Filmes de terror, ainda mais os de exorcismo, são bastante populares. Por conta disso, temos muitos títulos do gênero sendo lançados todos os anos. Em um dos mais recentes, chamado 13 Exorcismos, temos um bom elenco, uma proposta interessante, mas uma execução que pode não agradar tanto.

O terror espanhol estreia por aqui em 23 de fevereiro, mas o blog KaBuM! foi convidado para ver o filme antecipadamente e conta se o filme vale a pena.

Religião como pano de fundo

O filme se desenrola com base na religião – também com Laura Villegas (María Romanillos) sendo atormentada pelo demônio, claro, mas também com a religião. O longa mostra como a fé, naquele contexto, pode ser o fator decisivo entre a vida e a morte.

Isso fica claro logo no começo do filme, em que temos Laura querendo viver sua vida, mas sua família lembrando que ela é uma pessoa religiosa e não pode ser seduzida pelo mundo – que isso já aconteceu uma vez e as consequências foram trágicas, embora não fique claro exatamente o que foi o acontecido.

A primeira parte do filme é basicamente Laura se culpando por ter saído com sua amiga. No entanto, antes de saber que está sendo perseguida por uma entidade – chamada de Médico -, há diversos dilemas sobre estar se desviando do caminho de Deus.

13 Exorcismos

Imagem: Divulgação

Em uma atitude extrema de sua mãe, um acontecimento marca de vez a vida da garota. Isso mostra que a menina vive reprimida, sofrendo abusos físicos e psicológicos de sua família. Não é à toa que queira sair e se divertir, mesmo sentindo a culpa depois.

Mas a questão aqui nem é essa. O grande plot do filme é um embate entre aqueles que acreditam que ela está possuída – como sua mãe – e outros que não têm religião e que isso não passa de um trauma – que é o caso da psicóloga escolar (Silma López) que acompanha Laura por um tempo.

13 Exorcismos

Imagem: Divulgação

No geral, essa proposta é interessante, já que, normalmente nos filmes do gênero, temos aqueles que não acreditam na possessão e a pessoa possuída, apenas isso. Só no fim, quando tudo parece perdido, que uma das partes aceita que a ajuda religiosa deve acontecer.

De qualquer forma, apesar dessa diferença em relação a outros longas do gênero, 13 Exorcismos não sabe qual linha quer seguir para o desenvolvimento de sua história. Isso fica claro nos atos do longa, que são bem divididos e podem ser facilmente identificados conforme a narrativa se desenrola.

Atos bem divididos

Aqui, para quem não gosta de spoilers, há pequenas revelações da estrutura do longa. Se não quiser ler, pule para o próximo tópico.

13 Exorcismos

Imagem: Divulgação

Normalmente, um filme é dividido em 3 atos. Eles servem para que o longa mantenha um ritmo e consiga seguir um certo padrão. Em 13 Exorcismos, isso não é diferente. Porém, o que me surpreendeu aqui é o quanto esses atos são marcados – e facilmente perceptíveis.

Se fosse uma série, eles poderiam ser separados em episódios tranquilamente, já que, apesar da ligação entre ambos, são totalmente independentes.

Na primeira parte, temos Laura sendo atormentada pela entidade após ter feito o oposto do que sua mãe disse. Aqui, há muitos jump scares que assemelha 13 Exorcismos a qualquer filme de terror atual de Hollywood.

A questão é que esses sustos são todos muito previsíveis e não conseguem pegar ninguém de surpresa, já que foram vistos em diversos outros filmes.

No segundo ato, as coisas mudam um pouco. Isso porque o filme começa a mostrar as consequências dos acontecimentos do primeiro ato. Aqui, não temos sustos baratos, mas sim uma história de investigação e descoberta do que aconteceu à Laura para que ela chegasse a esse ponto.

13 Exorcismos

Imagem: Divulgação

O que me incomodou foi a falta de contexto sobre tudo que estava acontecendo. A família tem um segredo, a história da entidade é curiosa – mas contada de maneira superficial – e o desenrolar dos fatos é corrido em alguns momentos que poderiam ser melhor desenvolvidos e lento em partes desnecessárias.

Por fim, o terceiro e último ato é onde acontecem os exorcismos – sim, no plural. A ideia do filme é mostrar a história de uma menina que, depois de possuída, deve passar por uma série de purificações junto de um padre para retirar o mal que a está controlando.

No entanto, a igreja acredita que uma pessoa só consegue suportar 13 exorcismos antes de morrer e se entregar completamente ao que a possuiu. Obviamente, nossa protagonista chega no último deles.

Porém, apesar desse ser o cerne do longa, não foi bem aproveitado e a sequência é simples e não empolga – e quero me justificar quanto a achar isso.

13 Exorcismos

Imagem: Divulgação

Sou um grande amante de filmes de terror. Há apenas um gênero que me assusta profundamente, que é, coincidentemente, o de possessão demoníaca. Portanto, entrei na sala achando que morreria de medo, mas o que tive foram sustos previsíveis, cenas que não empolgam e um final que, apesar de inesperado, é muito abrupto, e te deixa com mais perguntas que respostas.

E aí, vale a pena?

13 Exorcismos

Imagem: Divulgação

No geral, 13 Exorcismos tenta se diferenciar de outros filmes do segmento – mesmo tendo a mesma história de ser baseado em fatos reais e ter sido criado com algumas semelhanças à realidade -, mas peca na execução e na apresentação de seu conflito.

As atuações são boas, embora sejam ofuscadas por um roteiro simples, que tenta chocar o espectador, mas que consegue apenas arrancar algumas gargalhadas – sim, gargalhadas por parte das pessoas que estavam na sessão -, em momentos que deveriam ser de tensão.

Se você se assusta fácil ou procura uma diversão descompromissada, o filme é para você. Caso seu foco seja uma história consistente e com muitas reviravoltas – além de justificar suas escolhas narrativas -, 13 Exorcismos não é o que você procura.

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