Quem já está integrado ao universo de live streaming, consequentemente está familiarizado com a Twitch. E não há segredos nisso: a plataforma de transmissão ao vivo da Amazon vem crescendo fervorosamente ano a ano e já é conhecida como o maior serviço do setor há alguns bons anos.

Reacts do Casimiro, transmissões de algum streamer jogando o seu título predileto e campeonatos de Esports são apenas algumas das programações disponíveis na Twitch. Embora a plataforma seja conhecida pelas lives de jogatina, tem se tornado palco para diversas outras transmissões — quase sempre no guarda-chuva do entretenimento.

Live do Casimiro na Twitc

Live do streamer Casimiro – Imagem: Reprodução/Casimiro

Mas assim como o Google domina os motores de busca e o iFood lidera o segmento de comidas por aplicativo aqui no Brasil, a Twitch domina — com larga vantagem — o setor de live streaming. E os números (abordaremos eles posteriormente) explicitam bem toda essa liderança.

Mas claro, toda essa hegemonia da plataforma levantam diversas questões sobre o caminho de sucesso da companhia, as condições para criadores de conteúdo e a concorrência do mercado em geral. Por conta disso, o blog KaBuM! preparou um especial divido em três partes para analisar diversos pontos importantes dessa relação entre Twitch e o mercado de transmissões ao vivo.

E aqui vai um spoiler: essa primeira parte focará justamente em mostrar o domínio da Twitch perante a outras plataformas de live streaming.

A trajetória da Twitch

Mas antes de falar do sucesso da plataforma, vale relembrar de como ela chegou ao mercado. Para quem não sabe, a Twitch surgiu em 2011, como um spin-off da finada plataforma Justin.tv. A Justin já trazia a ideia de transmissões ao vivo, mas a forte adesão da comunidade gamer fizeram com que os donos repensassem a estrutura do serviço.

Justin.tv, antiga Twitch

Design da antiga Justin.tv – Imagem: Reprodução

“Precisávamos de um lugar dedicado aos jogos. Então, basicamente começamos de novo. Usamos muito da infraestrutura Justin.tv, mas eu realmente tentei voltar à estaca zero e dizer… O que é certo para jogos e não apenas vídeo ao vivo?”, revelou à Forbes, Emmett Shear, cofundador da Justin.tv e da Twitch.

Deu certo. Com a mudança, a plataforma continuou atraindo fãs de videogames e streamers focados em transmitir suas jogatinas. De certo modo, o serviço mostrou como qualquer usuário comum poderia ligar seu computador e fazer lives de gameplays ao mesmo tempo em que interagia com o público.

No primeiro mês de operação, a plataforma já contava com 8 milhões de espectadores mensais únicos. Esse número saltou para 17 milhões após um ano em atividade e para 45 milhões em 2013, um ano antes do encerramento da Justin.tv e da aquisição da Twitch pela Amazon por US$ 970 milhões.

Incrivelmente, a ascensão não parou. Surfando no crescimento do cenário gamer, a Twitch passou a introduzir formas de monetização para seus criadores e também tornou-se o principal palco para transmissões ao vivo de torneios de Esports.

Com o aprimoramento de políticas do site, restrições a conteúdos NFSW, bem como a adição de outras categorias de transmissões — inclusive, já fizemos uma matéria dedicada a este assunto que pode ser acessada por meio deste link — foram essenciais para um crescimento sem precedentes.

O resultado disso? Um crescimento massivo e sólido de viewers e criadores de conteúdo nos anos seguintes.

Gráfico Twitch

Crescimento de viewers na Twitch ao longo dos anos – Imagem: Reprodução/Twitch Tracker

Gráfico Twitch

Crescimento de streamers na Twitch ao longo do anos – Imagem: Reprodução/Twitch Tracker

Destruindo a concorrência

Os números individuais já seriam suficientes para justificar a dominância da Twitch perante as concorrentes. Mas quando os dados das rivais são colocados em jogo, a hegemonia fica ainda mais evidente.

Novamente, a Twitch já vinha dominando o mercado de streaming desde os seus primórdios. Em 2014, por exemplo, a plataforma já era responsável por uma fatia de quase 44% do setor, superando (e muito) serviços concorrentes de esportes e de notícias.

Gráfico Twitch

Fatia do tráfego de live streaming por volume em 2014 – Imagem: Reprodução/Qwilt

E de lá para cá, a dominância não mudou. Independentemente do semestre, do ano, do crescimento de rivais ou da chegada de novos players, a plataforma de live streaming da Amazon continuou na liderança. Melhor dizendo: aumentou a superioridade perante suas rivais.

[ESPECIAL] A hegemonia da Twitch no mercado de live streaming
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[ESPECIAL] A hegemonia da Twitch no mercado de live streaming
[ESPECIAL] A hegemonia da Twitch no mercado de live streaming

Aliás, informações mais recentes divulgadas pelo Streamlabs mostram que essa soberania se mantém nos dias atuais. Dados compilados do primeiro trimestre de 2022 revelam que a Twitch conquistou mais 7,7% da fatia de espectadores do mercado em relação ao último trimestre de 2021.

Além disso, a plataforma foi a única entre os principais serviços de streaming que cresceu nos três primeiros meses de 2022.

Gráficos Twitch 2022

Horas assistidas em plataformas de streaming durante o primeiro trimestre de 2022 – Imagem: Reprodução/Streamlabs

Como explicar tamanho sucesso?

Os números explicam o cenário, mas não esclarecem como a Twitch chegou a um patamar visto por muitos como uma espécie de “monopólio”. Mas existem quatro fatores que justificam este posto, mesmo com algumas movimentações contestadas — falaremos mais na segunda parte desse especial — adotada pela plataforma.

1. Pioneirismo

É aquela velha história: quem chega primeiro, costuma perdurar ao longo dos anos. Usando parte da estrutura da Justin.tv, a Twitch conseguiu explorar o mercado de live streaming desde o começo, tornando-se referência no segmento desde os primeiros anos em atividade.

Isso não só atraiu precocemente olhares de investidores, mas também a audiência — o que nos leva ao segundo ponto.

2. Visibilidade

O sucesso depende do público — seja ele de streamers ou de viewers. E se a Twitch conseguiu despontar como a principal marca do setor, é natural que tenha atraído toda a comunidade de espectadores e criadores de conteúdo para lá. E a dominância é consequência de tudo isso.

Inclusive, essa opinião é quase um consenso entre os streamers. E é também a visão da criadora de conteúdo Melissa “Seacaos” Munis, que completou um ano de trabalho na plataforma em fevereiro de 2022.

“Acredito que a Twitch siga como a principal plataforma de live streaming por conta da visibilidade. Muito dos streamers conhecidos são de lá, então isso faz com que a plataforma tenha um público maior. Fora que ali os streamers têm mais chances de se destacar no que gosta de fazer e isso é um ponto positivo”, contou “Seacaos” ao blog KaBuM!.

3. Interface “amigável”

Interface Twitch

Interface da Twitch – Imagem: Reprodução

E, bem, outro fator que explica a adesão da comunidade gamer é a interface da plataforma. Quem está antenado no universo de live streaming sabe como memes e a interação com o público são essenciais para fidelizar a relação streamer-viewer. E com recursos simples e uma interface visualmente bonita, tudo fica mais fácil.

Sempre que qualquer marca ou público quiser pesquisar o que assistir, vai encontrar mais facilmente na Twitch. Lá é muito mais fácil, o chat é bonito e organizado. É muito melhor”, pontuou ao blog KaBuM!, Stephany “Stesereia” Aragão, criadora de conteúdo da plataforma.

4. Surf na onda da ascensão gamer

Por fim, é importante destacar que a plataforma de live streaming da Amazon surgiu em um momento de ascensão do cenário gamer. Consequentemente, o serviço colheu os frutos deste crescimento da indústria de jogos e do cenário de Esports como um todo, desde 2013 até o boom com a pandemia de coronavírus.

Ao criar categorias além dos games, a plataforma também abre espaço para criadores de conteúdo focados no entretenimento em geral, seja com reacts, programas interativos, live-actions ou outras programações. E isso certamente será algo essencial para os próximos anos que virão.

Na próxima parte deste especial, falaremos sobre as recentes mudanças da Twitch, que têm impactado a vida (e o bolso) dos criadores de conteúdo. Portanto, não deixe de ficar ligado aqui mesmo no blog KaBuM! para entender um pouco mais das live streamings, cujas ocupações são consideradas como “a profissão do futuro”.

Nos vemos lá!

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