Metaverso: muito além de um balcão de negócios para dívidas
Ambiente virtual pode ser uma das promessas para resolver um problema crônico no BrasilBy - Eric Garmes, 2 agosto 2022 às 0:52
Imagine se além dos canais convencionais de relacionamento entre empresas e consumidores, como o telefone ou do deslocamento até um local físico, fosse possível renegociar suas dívidas no conforto de sua casa, com uma experiência diferente e com condições extremamente vantajosas. Interessante, não é mesmo? Pois saiba que esse cenário pode acontecer em um futuro não muito distante – e dentro de um ambiente totalmente virtual.
O Metaverso, a expressão do momento que ganhou popularidade com a mudança de nome do Grupo Facebook para Meta em outubro de 2021, abre inúmeras possibilidades para diferentes setores. Isso inclui, evidentemente, a renegociação de dívidas entre os consumidores e empresas, permitindo ampliar ainda mais o relacionamento entre as partes em busca de uma alternativa boa para todos e com uma experiência diferente em mais um canal. Quando falamos em centralidade no cliente é importante que todos os canais sejam considerados, afinal de contas é o consumidor que irá escolher aquele que melhor lhe convier.
A expectativa em torno das vantagens e recursos é grande, principalmente entre os brasileiros. Mesmo que 80% da população ainda não tenha tido contato com algum recurso desta tecnologia, segundo a plataforma de pesquisas Toluna, acreditamos mais do que a média mundial de que terá um impacto positivo em nossas vidas.
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, seis em cada dez brasileiros (60%) acreditam que será algo positivo para as pessoas – a média mundial ficou em 50%. Além disso, dois terços (67%) da população nacional espera uma mudança significativa em diversas áreas por conta do Metaverso nos próximos dez anos, como aprendizagem virtual, entretenimento, trabalho e até saúde.
Para quem não está familiarizado com essa proposta, trata-se da criação de ambientes virtuais imersivos em que a pessoa acessa com seu avatar graças às tecnologias de realidade virtual e aumentada, como os óculos e joysticks. A ideia é que o indivíduo consiga realizar tudo aquilo que ele faz no mundo real, como trabalhar, estudar, se divertir e socializar.
Proveniente dos videogames, já existem alguns projetos em andamento que testam as possibilidades do Metaverso. Ainda que esteja longe de sua plenitude, as primeiras impressões são muito boas. Diversas marcas já exploram os recursos para vender produtos e serviços, grandes empresas criam seus ambientes de trabalho e até mesmo os bancos criam suas “agências” para permitir que as pessoas possam fazer transações.
Assim, se há possibilidade de fazer operações financeiras, é previsível que, cedo ou tarde, a renegociação de dívidas também possa migrar para esse ambiente imersivo. Afinal de contas, a lógica é praticamente a mesma: criar um canal virtual para que as transações possam ocorrer de forma segura, com a transparência, agilidade e experiência desejadas nessa realidade.
Metaverso poderá resolver a inadimplência?
É um novo modelo que pode resolver um problema crônico no Brasil: a inadimplência. Mais de três quartos das famílias brasileiros (77,3%) possuem dívidas, segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Entre os fatores para isso ocorrer, estão a queda na renda das pessoas causada pela alta da inflação e taxas de juros, com isso, a dificuldade de renegociar débitos em boas condições para favorecer o pagamento.
E como o Metaverso pode resolver essas questões? Primeiro, é preciso entender que as transações nesse ambiente são possibilitadas pelo avanço do blockchain, base da maioria dos criptoativos existentes hoje. Essa tecnologia criptografa a informação digital (o que pode incluir o valor monetário) e divide em pequenos blocos que viajam pela web até chegar no seu destino e formar a corrente de blocos que forma a informação completa.
Sendo assim, cria-se um novo ambiente de pagamentos, também impulsionados pelos tokens, chaves de acesso a diferentes recursos e oportunidades e que possui seu smart contract, o documento que rege aquela operação específica. Isso permite que uma empresa possa renegociar as dívidas de seus consumidores estabelecendo parâmetros seguros e protegidos contra potenciais fraudes, além de possibilitar até mesmo o pagamento em tokens e criptoativos dentro do Metaverso.
O segundo tópico é justamente a possibilidade de relacionamento entre marcas e usuários dentro do ambiente imersivo. Sim, renegociar dívidas também envolve um trabalho de comunicação e de aproximação para garantir que todos saiam satisfeitos. Por mais paradoxal que seja, o Metaverso pode humanizar ainda mais esse processo, uma vez que a pessoa pode “deslocar” seu avatar ao ambiente da empresa e interagir com outras pessoas que comandam avatares. Não vai ter aquela sensação de conversar com um robô e a negociação pode ser mais fluida.
Evidentemente, essas situações ainda são possibilidades do que pode acontecer. O Metaverso, como já citamos, ainda não atingiu sua plenitude – e depende de diversos avanços tecnológicos para que isso ocorra. Mesmo assim, é um caminho sem volta para empresas, organizações e usuários. Quanto mais cedo aprofundarmos o conhecimento sobre o tema, mais rápido iremos nos adaptar e aproveitar as vantagens que tem a oferecer. Até mesmo a renegociação de dívidas pode ganhar um formato diferente, imersivo e inovador.
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Eric Garmes é formado em Direito pelo Instituição Toledo de Ensino (ITE), em Bauru/SP. Executivo é focado em relacionamento com cliente, gestão financeira, inovação, cultura organizacional, experiência do cliente e liderança. Atualmente é vice-presidente da Paschoalotto, empresa de relacionamento omnichannel.
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