Depois de 14 anos de sua fundação, a House of Marley chegou ao Brasil em agosto deste ano. Consigo, a empresa ecoconsciente de periféricos de áudio trouxe uma linha completa de produtos que, embora sem nenhum lançamento propriamente dito, reforçam o leque de opções para quem quer comprar fones, headsets e caixas de som.

O blog KaBuM! recebeu um kit da empresa e, desde o último mês, vem usando-o para avaliar suas capacidades. O primeiro da lista é o Positive Vibration 2, um fone bluetooth originalmente lançado em 2019 que promete conectividade, conforto e elegância visual a preço reduzido. Mas será que, dois anos depois de sua chegada, ele ainda está no páreo de uma concorrência cada vez mais evoluída?

Imagem mostra os fones de ouvido Positive Vibration 2, da House of Marley

Imagem: House of Marley/Divulgação

Positive Vibration 2: o review

Som

À primeira vista, o Positive Vibration 2 não aparenta ter muita coisa no que tange à sonoridade. Felizmente, essa impressão se mostra errada logo de início. Mesmo hoje, este fone bluetooth apresenta um som que rivaliza os principais lançamentos do mercado, com graves ajustados de forma refinada para um som cristalino, virtualmente sem interferências.

Talvez seja uma percepção minha, mas ao longo de anos fuçando em aparelhos de áudio de toda natureza, hoje é raro eu simplesmente ligar algum dispositivo e não destacar um detalhe sobre outro: som mais distante e “sumindo” ou próximo demais a ponto de ser “abafado” são quase um padrão, considerando a forma como as fabricantes os configuram – tudo isso é relativamente constante.

Não aqui: o fone da House of Marley é uma das opções mais bacanas para quem quer só pegar um fone, ligar e ouvir música, sem muitas preocupações e com uma sonoridade uniforme por todo o espectro. Ainda que os tons mais agudos sejam menos “ousados” que em outros produtos do gênero, os drivers de 40 milímetros (mm) deste modelo entregam uma qualidade boa a um volume nativo bastante flexível – em outras palavras: ele é ótimo para se usar com um notebook ou no smartphone, sem variação de áudio muito extrema.

Um ponto negativo, mas que, ironicamente, o ajuda aqui, é o fato de ele não ter cancelamento ativo de ruído. Isso porque, na rua, é fácil baixar o volume sem perder o foco do som, mas também se mantendo alerta a tudo o que acontece ao seu redor. Baixar o volume pela sua segurança é algo que todos prezamos, evidentemente, e neste caso, ao fazer isso, o som não ficará distante ou baixo demais…ainda será uma experiência bem satisfatória.

Em outras palavras: não é espetacular como, digamos, um fone “apelão” como o WH-1000XM5 da Sony (que é uma “ignorância positiva” em todos os aspectos), mas no que tange em entregar o básico, o Positive Vibration 2 o faz com maestria.

Imagem mostra o fone Positive Vibration 2 em detalhe, destacando a almofada de encaixe

(Imagem: House of Marley/Divulgação)

Design e conforto

O visual deste fone da House of Marley definitivamente é chamativo e atrai olhares: convenhamos, é complicado encontrar – mesmo entre as linhas mais caras do setor – um dispositivo com detalhes amadeirados e um detalhe que usa motivos simplistas, mas que o faz parecer bastante complexo.

Isso deriva muito da mensagem passada pela empresa: sustentada pelos pilares de “qualidade superior, sustentabilidade e compromisso com causas beneficentes” (segundo o site oficial da companhia), todos os seus produtos são feitos com tecidos e componentes recicláveis e reaproveitados, além de madeira amigável a plantio, como bambu.

E sim, eu sei: normalmente, quando o assunto é tecnologia, ver palavras como “reciclado”, “sustentabilidade” e similares pode trazer a ideia de “produto vagabundo” ou “frágil” ou ainda “de segunda mão”. Evidentemente, este não é o caso aqui: o extensor das almofadas usa um cabo enrolado e um arco metálico bem fino de cada lado, com uma dobradiça no conector para deixar o aparelho mais portátil (não fica tããããão portátil assim, convenhamos, mas dá para o gasto). É uma solução elegante, mas também reforçada. Obviamente, você não vai atirar o fone contra a parede, mas ele vai se segurar bem em algumas eventuais quedas ou batidas.

As almofadas também contam com controles de aumento e redução de volume, e o botão de pausa se desdobra em múltiplas funções, também ligando/desligando o aparelho, avançando e retrocedendo as faixas em reprodução.

É na parte do “conforto” que começam os problemas: a ideia do Positive Vibration 2 é se apresentar como uma opção visualmente mais “sóbria”, sem cobrir toda a orelha nem ocupar espaço demais – ele é chamativo, sim, mas não a ponto de ser a primeira coisa que alguém repara em você.

Legal, não fosse o fato das almofadas não cobrirem toda a orelha, o que acaba agindo negativamente: não raro, elas “mordem” os lóbulos das orelhas, causando um incômodo que, embora não seja absolutamente destruidor de toda a experiência, é suficientemente notável para fazer você parar o que estiver fazendo e procurar algumas correções de posição.

Isso também se traduz durante atividades intensas: embora não sejam de natureza esportiva, esse fone pode até ser uma opção para quem gosta de uma caminhada à tarde – mais que isso, e temos a sensação de que “algo está solto”. Nosso editor-chefe César Schaeffer, eterno triatleta, pode afirmar com maior veemência, mas não é muito legal correr com o medo de que o fone pode ou não cair da sua cabeça.

Foto tirada de celular mostra o fone Positive Vibration 2 visto em perfil

Apesar da apresentação atraente e design elegante, o fone deixa a desejar no conforto, por vezes “mordendo” as orelhas (Imagem: Rafael Arbulu/blog KaBuM!)

Desempenho e conectividade

Como já estabelecemos, o som do fone traz uma experiência bastante positiva para qualquer ocasião. Entretanto, entusiastas de produtos mais contemporâneos vão notar a ausência de um cancelamento ativo de ruídos. Obviamente, tal recurso encareceria um produto que – você verá mais abaixo – traz ótimo custo-benefício. Ainda assim, algumas conversas paralelas e sons ambientes atravessam a proteção já reduzida das almofadas menores, o que vai desagradar alguns (ênfase no “vai”: isso não será opção).

Mais além, há a questão da bateria: apenas 12 horas de duração, em média. Claro, para um fone de base, isso pode até ser razoável, mas em momentos em que você passe a maior parte do dia na rua, você vai se ver olhando o percentual de carga, preocupado se vai ou não encarar viagens de volta para casa sem a sua música.

Felizmente, a House of Marley contornou isso com uma saída de 3,5 mm (a famosa “P2”) para fones cabeados: na embalagem, um cabo do tipo – com microfone auxiliar para uso de voz – acompanha o produto, então, como diz a expressão, “dos males, o menor”.

Falando em cabos, ainda não está claro porque alguém apostaria em um cabo micro USB para recarga. Com o mundo se movendo para o USB-C como padrão universal (há bem mais que dois anos, diga-se), a House of Marley apostar nisso só traz o efeito de lhe forçar a carregar mais um cabo na mochila – “tiro no pé”, para dizer o mínimo.

Em suma: troca-se a duração de bateria pela presença de dois cabos extras. Isso vai depender do seu gosto, mas eu, particularmente, sou a favor do “quanto menos coisas na bolsa, melhor”.

[Review] Fone Positive Vibration 2 ainda se segura contra a concorrência, mesmo dois anos após seu lançamento
[Review] Fone Positive Vibration 2 ainda se segura contra a concorrência, mesmo dois anos após seu lançamento

Preço e disponibilidade

O Positive Vibration 2 da House of Marley já poderia ser importado de lojas online do exterior, e já tem um tempo que o produto se encontra disponível também nos principais e-commerces nacionais.

Segundo a assessoria de imprensa da empresa, os produtos serão encontrados em lojas como Fast Shop, Fujioka, Sam’s Club, B2W (Americanas.com, Submarino e Shoptime), Magalu, Via Varejo (Ponto Frio, Extra e Casas Bahia), Carrefour, Leroy Merlin, além da loja oficial, já traduzida para o nosso português brasileiro e com preços localizados.

Nelas todas e no KaBuM!, você encontra o Positive Vibration pelo preço sugerido de R$ 560.

Veredito

Mas afinal, depois de tudo isso, esse fone vale a pena?

Sim, e falamos isso de forma retumbante: é verdade que estamos falando de um produto com dois anos de idade e, quando o assunto é tecnologia, isso pode significar um certo atraso frente a materiais mais atuais.

Embora isso não seja necessariamente errado, o Positive Vibration 2 é um exemplo de produto que consegue se segurar bem – não “excelente”, mas “bem” – ainda que existam outras opções no mercado.

Se você procura um par de fones com custo razoável, som de primeira linha e design que favorece uma certa exclusividade, definitivamente esta é uma opção que você tem que considerar.

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