Enquanto o preso político e fundador do site WikiLeaks luta contra a iminente extradição aos Estados Unidos, o pai biológico do jornalista percorre o mundo para divulgar “Ithaka — a Luta de Assange”, documentário que retrata por uma perspectiva pessoal a trajetória de um pai lutando pela liberdade do filho. A obra, que teve pré-estreia em Porto Alegre (RS) na quinta-feira (24) com a presença de John Shipton, terá exibições especiais em mais quatro capitais brasileiras nos próximos dias.

Esta semana, John Shipton, pai de Assange, desembarcou no Brasil para promover o documentário “Ithaka — a Luta de Assange” (2021), escrito e dirigido por Ben Lawrence e distribuído pela Pandora Filmes. Apresentado por uma dimensão pessoal e emocional à batalha político-legal travada por Assange, cuja condenação coloca em xeque a liberdade de imprensa no mundo, o longa-metragem acompanha o drama do pai, já idoso, que viaja pela Europa buscando contatos com a mídia e apoiadores para libertar o filho da prisão.

Assange, que foi arrastado da embaixada equatoriana em 11 de abril de 2019, não trava apenas uma batalha com a nação mais poderosa do mundo, que quer acusá-lo de espionagem pelo papel de liberar arquivos diplomáticos que escancaram crimes de guerra, mas seu caso certamente aponta um precedente para que o ofício do jornalismo seja ferido de morte.

Para a pré-estreia, a distribuidora preparou sessões comentadas em cinco capitais brasileiras. Na quinta-feira (24), a exibição aconteceu no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre (RS), com entrada franca e aberta à comunidade em geral, além da presença de Shipton e do jornalista Leandro Demori.

A exibição também acontece no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco, este programado para 31 de agosto, data marcada para estreia nacional do documentário no país. “Ter a presença de John Shipton no Recife na data de estreia de “Ithaka, a Luta de Assange” e a confirmação de sua participação no debate após a sessão promovida pelo Cinema da Fundação é um presente o qual todos os locais que prezam por esses dois pilares da justiça moderna – a liberdade de imprensa e a democracia – deveriam prestigiar”, comentou Luiz Joaquim, coordenador do Cinema da Fundação.

Para Joaquim, a perspectiva do documentário de Lawrence é interessante, ao escolher conceitualmente seguir o pai de Assange, John Shipton, e a esposa do ativista, Stella Devant, em uma luta desigual para mostrar ao mundo que Assange é a vítima e não o algoz.

Em todas as cidades em que será exibido o longa, Shipton deve participar de encontros com autoridades e movimentos sociais vinculados à defesa da liberdade de expressão. Em São Paulo, ele participará de um debate ao lado da jornalista Natália Viana e do pesquisador Rodolfo Avelino após a sessão.

Pai de Assange é recebido por ministro e agradece apoio ao filho

Em entrevista à TV Brasil, Shipton disse que o objetivo do documentário é mostrar o que os governos podem fazer para censurar as publicações da imprensa. “Ver isso no documentário nos arma para futuros confrontos, nos dá ferramentas para ajudar os governos a entender que existem outros meios de governar um país”, comenta o pai de Assange. A prisão, segundo ele, fere a liberdade de imprensa globalmente. “Qual jornalista vai querer passar 14 anos preso e gastar milhões de dólares para pagar advogados por sua liberdade? O jornalismo está sendo pressionado por todo o mundo”, critica.

Na manhã de terça-feira (22), o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) Paulo Pimenta recebeu Shipton no Planalto. Em um depoimento, Pimenta disse que o presidente brasileiro, que está na África do Sul para a 15ª Cúpula do BRICS, estava ciente e apoiava a visita do pai de Assange ao país. “Quando falei ao presidente Lula que ia recebê-lo, Lula pediu para transmitir para o senhor o respeito por sua luta e o sentimento de inconformidade dele diante do silêncio da mídia sobre o caso”, disse Pimenta.

“A gente agradece muito sua vista, Shipton, e reafirmamos o compromisso do nosso governo com a sua luta, a do Assange, e o nosso compromisso com a liberdade de expressão. Defendemos quem tem coragem de buscar um mundo melhor”, completou o ministro.

pai do jornalista preso está no Brasil para divulgar documentário

Imagem: Lucas Leffa/Secom

Em agradecimento ao apoio, Shipton lembrou que já esteve com o presidente Lula pessoalmente em Genebra e em Paris. “Lula tem sido um advogado e um amigo formidável”, disse.

Como a maior parte dos líderes sul-americanos, o presidente do Brasil também defende a liberdade de Assange, como demonstrou recentemente em uma visita ao Reino Unido. “A postura do presidente Lula é muito importante para mim. É um grande conforto para a nossa família. Sei da importância de ele estar na reunião do BRICS, então agradeço ao ministro a generosidade, em meu nome e do Julian. Desejo tudo de melhor para o futuro do Brasil e que em breve a gente possa celebrar”, completou Shipton.

Serviço: pré-estreia do documentário ‘Ithaka — a Luta de Assange’ em São Paulo

'Ithaka — a Luta de Assange': pai de jornalista preso está no Brasil para divulgar documentário

Imagem: reprodução/Petra Belas Artes

Data: segunda-feira, 28 de agosto
Horário: 19h30
Onde: Petra Belas Artes (Rua da Consolação, 2423 – Consolação – São Paulo/SP)
Ingressos: venda online
Inteira: R$ 20,00 + Serviço: R$ 2,40
Meia: R$ 10,00 + Serviço: R$ 1,20
Classificação: 12 anos; legendado
Gênero: documentário
Duração: 01h46
Informações sobre exibição em outras capitais

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