Sony rechaça proposta da Microsoft de manter Call of Duty no PlayStation
CEO Jim Ryan disse que ideia é “inadequada em vários níveis” e que não considera o impacto nos usuários da marca PlayStationBy - Rafael Arbulu, 8 setembro 2022 às 11:18
A gigante japonesa Sony não gostou nem um pouco da proposta feita pela Microsoft de manter os jogos da franquia Call of Duty no PlayStation, com seu CEO, Jim Ryan, referindo-se à ela como “inadequada em vários níveis”, de acordo com o GamesIndustry.
A declaração refere-se à oferta que a Microsoft fez para a aquisição da Activision Blizzard, a dona de Call of Duty. A fim de se evitar que reguladores econômicos de vários países (incluindo o Brasil) barrassem a negociação avaliada em US$ 69 bilhões (R$ 359,45 bilhões), a empresa americana disse ter oferecido um acordo para manter os jogos da franquia de tiro em primeira pessoa em seu concorrente, ao invés de torná-lo uma propriedade exclusiva.
Nos últimos dias, o chefe da divisão Xbox na Microsoft, Phil Spencer, confirmou ter enviado uma carta a Jim Ryan, afirmando que manteria o acordo que a Sony tinha com a Activision antes da proposta de compra, e também o estenderia por “vários anos” além. Com o CEO de PlayStation comentando publicamente o caso, agora sabemos que “vários anos” significa “três anos”.
Segundo o líder do PlayStation:
“Eu não tinha intenção de comentar no que eu entendi como uma discussão privada de negócios, mas senti a necessidade de esclarecer a situação já que Phil a trouxe para a esfera pública. A Microsoft ofereceu manter Call of Duty no PlayStation por somente três anos após o atual acordo entre Activision e Sony.
Depois de quase 20 anos da franquia em nossos consoles, a proposta dela foi inadequada em vários níveis e falhou em considerar o impacto em nossos jogadores. Nós queremos garantir que usuários do PlayStation continuem tendo a mais alta experiência de Call of Duty, e a proposta da Microsoft derruba esse princípio.”
Embora a negociação entre Microsoft e Activision seja válida do ponto de vista privado, diversos reguladores econômicos estão questionando a aquisição, com temores de que, caso ela siga em frente, a empresa de Redmond vá transformar todas as propriedades intelectuais da Activision em produtos exclusivos da marca Xbox.
PlayStation exalta Call of Duty
Call of Duty é uma das séries de jogos mais bem sucedidas da história dos jogos, e quase todo ano, uma edição da franquia leva várias premiações. A série, no entanto, é mundialmente conhecida por servir uma gama multiplataforma de jogadores: atualmente, ela é publicada nas duas principais plataformas, mas também nos PCs e até em smartphones. Neste ano, Modern Warfare II está previsto para lançamento em outubro, para ambas as plataformas.
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Com o acordo da Microsoft e Activision seguindo seu curso, diversos reguladores estão colocando em xeque a ideia de que uma propriedade intelectual antes diversificada se torne um produto de nicho – algo que, no entendimento de alguns, pode até violar leis de proteção econômica, como legislações antitruste ou defesas contra cartelização.
No Brasil, a Sony afirmou que Call of Duty é um jogo sem concorrentes e que, portanto, seria seu próprio gênero. Embora não seja esse o caso (a presença de Battlefield, por exemplo, nivela o campo de concorrência entre as duas franquias), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) cedeu ouvidos a ambas as partes e, até o momento, não tomou uma decisão.
No Reino Unido, a Autoridade de Concorrência e Mercado (CMA, na sigla em inglês) mostrou preocupações com a possibilidade de a aquisição “reduzir a capacidade competitiva do mercado britânico de jogos”. De acordo com o CEO da Activision Blizzard, Bobby Kotick, no entanto, as avaliações estão “avançando progressivamente conforme o esperado” em favor da aquisição.
A Microsoft e a Activision não comentaram as palavras de Jim Ryan.
via GamesIndustry
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