para a praia e um novo loop se inicia.
Além de tudo isso, os jogadores têm acesso a berloques, itens que podem ser equipados em Colt ou em armas. Isso garante algumas vantagens, como pulo duplo, mais vida, mira facilitada e mais poder de fogo.
Como dito, a missão de Colt é matar os oito Visionários que, ao que parece, controlam o loop temporal da ilha. Ao dar cabo de cada um, é possível receber uma arma ou habilidade poderosa, como teletransporte ou telecinese.
Plano de ação
O plano de Colt é bem claro. No entanto, sua execução tem de ser muito bem elaborada pelo jogador. Isso porque, apesar de se ter praticamente um dia todo para matar os Visionários, é possível fazer apenas quatro “viagens” para os locais: uma de manhã, outra ao meio-dia, uma durante a tarde e a última de noite.
Para quebrar o ciclo, é necessário matar os oito personagens em apenas um dia, ou seja, em média, dois por “viagem”. Por conta disso, o jogador deve observar muito bem a rotina de cada um deles.
Para essa tarefa, é recomendado que todos os documentos sejam lidos e os detalhes observados. É essa dedicação que fará com que o jogo seja terminado – apesar de também poder ser jogado apenas como um simples FPS.
É isso que dá a magia para “Deathloop”. O jogador pode ter um game de tiro para se “desligar” de tudo ou uma história bem amarrada e muito complexa para explorar e entender aos poucos.
Portanto, é normal ter de voltar várias vezes para o mesmo local em diferentes horários do dia para buscar novas pistas e observar alvos. Essa questão pode ser um pouco maçante no começo para alguns jogadores. No entanto, eu garanto que dá um brilho a mais para um game que já é bom.
Conclusão
“Deathloop” é um daqueles jogos que, se você souber aproveitar tudo o que ele tem a oferecer, vai ter uma das experiências mais loucas e satisfatórias dos videogames. Com a reinvenção de uma mecânica utilizada em alguns games e filmes, o título consegue ter sua própria identidade em meio a tantas ideias parecidas da indústria.
Se você procura um game com uma abordagem diferente de tudo o que já viu, além de garantir horas de diversão e muitas possibilidades de conclusão, “Deathloop” é para você. O título tem um brilho próprio.
Como dito, o “Deathloop” está disponível para PlayStation 5 e PCs. O título foi analisado no console a partir de uma cópia cedida pela Bethesda.
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