Uma das maiores características de The Last of Us, da HBO, é a fidelidade com o jogo que deu origem à produção. Isso fica evidente em diversos momentos, já que a trama segue, basicamente, o mesmo caminho.

No entanto, isso foi levemente alterado no último domingo (29), já que o terceiro episódio da primeira temporada trouxe algumas mudanças muito bem-vindas para a trama – e que foram citadas em nosso review.

O que acontece é que Neil Druckmann e Craig Mazin, cocriadores da série, quiseram explorar ainda mais a relação de Bill e Frank no episódio. No game, ambos têm uma relação e isso fica claro em diversos momentos – porém, até então, nada disso tinha sido aprofundado.

Com a chegada do episódio, pudemos ver como eles se conheceram, como passaram quase 20 anos juntos – conhecendo Joel e Tess durante este período – e como terminaram sua história – fim que é significativamente diferente do game da Naughty Dog.

The Last of Us

Imagem: HBO

Esse rumo diferente para a história – que dividiu opiniões na internet -, nos entregou um dos episódios mais intimistas da série, ao mesmo tempo que se torna um dos melhores da temporada, principalmente por mostrar exatamente o que os criadores querem transmitir com a produção: pelo que vale a pena viver?

É perceptível que a série The Last of Us coloca os espectadores no papel dos jogadores do segundo game, ao trazer uma narrativa focada no amor em meio às adversidades, ao mesmo tempo em que cria uma sensação de desamparo, principalmente porque tudo pode acabar a qualquer momento, por conta das condições do mundo em que a história se passa.

The Last of Us

Imagem: HBO

Em The Last of Us Part II, a narrativa apresentada é focada no amor e em como as pessoas são capazes de fazer tudo por quem se ama. E é justamente isso que vimos aqui – e não falo exclusivamente da relação de Bill e Frank, embora o foco seja esse neste momento.

Isso fica claro no momento em que, ao se ver acometido por uma doença terminal, Frank decide que não quer mais viver e, por isso, faz planos para passar um dia perfeito ao lado de seu amado. Os planos incluem o casamento dos dois e um jantar – em que Bill prepara a mesma refeição do dia em que se conheceram.

Ao fim, Frank pede para que Bill coloque vários remédios em sua taça de vinho para que possa morrer dormindo nos braços de quem ama. Sabendo que não iria conseguir viver sem o amor de sua vida, Bill – que chamou Frank de “seu propósito” em um momento tocante do episódio -, decide também colocar os remédios na garrafa de vinho para poder morrer com Frank.

The Last of Us

Imagem: HBO

A cena levanta um debate muito intenso sobre as relações abordadas na série e como a narrativa é afetada por conta da motivação de todos em manter quem ama protegido. O que é bem diferente do primeiro The Last of Us, pegando como exemplo essa relação do Bill e Frank, em que não interagimos com ambos, já que Frank é encontrado enforcado e, em um bilhete, deixa claro que decidiu fugir da cidade porque cansou de passar seus dias ao lado de Bill, mas que, durante essa ideia, foi infectado e decidiu acabar com sua vida.

As relações de The Last of Us

Imagem mostra cena da série The Last of Us

Imagem: HBO Max/Reprodução

Essa, apesar de ser uma das mais aprofundadas até então, não é a única relação que bebe da fonte dessa nova proposta de Neil Druckmann para a série de The Last of Us – e que, novamente, está muito presente no segundo game.

É visível que há um foco maior nas relações dos personagens e nos diferentes tipos de amor em várias relações, como pai e filha (Joel e Sarah; Joel e Ellie), companheiros (Tess e Joel), irmãos (Joel e Tommy) e romântico (Bill e Frank).

Todos eles se tornam muito mais difíceis e intensos por conta da situação em que se encontram – e isso fica claro na série, principalmente quando Bill conversa com Frank e diz que nunca teve medo antes de seu amado aparecer.

Explicando com o contexto, quer dizer que, a partir do momento em que se apaixonou, havia um medo crescente de que esse sentimento chegasse ao fim repentinamente por conta do fungo que matou grande parte da população no mundo da série.

The Last of Us, série da HBO

Imagem: Divulgação/HBO

Essa questão também se reflete nas outras relações presentes na produção, como citado por Neil Druckmann ao falar de Joel. Segundo ele, a mudança na trama serviu como um sinal de alerta para Joel, que, sem alguém para cuidar, não via sentido em sobreviver.

Ao perder Tess no segundo episódio e ter revivido essa memória na carta escrita por Bill, Joel pode ter o sentimento de ter falhado em proteger quem ama. Portanto, ao que parece, é a partir dali que a relação com Ellie deve se tornar cada vez mais forte, já que ele se afeiçoou à menina – mas que, até então, a tratava apenas como uma missão de entrega.

De qualquer forma, resta saber como os criadores vão aprofundar ainda mais as relações dos personagens – se é que isso vai acontecer em algum outro momento. Mesmo assim, o episódio dedicado a Bill e Frank foi bastante poético e mostrou que amar também é fazer escolhas difíceis.

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