Em mais uma rodada de demissões de um já instável 2023, os estúdios Bungie confirmaram o corte de aproximadamente 100 funcionários de seu quadro trabalhista. A medida dá continuidade à recente prática de cortes de custos da divisão PlayStation da Sony – a gigante japonesa é dona do estúdio desde janeiro de 2022.

As demissões acabaram criando um efeito negativo em projetos já em andamento no estúdio: a Bungie vem desenvolvendo o remake de Marathon e a última expansão (DLC) de Destiny 2, chamada “A Forma Final” (The Final Shape, no original em inglês). Esta parte ainda não foi confirmada, mas a Bloomberg diz que ambos foram adiados para 2025. Os projetos chegariam em fevereiro e junho do ano que vem.

“Hoje é um dia muito triste na Bungie, já que estamos nos despedindo de colegas que trouxeram um impacto significativo ao nosso estúdio. A contribuição desses indivíduos excepcionais em nossos jogos e à cultura da Bungie foi enorme e sempre será uma parte da empresa por muito tempo no nosso futuro.” – Pete Parsons, CEO

A notícia foi originalmente veiculada pela Bloomberg que, até a publicação, havia recebido a dica de fontes anônimas próximas ao processo de corte. Uma vez que a história ganhou tração nas redes sociais, o próprio estúdio veio a público para confirmá-la. A Sony não fez nenhum comentário sobre o assunto. Entretanto, o GameRant afirma que a decisão partiu do próprio estúdio, não da japonesa.

Imagem mostra cena de "Queda da Luz", a nova expansão de Destiny 2, da Bungie

Destiny 2, atualmente o principal jogo da Bungie, teve sua expansão final adiada devido a corte de funcionários (Imagem: Bungie/Divulgação)

Cortes na Bungie são o episódio mais recente de um 2023 problemático para os videogames

O ano de 2023 apresenta uma dualidade particularmente preocupante: por um lado, é um dos anos com mais lançamentos bem recebidos da história – Baldur’s Gate 3, Street Fighter 6 e vários outros jogos não nos deixam mentir.

Por outro lado, no aspecto corporativo, este vem sendo um ano preocupante para os gamedevs: de janeiro até aqui, foram mais de 6 mil cortes em de funcionários em vários cargos, espalhados em mais de 100 empresas entre estúdios e publishers, de acordo com levantamento feito pelo VideogameLayoffs.com.

Antes da Bungie, nomes como Media Molecule, Epic Games, Ubisoft, Blizzard e o Grupo Embracer figuram na lista de empresas que optaram pelo downsizing de suas estruturas. E o site acima já até tem atualização depois da Bungie: o estúdio DR, de propriedade da 505 Games, demitiu um número ainda não revelado de funcionários. A empresa é especializada nos jogos de gestão de recursos e estratégia, como Hospital Tycoon, Battle Islands e RISK, por exemplo.

O problema: poucos demitidos estão encontrando recolocações no mercado. A designer narrativa Andrea Saraiva Pérez, que foi ouvida pelo Axios após perder seu trabalho no estúdio Firaxis, disse que o ano atual está simplesmente instável: “2022 foi provavelmente o melhor ano para quem queria começar a trabalhar com videogames. Mas 2023, muitos vão concordar, está pior que 2009”, ela disse, em referência ao ano em que boa parte do mundo entrou em recessão.

Pior ainda: mesmo diante de um capital humano cada vez menor disponível, há empresas do setor que advogam para o aumento de preço por unidade dos jogos para o consumidor final. Os orçamentos estão ficando cada vez maiores para esse tipo de função, efetivamente tornando o processo de criação mais e mais caro.

É possível especular, no entanto, que esses orçamentos milionários não estão sendo revertidos em investimento humano: a possibilidade dos profissionais dos jogos ingressarem à greve do SAG-AFTRA, sindicato de atores de Hollywood, é em parte um reflexo disso.

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