Depois de assédio, atriz do remake de ‘Resident Evil 4’ desativa perfis nas redes sociais
Lily Gao, que deu vida à personagem Ada Wong em ‘Resident Evil 4’, recebeu críticas e ofensas bem pesadas quanto à sua atuação no jogoBy - Rafael Arbulu, 4 abril 2023 às 17:08
É normal recebermos críticas adversas ao nosso trabalho, mas a linha não muito tênue que separa isso da ofensa gratuita é algo que o internauta ainda não consegue conceber: infelizmente, a vítima mais recente disso é a atriz Lily Gao, que interpretou a personagem Ada Wong no remake de Resident Evil 4.
O assédio começou logo após o lançamento do jogo, no último dia 23. Alguns dias depois, Gao começou a receber críticas sobre a sua atuação, o que a levou a desabilitar comentários em seus posts nas redes sociais. O assédio gratuito, no entanto, continuou, efetivamente levando a atriz a desligar seus perfis em todos os canais, conforme aponta o IGN.
y’all always take things way too far.. pic.twitter.com/WIJGcVMYNS
— gossip activist (@alicunts) April 1, 2023
De fato, pelo tuíte acima, as críticas realmente pesaram a mão, muito desnecessariamente, vale citar. O desgosto pelo desempenho da atriz foi sucedido por votos de que ela não conseguisse mais trabalhar, ou então afirmações insanas como “parecia até que você estava de ressaca e teve que pegar um avião”.
Vale lembrar que Gao não é nenhuma novata no universo da franquia da Capcom: antes de Resident Evil 4, ela deu vida à mesma personagem no filme Bem-Vindo a Raccoon City e vinha sendo cotada para assumir o papel mais uma vez na série da Netflix nomeada a partir da franquia – o que não foi para frente porque a série toda acabou cancelada.
A publisher japonesa Capcom inclusive elogiou o trabalho de Lily Gao em Resident Evil 4. Não apenas a empresa, mas uma boa parcela da franquia também, felizmente, saiu em sua defesa, elogiando seu trabalho de dublagem e rechaçando as ofensas negativas que ela sofreu.
Ainda assim, a atriz preferiu “sair de cena”. Uma verdadeira pena. Nem ela, nem Capcom falaram sobre o assunto até o momento.
Resident Evil 4 não foi o primeiro caso de assédio
Por mais lamentável que seja lembrar disso de novo e de novo (e de novo, e de novo…), o caso de Lily Gao não foi a primeira situação de assédio e ataques gratuitos a atrizes que atuam nos videogames.
Em julho de 2020, a atriz Laura Bailey – que viveu Abby em The Last of Us Part II – chegou a sofrer ameaças de morte devido às ações de sua personagem no jogo. Neste caso, a coisa foi ainda pior já que as ameaças tinham tom de veracidade e, por incrível que pareça, não tinham nada a ver com o desempenho da atriz, mas sim por causa de uma construção de roteiro onde ela, literalmente, teve zero responsabilidade.
Man. I try to only post positive stuff on here… but sometimes this just gets a little overwhelming. I blacked out some of the words cuz, ya know, spoilers.
Side note. Thank you to all the people sending me positive messages to balance it out. It means more than I can say.❤️ pic.twitter.com/kGyULWPpNu
— Laura Bailey (@LauraBaileyVO) July 3, 2020
Fora do rótulo de “atriz”, outras figuras proeminentes também sofreram com assédio, machismo e misoginia que levaram a ataques por vezes bastante perigosos. Quem não lembra de Zöe Quinn e toda a celeuma que levou ao nascimento do movimento misógino Gamergate? Ou as sempre evidentes ameaças à crítica e comunicadora Anita Sarkeesian, cujo “pecado” foi o de apontar problemas em estereótipos femininos e como eles eram aproveitados em jogos?
O ponto é: discordar do trabalho de alguém é perfeitamente válido dentro do campo da argumentação. Mas se sua “argumentação” envolve desejar – ou, pior, praticar – o mal à outra pessoa, então você não tem muita consistência, nem confia no próprio taco, certo?
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