[Crítica] ‘Super Mario: O Filme’ tem tudo para ser a animação do ano
Produção da Nintendo e Universal, filme do encanador bigodudo dos games segue o enredo canônico, mas aposta alto em easter eggsBy - Rafael Arbulu, 4 abril 2023 às 16:00
Quando foi anunciado, em 2018, a animação “Super Mario: O Filme” tomou o noticiário de assalto e, como tudo que envolve uma franquia da icônica publisher japonesa Nintendo, as expectativas eram altas. Felizmente, depois de assistir o filme a convite da Universal, que co-produz a animação, o blog KaBuM! pode afirmar que todas elas são correspondidas.
O filme não tenta fazer nenhuma ousadia, preferindo jogar com a segurança do enredo canônico. Entretanto, o que pode soar como uma medida entediante na verdade se prova muito acertada, com a Nintendo pulverizando easter eggs relacionados não só a outros jogos da empresa, mas também a outros pilares ligados diretamente ao encanador bigodudo que dá nome ao filme.
O filme começa com Bowser, o Rei dos Koopas, invadindo o reino dos Pinguins (não fica claro se é a Cool, Cool Mountain ou Snowman’s Land) e exigindo a rendição – tal qual você viu no trailer acima. Imediatamente, o filme corta para o Brooklyn, Nova York, onde os irmãos Mario e Luigi tentam fazer vingar sua recém-criada empresa de serviços de encanamento.
Obviamente, não vamos avançar muito nesta parte já que, rapidinho, entraríamos no terreno dos spoilers – e esta é uma animação para se ver com todas as surpresas: basta dizer que por diversas reviravoltas, os dois irmãos acabam entrando pelo cano (sim, exatamente o que você pensou) e enquanto um vai parar no Reino dos Cogumelos e conhecer a toda empoderada Princesa Peach, o outro acaba caindo no Reino das Sombras e capturado pelas forças do vilão reptiliano.
Bowser, aliás, tem um “big” objetivo: casar com a princesa – ou enfiar a porrada com todos os reinos caso ela recuse. Claramente, um homem simples, de fácil agradabilidade.
Dentro desse pano de fundo, o que nos é servido na telona é um pouquinho mais de uma hora e meia (fora a cena pós créditos) onde quase todo tipo de referência a jogos da Nintendo que envolvem o Super Mario são exibidas de forma majestosa.
E quando falamos que são muitas, acredite, são muitas: desde pequenas coisas, como Mario e Luigi correndo com os braços abertos – tal qual faziam em Super Mario World no Super NES – até coisas maiores, como cenas em progressão lateral e até partes que remetem com força a Super Smash Bros.
É evidente que existem algumas inconsistências – o cogumelo humanóide Toad parece ser excessivamente biruta (sim, até para os padrões do personagem, o filme não se acanha de colocá-lo como algo…demais, sem lá muito motivo) e Luigi, particularmente, achei mal aproveitado.
Mas tudo isso é ignorável frente à multitude de gracejos bem armados dentro da progressão narrativa. Não, você não terá muitas surpresas, considerando que a história é a original com alguns retoques semi realistas apenas para fundamentar a coisa. Mas a forma como ela se desenrola vai fazer você se lembrar de coisas que curtiu no passado, quando jogava os jogos do Super Mario ou, se você for mais velho como toda a nossa equipe, menos o Igor e o Luiz, o Jumpman.
E a trilha sonora, embalada por várias interpretações diferentes das músicas que servem de tema aos jogos do personagem – ao mesmo tempo, facilmente reconhecíveis, mas ainda surpreendentes considerando que elas são tocadas em versões inéditas, algumas com piano, outras com saxofone. Tudo isso envelopado em um visual que faz jus à fama colorida dos jogos, contemplando ampla vivacidade e alto contraste.
Em resumo, é um deleite sensorial do melhor tipo, onde você estará rindo com os olhos pregados na tela e ouvidos atentos. Não são muitos os filmes que conseguem cumprir esses três pilares ao mesmo tempo. E Super Mario: O Filme não apenas cumpre esse papel – ele o faz parecer fácil.
‘Super Mario’ atende a veteranos e a novatos
Em um mundo tão heterogêneo como o nosso, é de esperar que algumas poucas pessoas não reconheçam – ou, pelo menos, não tenham tanto apreço – pelo mascote mais conhecido da Nintendo: afinal de contas, tem muita gente nova por aí, e muita gente velha que cresceu fora dos videogames.
Ainda assim, Super Mario: O Filme foi concebido de forma a abraçar também aqueles que não são tão familiarizados com o seu conceito. Evidente que o sabor é diferente quando você é fã – o filme foi feito para você, afinal – mas a forma como a animação progride causa uma boa impressão inicial que só perdura ao longo de todo o longa. Particularmente, eu só me lembro de uma sensação similar quando assisti ao primeiro Toy Story.
Alguns easter eggs passarão batido para essas pessoas, mas a Nintendo e a Universal compensaram isso ao amarrar todos os elementos primários do filme dentro de explicações comédicas sem precisar de um “tutorial” do que é cada ícone, movimento ou nome. É tudo contado de forma elegante, para que ninguém fique perdido: os veteranos vão achar algumas explicações óbvias, mas isso já é algo de se esperar.
O lado bom disso é que ninguém fica perdido, e todos conseguem se divertir em pé de igualdade. O lado ruim…é que não tem lado ruim. Sério, nós tentamos encontrar algum motivo que servisse de crítica, mas mesmo as inconsistências acima são subjetivas, e não tiram nada da experiência completa.
De uma arriscada, apostamos que Super Mario: O Filme tem tudo para ser um dos principais lançamentos do ano de 2023. Com 99% de certeza, ele vai agradar a todo mundo que for assisti-lo no cinema – não apenas o saudoso nintendista, mas também os “sonystas” e “caixistas”, se é que há algum sentido nessa guerrinha boba de plataformas.
E se pudermos recomendar algo, a nossa ideia para você é: veja o filme dublado. O nosso português brasileiro, em muitos aspectos, deixa a dublagem norte-americana no chinelo e o filme, bem mais engraçado que Chris Pratt como o protagonista (apesar de Charles Martinet, a voz original do Mario no jogo, estar no filme).
Super Mario: O Filme tem estreia marcada para 6 de abril nos cinemas brasileiros.
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