[Crítica] Medusa Deluxe apresenta uma história de detetive com moldes próprios

Medusa Deluxe, à primeira vista, pode parecer um longa estranho, daqueles bem fora da casinha, em que a proposta é inusitada – e, consequentemente, a execução também. No entanto, devo dizer que esse drama/suspense do Reino Unido me surpreendeu muito em diversos aspectos – e também impactou.

História

A história começa quando um competidor de um concurso de penteados é encontrado morto, uma onda de desconfiança cai sobre os participantes restantes, que lutam para descobrir quem é o culpado. Essa situação traz diversos conflitos do passado, bem como desconfianças e acusações de todos os lados – e de diversos tipos.

É basicamente um filme de detetive, exceto que não há uma figura que encarna o papel do investigador. Todos ali têm seus motivos para desconfiar das pessoas – o que deixa tudo mais interessante.

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É gente revivendo acontecimentos do passado de um lado, novas desconfianças com base no achismo do outro. É uma mistura de sensações e de momentos que destacam o talento de todos os atores ali, embora alguns fiquem meio apagados, já que não tem muito tempo de tela, o que é uma pena.

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E por falar em personagens, o que seria de Medusa Deluxe sem os nomes presentes no elenco, os destaques ficam por conta de René (Darrell D’Silva), Cleve (Clare Perkins) e Divine (Kayla Meikle). No entanto, não é possível definir um protagonista para o longa, já que as histórias vão se entrelaçando e trazem um efeito muito interessante.

Os planos-sequência e a construção de tensão

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Por mais que Medusa Deluxe seja um filme mais tranquilo e com pouca ação, os planos-sequência estão presentes – e posso dizer que muito bem aproveitados, mesmo com a produção se passando em apenas um cenário.

Os cortes de cenas são poucos – e quase imperceptíveis. O interessante de tudo é que as cenas mudam de maneira suave e fluída. A dinâmica é a seguinte: estamos acompanhando um personagem conversando, ou em um monólogo (que, aqui, há alguns muitos bons), em seguida, uma outra pessoa chega e a câmera começa a focar nela e a acompanhá-la.

Isso traz um dinamismo e uma fluidez de narrativa pouco vista no cinema. As histórias se entrelaçam e dão reviravoltas. É tudo bem amarrado ao mesmo tempo em que deixa suas pontas para emendar na cena seguinte.

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A direção aqui ficou a cargo do talentoso Thomas Hardman, que fez sua estreia nessa posição. Tudo aqui parece ter sido pensado nos mínimos detalhes, pois oferece uma narrativa concisa, mas que consegue se manter plausível e interessante, prendendo o espectador na cadeira querendo saber o que vem a seguir.

Outro ponto muito positivo é a criação de tensão a todo momento. Conforme os personagens se separam e andam pelos corredores mal iluminados do local, a câmera sempre fica atrás deles, como se fôssemos o que está seguindo aquele indivíduo – isso com exceção de uma cena muito interessante, em que a câmera está posicionada de outra forma.

É algo notável em tempos de movimentos rápidos, explosões e tiroteios. Medusa Deluxe rema contra isso e traz frescor para o gênero.

Conclusão

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As tiradas de comédia são pontuais, as cenas de tensão são certeiras e a ideia de deixar o espectador confuso fazem de Medusa Deluxe uma experiência e tanto para os cinéfilos. Será normal se perder na linha temporal do começo, principalmente quando alguns acontecimentos serão narrados.

No entanto, no fim, garanto que tudo fará sentido e, quando você entender o conceito da Medusa, sua cabeça vai explodir. Porém, como nem tudo é perfeito, os sinais sobre a conclusão são meio óbvios e jogador na cara do espectador em certos momentos, o que pode estragar a construção da narrativa.

De qualquer forma, Medusa Deluxe é um longa que merece uma chance, já que traz tantas ideias interessantes, que mesclam o subjetivo e o que está claro para o espectador.

Vale lembrar que o longa estreia nos cinemas de todo o Brasil na próxima quinta-feira (15). Para quem assina o streaming do Mubi, Medusa Deluxe estreia em 4 de agosto.