Facebook causa danos à saúde mental, comprova estudo

Muitos estudos têm encontrado uma correlação do uso de mídias sociais e sintomas negativos relacionados à saúde mental. O que até então não se sabia é se elas eram, de fato, a causadora de danos mentais. Ao que indica, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, MIT Sloan School of Management e Bocconi University comprovou a relação de causa que aponta para o impacto negativo do Facebook na saúde mental de estudantes universitários norte-americanos.

O estudo liderado pelo Dr. Roee Levy da Berglas School of Economics da Universidade de Tel Aviv, Prof. Alexey Makarin do MIT Sloan School of Management, e Prof. Luca Braghieri da Universidade de Bocconi foi premiado no Encontro Europeu da Sociedade Econômica 2022 (ESEM) e será publicado na revista científica American Economic Review.

“Nos últimos quinze anos, as tendências da saúde mental de adolescentes e jovens adultos nos Estados Unidos pioraram consideravelmente”, diz o Prof. Braghieri. “Uma vez que tal agravamento nas tendências coincidiu com o surgimento das mídias sociais, parecia plausível especular que os dois fenômenos poderiam estar relacionados”.

Imagem: Kev Costello/Unsplash

Chegada do Facebook e a piora da saúde mental

O estudo relaciona o advento do Facebook, quando ainda se restringia aos alunos que tinham o endereço de e-mail da Universidade de Harvard em 2004, e dois anos depois, com a expansão da rede social para outras faculdades fora dos EUA e para o público geral, em setembro de 2006.

Ao analisar o impacto da mídia social, comparando as faculdades que tinham acesso à plataforma e as que eram excluídas, os pesquisadores notam que houve aumento no número de estudantes que relatam depressão grave e ansiedade (7% e 20% respectivamente).

Para chegar aos resultados, o estudo combinou dois conjuntos de dados diferentes: as datas específicas em que o Facebook foi introduzido em 775 faculdades americanas e a pesquisa periódica realizada nas faculdades norte-americanas, a National College Health Assessment (NCHA).

Imagem: Solen Feyissa/Unsplash

Dentre as perguntas da NCHA, os pesquisadores selecionaram 15 perguntas para montar um índice, nos quais foram questionados sobre sua saúde mental no ano passado. Ao comparar as respostas, eles encontrar uma piora estatisticamente significativa nos sintomas de saúde mental, especialmente depressão e ansiedade, após a chegada do Facebook:

• aumento de 7% no número de estudantes que relataram ter sofrido, pelo menos uma vez durante o ano anterior, uma depressão tão grave que foi difícil para eles continuarem;
• 20% de aumento no número de estudantes que relataram distúrbios de ansiedade;
• 2% de aumento no número de estudantes suscetíveis a passarem por depressão moderada a severa;
• aumento de 3% no número de estudantes que sofreram prejuízo no desempenho acadêmico devido à depressão ou ansiedade.

Comparações sociais

“Ao estudar os mecanismos potenciais, colocamos a hipótese de que comparações sociais desfavoráveis poderiam explicar os efeitos que encontramos, e que os estudantes mais suscetíveis a tais comparações eram mais propensos a sofrer efeitos negativos”, observa Dr. Levy da Universidade de Tel Aviv.