Segundo um recente relatório feito pela Nielsen, a audiência das plataformas de streaming superou a de TV a cabo nos Estados Unidos. Embora muitos considerassem isso uma questão de tempo, é a primeira vez que tal feito ocorre na nação norte-americana.

A diferença não foi tanta quanto possa parecer: em julho, 34,8% dos espectadores selecionaram uma das muitas plataformas de streaming nos EUA, contra 34,4% se mantendo fiéis à TV a cabo. Vale lembrar que isso não vale para todo o mercado de transmissão audiovisual, com o mercado americano de canais abertos ainda representando 21,6%.

Mercado de streaming superou a audiência da TV a cabo nos EUA, mas oferta de pacotes vem aproximando os dois setores

Mercado de streaming superou a audiência da TV a cabo nos EUA, mas oferta de pacotes vem aproximando os dois setores (Imagem: Tech Daily/Unsplash)

A vantagem histórica foi alavancada pelo volume de lançamentos no mercado de conteúdo sob demanda: enquanto a Netflix abocanhou 8% do setor com o lançamento da quarta temporada de Stranger Things, a Amazon Prime ficou com 3% graças à terceira temporada de The Boys e o lançamento de A Lista Terminal. Paralelamente, a Disney+, que não estreou novidades em sua plataforma, ficou com apenas 1,8%, a mesma situação dos 1% da HBO Max.

Vale lembrar, no entanto, que os números das duas últimas podem mudar daqui para frente: She-Hulk estreou na primeira plataforma hoje (18), enquanto a segunda está perto de inaugurar House of the Dragon (uma spin off de Game of Thrones) no próximo dia 21.

Mais além, a TV a cabo viu a sua grande dependência nas exibições esportivas perder o ritmo: nos EUA, jogos da NBA (basquete) e NHL (hóquei) não estão vingando como costumavam, e a ausência de um evento global como os Jogos Olímpicos apenas catalisou o aumento da queda.

É difícil de ser se o embalo do streaming nos EUA manterá o setor acima da TV a cabo, mas por ora, é o vídeo sob demanda quem está levando vantagem.

Streaming versus TV a cabo

Paralelamente, os EUA estão em vias de vivenciar uma situação diferente nesse embate entre os dois setores: já não é de hoje que o streaming depende de uma plataforma que apenas oferece catálogo por um valor por assinatura, mas vem estudando formatos e parcerias que ambicionam criar “combos” e pacotes específicos dentro de preços diferenciados.

Sabe quem fazia muito isso? A TV a cabo.

A Netflix, por exemplo, já confirmou a intenção de lançar um plano gratuito, com receita vinda de anúncios publicitários. Tal plano, apontam rumores, não permitirá que o usuário faça o download dos filmes e séries da empresa, ao contrário do que se vê nas versões pagas.

A Disney separa suas ofertas entre Disney+ e Star+, determinando o conteúdo conforme a produtora: Marvel e Lucasfilm, por exemplo, ficam relegados à primeira opção, enquanto o conteúdo obtido após a histórica aquisição da FOX entram na segunda – cada qual tem seu plano e seu preço de assinatura.

Tudo indica, contudo, que esse “novo velho padrão” possa chegar ao Brasil, segundo a Folha de São Paulo: “na América Latina nós estamos repetindo um ciclo similar ao de mercados mais avançados, em que os serviços por assinatura puxaram a primeira onda de crescimento do setor. Com a penetração de TVs conectadas, para além dos domicílios de alta renda, agora haverá um crescimento de serviços baseados em publicidade”, disse ao jornal Rafael Pallares, diretor latino-americano da Magnite, uma plataforma de venda de mídia digital.

Segundo o executivo, em um levantamento conduzido pela sua empresa, mais de 70% dos respondentes da pesquisa afirmaram que trocariam suas assinaturas anuais de preços únicos por opções mais baratas, desde que tivessem maiores opções de conteúdo.

Via Nielsen | Folha de São Paulo

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