[Review] Mount & Blade II: Bannerlord é uma sequência digna para a clássica franquia
Com otimizações gráficas e de mecânicas, Mount & Blade II: Bannerlord alcança, mais uma vez, o topo do nicho de RPGs estratégicosBy - Igor Shimabukuro, 31 janeiro 2023 às 8:30
Desenvolvido pela TaleWorlds Entertainment, Mount & Blade II: Bannerlord é a mais nova entrada de uma das maiores franquias de RPG de estratégia da indústria gamer. E como é de se esperar, o game promete tudo (e mais um pouco) que os jogadores esperam: exploração, liberdade, escolhas e batalhas (muitas batalhas).
Fazer parte de uma franquia aclamada é um desafio, mas também uma grande oportunidade de atrair novos e velhos jogadores. E para a alegria da comunidade, o mais novo jogo caminha com uma estratégia interessante neste sentido, com uma trama agradável, além de mecânicas e gráficos aprimorados.
Mas nada melhor que um bom teste, certo? E para explorar toda a experiência prometida, o blog KaBuM! aceitou o desafio de testar o game e contar todos os elementos presentes na jogatina.
O declínio do Império Calradiano
Primeiramente, é importante destacar que Mount & Blade II: Bannerlord é ambientado em uma época 200 anos antes dos acontecimentos de Mount & Blade: Warband, lançado em 2010. Inclusive, o título aborda a formação de diferentes reinos — falaremos deles mais para frente — que foram vistos em outros games da franquia.
O jogo tem como foco o declínio do Império Calradiano, uma região extensa cercada por florestas, desertos, montanhas e neve. Em Mount & Blade II: Bannerlord, o território é relativamente similar ao mapa de Warband, mas abrange uma área maior e com mais diversidade de montanhas, lagos e baías.
Poucas informações foram reveladas sobre a história original. Contudo, é dito que a região permaneceu em paz durante muito tempo — após uma grande guerra sangrenta, é verdade — até que a disseminação da corrupção, a divergência de interesses e a formação de novas facções culminou em uma verdadeira guerra civil pelo poder.
Curiosamente, a narrativa tem como inspiração um evento histórico que aconteceu na vida real: a queda do Império Romano. Na época, diversos povos (como alanos, suevos, hunos, saxões, entre outros) invadiram as terras romanas após o enfraquecimento da parte ocidental do Império.
E é justamente neste cenário conturbado que o jogador iniciará sua jornada. Consequentemente, escolhas — um dos grandes pontos fortes do título — serão necessárias: lutar para reestabelecer a ordem e manter o Império ou seguir por um caminho diferente e possibilitar a ascensão de novas lideranças.
Por mais difícil que pareça a escolha, acredite: há uma ampla gama de caminhos possíveis para serem traçados.
Preparativos e definições antes do caos generalizado
Como um bom RPG, Mount & Blade II: Bannerlord também disponibiliza diversas classes (chamadas in-game de facções) para que o player traçe seu próprio rumo durante a gameplay. Naturalmente, cada uma delas possui seus prós e contras: os Asserais, por exemplo, gastam menos na construção de caravanas, mas têm mais custos diários de tropas.
Antes da ação começar, o jogador poderá escolher uma entre as seis facções.
- Vlândios
Os vlândios são descendentes dos aventureiros do oeste que se tornaram uma sociedade feudal organizada e liderada por uma classe nobre beligerante. Costumam lutar a cavalo com lanças.
- Estúrgios
Conhecidos pelas habilidades de caça e pela familiaridade com florestas geladas, os estúrgios são descendentes das tribos estrangeiras da Calrádia do norte.
- Império
Os calradianos são basicamente os remanescentes que persistem na reestruturação do Império. São conhecidos por estudos metódicos e apurados de estratégias de defesa.
- Asserais
Habitantes do deserto de Nahasa, os asserais são uma mistura de beduínos com fazendeiros de oásis sedentários. São famosos pela destreza sobre o cavalo e, principalmente, por conhecimentos em medicina.
- Khozaits
Ex-nômades, os khozaits se estabeleceram na fronteira oriental do Império. Possuem um alto nível de afinidade por cavalos e arco e flecha.
- Batanianos
Do norte de Calrádia, os batanianos são guerreiros ferozes, que pintam o rosto quando vão para batalhas, e que preferem utilizar machadões e espadas de duas mãos durante o combate.
Vale destacar que existem ainda facções menores em Mount & Blade II: Bannerlord, similares a mercenários e saqueadores. E mesmo que o player já tenha escolhido sua cultura, poderá juntar-se a esses outros grupos posteriormente.
Felizmente, a escolha do povo não é o único tipo de personalização do game. Durante a criação do personagem, por exemplo, é possível definir aspectos físicos como rosto, cabelo, peso, altura e uma série de outros recursos de aparência
Posteriormente, será possível escolher mais opções sobre a origem de sua família. Parece algo meramente narrativo, mas as decisões vão interferir nos seis atributos progressivos do personagem: vigor, controle, resistência, astúcia, social e inteligência.
Aqui, vale destacar o grande leque de personalização de Mount & Blade II: Bannerlord. As escolhas iniciam-se antes mesmo do início dos combates e são essenciais para que o player foque no estilo de sua jornada, o que ajuda na contextualização e ambientação da história.
Uma trajetória de exploração, estratégia e batalhas (muitas batalhas)
Já falando sobre a gameplay, vale um aviso antecipado: Mount & Blade II: Bannerlord ainda será marcado por batalhas épicas, mas elas não serão o único elemento presente no game. Além das jornadas de exploração, o player também terá de lidar com escolhas e habilidades de gestão.
Passado o tutorial de combate — que resume-se a ataques com armas de curta ou longa distância e defesas com escudos — será possível navegar pelo mapa até chegar a outros reinos. Neste momento, o jogo ganha uma perspectiva isométrica ao maior estilo RPG de tabuleiro.
Um dos perigos neste momento do jogo são os vândalos e saqueadores que circulam entre as regiões. Topar com um grupo desses pode significar batalhas iminentes ou negociações desvantajosas. Aí, vale calcular bem o número de tropas inimigas para saber se a melhor decisão é desviar dos inimigos ou enfrentá-los.
Ao chegar em outros reinos será possível conhecer mais os membros políticos daquela determinada região. Tem o espírito de Dora aventureira? Então adentre o local e explore por si mesmo. Quer poupar tempo? Então use as opções disponíveis e limite-se a diálogos com caixas de texto.
Neste ponto, chegamos a outro momento de decisões. Será possível fazer alianças com outros reinos, recrutar tropas, fazer comércios, batalhar em arenas, realizar pequenos favores (em troca de algumas recompensas) ou saquear a vila. Mas cuidado: lembre-se que esses reinos podem fazer parte de determinada aliança e qualquer decisão futura acarretará em consequências.
As batalhas são a cereja do bolo. Os combates podem ser difíceis para quem não está acostumado com as jogatinas da franquia, mas tornam-se mais amigáveis após um pouco de prática. Um ponto importante é que não será necessário apenas dedo, mas também estratégia.
Por falar nisso, Mount & Blade II: Bannerlord traz um leque rico em estratégias de batalha. É possível escolher a disposição das tropas, realizar flancos ou mesmo tentar investidas mais sorrateiras. Sem dúvidas, é um dos grandes pontos fortes do game.
Mas para a jornada, será necessário mostrar que também é um bom comandante. Como é de se imaginar, mais tropas significa mais poder em jogo e possibilidades de realizar mais coisas. Por outro lado, vai exigir mais ouro, comida e outros recursos para a manutenção do grupo.
Daí em diante, cabe ao player decidir qual será sua trajetória em Bannerlord. E um spoiler é que a jornada pode ser relativamente longa, já que pode durar facilmente mais de 100 horas para que o modo campanha seja finalizado por completo.
Modos adicionais complementam ainda mais a experiência
O famoso “sem tempo, irmão” também é levado em conta em Mount & Blade II: Bannerlord. Isso porque, quem não tem muita paciência para fechar o jogo (ou mesmo para aqueles que já zeraram) podem partir direto para batalhas em outros modos.
No modo multiplayer, o jogador se deparará contra jogadores reais em batalhas mano a mano ou guerras gigantescas. O único ponto negativo são as longas filas (algumas podem durar mais de duas horas) e o fato de não existir um servidor da América Latina. De todo modo, prepare-se para muito sangue muita diversão.
Já no modo de batalhas personalizadas, o player terá a oportunidade de iniciar uma guerra generalizada contra bots de inteligência artificial. Basta escolher as facções, o número de soldados, o mapa e partir para o caos sem precedentes.
Mas afinal, Mount & Blade II: Bannerlord vale ou não vale a pena?
A pergunta de milhões é fácil de ser respondida: vale (e muito). Mesmo quem não está acostumado pode se surpreender com o RPG de ação/estratégia da TaleWorlds Entertainment. Para quem gosta, será uma desculpa a mais para dar uma chance ao game.
Personalizações fazem parte do título (e da série) e são interessantes. As escolhas, que variam de gameplay para gameplay, ajudam a deixar o game menos monótono. As batalhas, apesar de um pouco difíceis, são o ápice da experiência, enquanto os modos adicionais complementam a jogatina.
Talvez esses motivos expliquem o fato do jogo estar com uma avaliação altíssima na Steam. E se a voz do povo é a voz de Deus…
*O game foi analisado por meio de uma cópia via Steam fornecida pela TaleWorlds Entertainment.
Comentários