A crise dos chips é um dos maiores responsáveis pela escassez de GPUs nesses últimos anos. Mas de acordo com um novo relatório da Bitpro Consulting, outro “fator” colaborou (e muito) para a carência de placas de vídeo no mercado: os mineradores de Ethereum.

Segundo o levantamento da empresa especializada na compra e renovação de hardware para mineração de criptomoedas, os mineradores de Ethereum gastaram US$ 15 bilhões em GPUs nos últimos 18 meses. Os números não incluíram gastos com CPUs, placas-mãe, PSUs (fontes de alimentação) e outros componentes usados na atividade.

Remessas GPUs

Procura por mineradores influenciou na alta de remessas de GPUs desde 2020 – Imagem: Reprodução/Jon Peddie Research

Tais índices ajudam a explicar a escassez de placas de vídeo vista de 2020 pra cá. Com a quarentena oriunda da pandemia de Covid-19, a procura por placas gráficas, notebooks, PCs e outros equipamentos excedeu a oferta das fabricantes. E as paralisações nas fábricas para evitar a disseminação do vírus deixaram a situação ainda mais complicada.

O problema é que o cenário de escassez ficou ainda pior. Não bastassem os fatores mencionados, os mineradores saíram em busca de GPUs para fazer uma grana — aproveitando o “boom” das criptomoedas — e praticamente dominaram as compras dos componentes.

E a lógica é simples: menos produtos nas prateleiras significa preços mais altos. Isso sem contar que rivalizar com mineradores tornou a busca por GPUs uma tarefa muito mais difícil para “usuários comuns” (como jogadores, designers e criadores de conteúdo, por exemplo).

GPUs

Alta demanda de mineradores encareceu as placas de vídeo, mas cenário está mudando – Imagem: Divulgação/Nvidia

Investimentos em GPUs não têm dado retorno

O mais curioso é que todo esse investimento robusto dos mineradores não tem alcançado o retorno esperado. Quem ingressou cedo no mercado de criptomoedas até teve a possibilidade de lucrar com investimentos, mas os números atuais não são nada bons para investidores ou mineradores mais novatos.

O Ethereum perdeu 80% de valor em relação ao seu pico em novembro do ano passado. O Bitcoin, por sua vez, amarga um crash superior a 60% e chegou a ser negociado por “apenas” US$ 19 mil no fim da semana passada.

Naturalmente, a desvalorização das criptomoedas torna a prática de mineração menos rentável. Aliás, a Bloomberg relatou recentemente sobre um homem que investiu cerca de US$ 30 mil em GPUs para mineração, mas que conseguiu um retorno de US$ 5 mil em moedas digitais até agora.

Diante do atual panorama, a expectativa é que a busca por placas de vídeo pelos mineradores diminua daqui pra frente, especialmente após a chegada da prova de participação (proof-of-stake) à rede Ethereum — que tornará a prática ainda menos rentável.

Isso não marcará o fim da mineração de criptomoedas, mas a tendência é que a disponibilidade de GPUs nas prateleiras (ou mesmo revendas de componentes usados) melhore para usuários comuns. E o melhor: com preços mais atrativos.

Via: TechSpot

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