Sorria chega com a promessa de ser um filme de terror que vai assustar até mesmo os mais corajosos. Mas será que o filme consegue isso? Adianto que, de certa forma ele é competente em alguns pontos, mas peca em outros bastante cruciais.

O blog KaBuM! foi convidado para conferir o filme em primeira mão antes da estreia oficial, marcada para a próxima quinta-feira (29), e conta tudo o que achou.

História básica, assim como grande parte do filme

O longa conta a história da Dra. Rose Cotter (Sosie Bacon), uma psicóloga que trabalha em um hospital cuidando de pacientes recorrentes – ou que chegam até lá após episódios traumáticos. No entanto, sua vida passa por uma reviravolta quando uma de suas pacientes relata estar sendo perseguida por uma entidade que está sempre sorrindo.

Em certo momento, enquanto tenta entender de onde esse trauma pode estar vindo, a paciente simplesmente surta e começa a gritar que a coisa está ali, pronta para matá-la. Quando a médica vai pedir ajuda, a paciente se cala e simplesmente se suicida na frente da médica, causando um trauma irreparável em Rose. É aí que o filme começa.

Filme Sorria

Imagem: Divulgação

Sem falar muito sobre a trama para não dar spoilers, Sorria segue uma linha linear de narrativa, vista em muitos filmes recentes do gênero, em que a protagonista começa a ser perseguida por algo maligno ao mesmo tempo em que tenta descobrir sua origem para dar um fim ao perigo.

No entanto, o que chama a atenção aqui é a forma como tudo isso é contado, já que, em certos momentos, usa de subjetividade para transmitir sentimentos.

O uso das cores e cortes em Sorria

Sorria

Imagem: Divulgação

Isso fica bastante claro no primeiro terço do filme, em que os tons pasteis são usados para mostrar a forma como Rose está se sentindo. Nesse primeiro momento, ela transita muito pelo rosa e pelo azul, mas, no decorrer do longa, essas cores vão se alternando.

Eu diria até que o diretor, Parker Finn – que também assina o roteiro -, quis criar uma atmosfera de filme mais rebuscada, e com diversas camadas, mas que, a partir de certo momento, acaba caindo na mesma receita pronta dos filmes de terror modernos – muitos sustos para tentar esconder um roteiro simples, mas que, para o público certo, funciona.

Sorria

Imagem: Divulgação

Não me entendam mal, eu adoro um filme daqueles de terror que, quanto mais sustos, melhor, mas a ideia aqui – pelo menos o que pareceu -, é que o diretor queria tentar algo diferente do comum, mas desistiu no meio do caminho – seja por falta de verba ou porque alguém disse que isso não funcionaria.

Mesmo assim, o longa conta com bons cortes, transições competentes e movimentos de câmera bem interessantes. Além disso, outro ponto que vale a pena destacar o quanto o filme engana os espectadores em alguns momentos.

Há planos de câmera bastante abertos e que mostram, além dos personagens, os cenários. E como a maioria deles encontra-se em um dos cantos da tela, fica todo o restante sem nada e, portanto, por estarmos acostumados aos filmes de terror no geral, é normal procurarmos por rostos, corpos e outras coisas usadas para compor o fator surpresa desses segmentos.

Em Sorria não há isso, são apenas cenários vazios e sem qualquer movimentação estranha. No entanto, isso é um dos triunfos do longa, já que abre espaço para outras abordagens dos sustos – não necessariamente originais e inovadoras.

Momentos de tensão e sustos

Sorria

Imagem: Divulgação

Não se deixe enganar, apesar de tentar ser um filme mais sério, Sorria não entrega os sustos, o famoso jump scare, mais marcantes. Isso porque grande parte é previsível. Porém, há alguns que pegam os espectadores de jeito.

Em um dos mais eficientes, a mente de quem assiste é enganada de maneira perfeita. Foi possível sentir a tensão durante a cena enquanto a sala de cinema estava em completo silêncio. Todos estavam absortos na situação e envolvidos com a tensão transmitida pela personagem de Rose.

Filme Sorria

Imagem: Divulgação

Confesso que, apesar de previsível, como já disse, alguns sustos me pegaram totalmente desprevenido, justamente por ser um longa que trata basicamente de traumas, a mente é colocada à prova a todo momento. Se isso fosse mais aproveitado, teríamos talvez um filme mais bem contribuído.

De qualquer forma, o roteiro consegue levar o espectador para o ponto-chave da trama, em que tudo começa a fazer sentido. O argumento para tudo que está acontecendo convence, mas chama a atenção para alguns furos e inconsistências – principalmente em relação a um trauma da infância de Rose, que a justificativa é totalmente sem sentido.

Mesmo assim, o filme cumpre seu papel de amarrar a história para que o espectador não precise pensar e montar teorias sobre os acontecimentos – mesmo que a fórmula seja parecida com o que vimos em outros filmes de maldição nos últimos dez anos.

Elenco e trilha sonora

Antes de falar do elenco, quero falar da trilha sonora – ou, na verdade, da falta dela. A sonoplastia na questão musical é quase inexistência. Há apenas uma música de tensão em momentos-chave. Fora isso, o filme fica quase que no completo silêncio.

Essa característica é boa, já que abre espaço para os barulhos naturais do cenário – objetos caindo, passos e portas se abrindo. Essa questão, querendo ou não, ajuda o filme a construir uma atmosfera de tensão por toda sua extensão.

Filme Sorria

Imagem: Divulgação

Infelizmente, no caso do elenco não é possível dizer o mesmo. A atuação de Sosie Bacon é muito boa, mas se perde em diversos momentos. A questão aqui é que parece que o roteiro não ajuda a personagem, fazendo com que ela, mesmo sendo uma psicóloga, se deixe levar por toda a situação muito rapidamente, sem ao menos se questionar se tudo o que aconteceu não pode ser fruto de sua mente – algo comum nesse tipo de profissional em filmes de terror.

A outra parte do elenco, principalmente o noivo de Rose, Trevor (Jessie Usher) não consegue expressar emoção nenhuma. Ele só aparece em cena para duvidar da sanidade da amada e para dizer que não aguenta tudo o que está acontecendo.

E aí, vale a pena?

Sorria

Imagem: Divulgação

A questão final aqui é que Sorria termina totalmente previsível, já que bebe da fórmula repetida à exaustão no cinema. Como se trata de um filme que mexe com a mente, uma pegadinha que foi feita próxima ao fim seria um encerramento mais digno do que o mostrado na produção.

Há furos de roteiro, pontas soltas que não foram explicadas e coisas que poderiam ser diferentes. Isso é fato. No entanto, esse pode ser daqueles filmes que você vai assistir com a mente desligada com os amigos ou namorado (a).

Não há pretensão alguma de se manter sério, já que há até algumas piadas – que dificilmente funcionam, mas que estão lá.

Sorria é um filme de terror que segue a mesma linha de vários outros que saíram nos últimos anos, mas essa é uma fórmula que funciona, traz sustos e diverte na medida do possível. Portanto, é uma boa pedida para quem só quer algo legal para ver em um fim de semana.

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