A primeira coisa que se nota ao começar Cult of the Lamb é seu visual fofíssimo estilizado. E no segundo seguinte, vem a sensação de que algo está errado, pois como é possível que algo tão bonitinho esteja ambientado em um cenário e história tão macabros…? 

As sensações mistas logo somem e dão lugar à intriga e à curiosidade. E é assim que Cult of the Lamb te fisga por horas a fio, sem você sequer perceber o tempo passar, como se realmente tivesse sido doutrinado para adorar somente a ele. Este é mais um grande acerto publicado pela Devolver Digital.

O game, desenvolvido pelo estúdio Massive Monster, te coloca logo nos segundos iniciais no controle de um cordeiro — o último de sua espécie. Ele está prestes a ser sacrificado por quatro entidades maléficas misteriosas, para impedir que uma profecia se realize. O destino do pobre animal é, infelizmente, impossível de escapar (acredite, eu tentei muito).

Porém, logo que o carrasco decepa-lhe a cabeça, o cordeiro encontra-se com Ele, chamado comumente de Aquele Que Espera Lá Embaixo. A criatura foi aprisionada pelos quatro bispos que você conhece anteriormente, os quais desejam preservar a Antiga Fé.

Em troca de uma segunda chance, todavia, o cordeiro deve começar um culto para adorar Aquele Que Espera Lá Embaixo, além de derrotar os quatro bispos. E para tanto, a criatura lhe concede uma Coroa Vermelha, para que assim, ele se torne o representante oficial d’Ele. É assim que a aventura começa.

Menos é mais em Cult of the Lamb

Apresentada a premissa básica de Cult of the Lamb, resta ao cordeiro escapar e encontrar um local onde ele possa criar seu culto e prosperar. O jogador é então apresentado à jogabilidade de ação, com batalhas que consistem em atacar e desviar por meio de um rolamento. Claro que mais tarde o protagonista ganha novas habilidades e magias, mas por hora, deve se virar com os comandos básicos.

Imagem de Cult of the Lamb

Imagem: Devolver Digital/Reprodução

Tudo isso se desenrola com um visual gráfico estilizado simples, mas lindo — a máxima do “menos é mais”. As animações de movimentos são suaves, e combinadas às respostas refinadas dos comandos, tudo flui muito bem e muito rápido. Dá gosto de ver, literalmente, principalmente quando você recebe a chance de vingar o inocente cordeiro.

Quem nunca gerenciou um culto, não é mesmo?

Além das batalhas, a outra parte da jogabilidade de Cult of the Lamb se resume a gerenciar recursos para crescer seu próprio culto de adoração. Por isso, você deve salvar e doutrinar outros seres, e depois providenciar para que nada lhes falte.

Cuidar de seus devotos inclui cozinhar preferencialmente alimentos que não os deixem mal ou fatigados, mandá-los repousar se/quando ficam doentes (e limpar o vômito e as fezes que eles deixam), construir camas e abrigos para que eles possam dormir, entre outros cuidados básicos.

Imagem de Cult of the Lamb

Imagem: Devolver Digital/Reprodução

Em troca, os membros de seu culto vão deixar oferendas, cuidar das plantações (desde que você providencie sementes e um sistema de irrigação), ir atrás de madeira, pedras e outros materiais para construção, etc., etc. 

Vale mencionar também outra função dos devotos — talvez a principal delas — que é orar em seu nome no altar. Quanto mais eles oram, mais pontos de adoração você pode coletar, para trocar por atividades, construções e outras habilidades na árvore do seu culto.

E o ciclo se completa quando você constrói tudo que é necessário para sua comunidade funcionar, incluindo um templo para pregar sermões todos os dias, fazer rituais e instaurar novas doutrinas para o culto através de uma mecânica que serve para elevar os atributos do grupo como um todo.

Imagem de Cult of the Lamb

Imagem: Devolver Digital/Reprodução

Você pode ainda abençoar seus seguidores, cobrar dízimo, prender aqueles que se rebelam, assassinar devotos por quaisquer motivos, e claro, atender aos pedidos mais esdrúxulos deles. Certa vez, um deles pediu que o cordeiro cozinhasse uma refeição de fezes para outro membro do culto. 

Caso você recuse esses pedidos, a fé da comunidade se abala, o que praticamente te obriga a aprontar de vez em quando com os devotos, mesmo contra sua vontade. Há também outras ações que podem abaixar a devoção dos seguidores, então é bom dar atenção a eles sempre que possível.

E quando não há recursos para construir, enviar devotos em missões, realizar rituais e qualquer outra atividade que um bom culto precisa, é hora de se aventurar nas masmorras…

Prover, acolher e vencer o (outro) mal

Imagem de Cult of the Lamb

Imagem: Devolver Digital/Reprodução

Cult of the Lamb pode ser definido com um viciante roguelite com elementos de dungeon crawler e gerenciamento de recursos, já que você tem que explorar masmorras para coletar materiais, acolher/converter novos seguidores e encontrar tesouros (como cartas de tarô com habilidades fixas), entre outras relíquias. Mas essas características podem simplificar demais a experiência.

Os mapas das masmorras vão ficando cada vez mais maiores à medida que são exploradas com cada vez mais opções de caminhos, recursos e desafios espalhados pelas sessões. Além disso, a cada retorno, as salas são geradas de maneira aleatória, bem como as armas e magias que você ganha no início da exploração.

É possível ainda levar um dos devotos com você, desde que você tenha realizado um ritual de possessão demoníaca, e caso perca todos os corações, se tiver a habilidade de sacrifício, pode usar um de seus seguidores como moeda de troca por mais uma chance.

Imagem de Cult of the Lamb

Imagem: Devolver Digital/Reprodução

Ao final da sessão, você enfrenta os devotos mais fortes dos quatro bispos maléficos, e após vencer todos, é chegada a hora do verdadeiro desafio: batalhar contra as entidades. Cada uma delas habita um ecossistema diferente e possui seu próprio culto — o que garante diferentes recursos por área para coletar.

Só mais cinco minutinhos…

Misturar diferentes elementos pode parecer uma bagunça, mas tudo funciona em perfeita sinergia em Cult of the Lamb. Quando me dei por conta, a primeira jogada durou seis horas de duração, quando era para ter durado apenas duas — afinal, eu tinha acabado de instalar o game e estava apenas testando.

A segunda jogada durou ainda mais horas, sem que eu percebesse o tempo passar! A terceira jogada então… Praticamente voou! E assim sucessivamente. E enquanto meu culto crescia, a cada novo ritual eu só conseguia ficar maravilhada e horrorizada ao mesmo tempo pela mescla perfeita do fofo com o macabro.

Imagem de Cult of the Lamb

Imagem: Devolver Digital/Reprodução

Ainda assim, não consegui tirar as mãos do controle, vencendo os bispos, desbloqueando novas habilidades, expandindo o culto, coletando cada vez mais recursos, abrindo novas áreas do mapa geral, e assim por diante. Me tornei uma seguidora do culto do cordeiro sem nem ao menos perceber.

Por isso, não há muito o que dizer. Não resista, apenas junte-se a Cult of the Lamb. Estamos esperando por você.


Cult of the Lamb foi analisado por meio de uma cópia para PC fornecida pela Devolver Digital.

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