O filme Operação Hunt (título original: Hunt) é a mais nova empreitada de Lee Jung-jae, que protagonizou a série sul-coreana Round 6, da Netflix. O filme estreou nesta quinta-feira (2) nos cinemas brasileiros e traz uma trama explosiva e complexa.

Distribuído pela Synapse Distribution na América Latina, o longa-metragem foi exibido no Festival de Cannes de 2022 e tem direção assinada pelo próprio Jung-jae. O astro também foi corroteirista ao lado de Jo Seung-hee, e coprodutor ao lado de Han Jae-duk.

Com participação ativa detrás e à frente das câmeras, Jung-jae comprova que possui talento de sobra, principalmente ao conduzir uma trama complexa e intrigante de espionagem (com bastante liberdade criativa para encaixar cenas explosivas de ação), situada na violenta década de 1980 da Coreia do Sul.

Contexto histórico de Operação Hunt

Isso porque Operação Hunt é baseado em eventos reais. O filme tem como base alguns acontecimentos históricos do país, como o Movimento de Democratização de Gwangju de 1980 (também conhecido como o Massacre de Gwangju), a deserção do piloto Lee Ung-pyeong da Coreia do Norte, em 1983, e o ataque terrorista de Aung San, que ocorreu no mesmo ano.

Durante este período, a Coreia do Sul é comandada por Chun Doo-hwan. Embora seja o 5º presidente do país, ele foi um ditador que organizou um golpe de estado em 1980 e permaneceu no poder até 1987, quando renunciou ao cargo após o movimento democrático liderado por estudantes que exigiram um sistema eleitoral direto.

Operação Hunt é, portanto, situado em um momento extremamente delicado da história da Coreia do Sul, mas o longa-metragem pouco contextualiza o espectador sobre tais eventos. Ainda que figuras históricas apareçam ao longo do filme, a trama gira em torno de outros elementos. Felizmente, a produção foca em conflitos internos e deixa os eventos internacionais em segundo plano (uma decisão acertada para não confundir o espectador).

Mesmos objetivos vs. diferentes princípios

Crítica | Operação Hunt coloca astro de Round 6 nos holofotes de uma trama de espionagem
Crítica | Operação Hunt coloca astro de Round 6 nos holofotes de uma trama de espionagem
Crítica | Operação Hunt coloca astro de Round 6 nos holofotes de uma trama de espionagem

A tensão política, a paranoia e o clima de conspiração são ingredientes responsáveis por apimentar a rivalidade entre os protagonistas Park Pyung-ho (interpretado por Jung-jae) e Kim Jung-do (vivido por Jung Woo-sung). Ambos são integrantes da Agência Central de Inteligência Sul-Coreana e o principal objetivo dos dois é expor a identidade de um traidor, infiltrado pela Coreia do Norte.

Em meio às investigações, eles acabam descobrindo a existência de um plano para assassinar o atual presidente do país. Embora sejam movidos por ideais diferentes, os dois agentes agem à própria maneira para impedir que o assassinato se concretize, afinal, os rivais do Norte podem se aproveitar da situação de instabilidade e tomar o país.

A partir disso, se instaura uma das melhores dinâmicas trabalhadas pelo filme: o jogo de gato e rato entre Park Pyung-ho e Kim Jung-do. Os dois desconfiam assiduamente um do outro e movem suas próprias peças em um envolvente, intenso e disperso jogo de xadrez, que faz o espectador fixar os olhos na tela.

Ação, explosões e violência

Crítica | Operação Hunt coloca astro de Round 6 nos holofotes de uma trama de espionagem
Crítica | Operação Hunt coloca astro de Round 6 nos holofotes de uma trama de espionagem
Crítica | Operação Hunt coloca astro de Round 6 nos holofotes de uma trama de espionagem
Crítica | Operação Hunt coloca astro de Round 6 nos holofotes de uma trama de espionagem

Para complementar, Operação Hunt entrega ótimas cenas de ação, com muita perseguição, explosões e tiroteios que não perdem em nada para produções hollywoodianas de grande orçamento. Entretanto, a produção definitivamente não é recomendada para o público abaixo de sua classificação indicativa, pois existem inúmeras cenas de tortura e bastante violência.

Ainda que o contexto seja o período histórico tomado por uma ditadura, Operação Hunt consegue equilibrar o ritmo de desenvolvimento, alternando entre uma trama madura de política e conspiração e quantidades acertadas (mas às vezes exageradas) de ação para agradar ao público mais entusiasta deste gênero.

Ao mesmo tempo, existem muitas reviravoltas que podem acabar confundindo o espectador menos atento — seja aos acontecimentos narrados no filme, ou aos eventos históricos da Coreia do Sul.

Operação Hunt vale a pena?

Crítica | Operação Hunt coloca astro de Round 6 nos holofotes de uma trama de espionagem
Crítica | Operação Hunt coloca astro de Round 6 nos holofotes de uma trama de espionagem
Crítica | Operação Hunt coloca astro de Round 6 nos holofotes de uma trama de espionagem

Muito! As atuações de Jung-jae e de Woo-sung estão no ponto certo e convencem o espectador, ao mesmo tempo em que a dubiedade de suas ações mantém a desconfiança em relação às  verdadeiras intenções de ambas as figuras até os últimos momentos.

A dinâmica de rivalidade da dupla é uma dos pontos altos da trama, já que os eventos que costuram o filme entregam um recorte muito pequeno (e interno) do que, de fato, aconteceu na realidade. 

Mesmo assim, assisti-los lidar com escolhas complexas e desafiar seus próprios valores enquanto lutam contra o autoritarismo é um deleite. Eu, por exemplo, de tão envolvida que estava na narrativa, sequer percebi passar os 131 minutos de duração do longa-metragem.

O blog KaBuM! assistiu Operação Hunt em uma sessão virtual exclusiva para a imprensa, a convite da Synapse Distribution. O longa-metragem tem 2h11m de duração e pode ser assistido exclusivamente nos cinemas.

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