[O QUE ESTAMOS ASSISTINDO?] Mythic Quest, Boba Fett, All of Us Are Dead, Euphoria: as escolhas de fevereiro

Sabe quando um livro é tão bom que você fica enrolando e saboreando cada página para evitar o (inevitável) final da história? É essa a sensação que eu tenho assistindo Mythic Quest. A produção exclusiva da Apple TV+ conta os bastidores de um estúdio de games que acaba de lançar a primeira expansão de seu MMO. O que poderia ser apenas uma sátira sobre a indústria dos jogos (e a comunidade que a cerca) acaba se tornando um retrato de pessoas apaixonadas por seu trabalho e sua relação com os colegas de serviço.

Tem muita cena engraçada e com a energia ó, lá em cima? Tem sim. Tem episódios completamente devastadores e que vão te fazer chorar? Não me lembra disso não, gente. Vou largar de frescura e assistir à segunda temporada? Fica aí a questão.

Assim que a série O Mandaloriano fez sua estreia, como um bom fã de Star Wars, eu me apressei em assisti-la. Já O Livro de Boba Fett não me chamou tanto a atenção quando saiu, mas precisei apenas do primeiro episódio para mudar a minha opinião.

Apesar do personagem utilizar uma armadura similar a do Mandaloriano, o mesmo tem ações bem diferentes e mostra um lado mais político de uma região. O seriado, confesso, tem um ritmo mais devagar, mas as surpresas nos últimos capítulos compensam cada minuto assistido.

Após adorar assistir Round 6, decidi me aventurar em outros dramas sul-coreanos. Foi aí que surgiu All of Us Are Dead. A série acompanha um grupo de adolescentes presos em uma escola que deve enfrentar um apocalipse zumbi. A série mistura diversos elementos já vistos em filmes e séries do gênero, no entanto, é uma boa pedida para quem procura algo que envolve zumbis. Apesar de ainda estar na metade dos episódios, posso dizer que vale a pena dar uma chance!

Suspense, terror e uma pitada de documentário ficcional. Arquivo 81 é uma série muito legal para quem curte a história da edição em vídeo. Fitas recuperadas de uma documentarista dão início a uma série de acontecimentos relacionados a um prédio em Nova York. Um restaurador se envolve na trama e deixa escapar pelos dedos — literalmente — SVHS, Betamax, miniDVs e outros formatos de antigamente.

Parece anos 70, mas o “passado” do filme (e dos formatos de vídeo que já eram) é de 1994. Destaque para a atuação sempre excelente de Martin Donovan (Weeds/Tenet). Dan Turner, que restaurou as fitas, foi contratado por US$ 100 mil para ir a um lugar secreto sombrio e reformar os vídeos assustadores. Você toparia?

Na série recém-lançada, Xicrinho e Caneco (Cuphead e Mugman, no original) enfrentam aventuras “quase” tão difíceis quanto às do game lançado em 2017. No jogo, a dificuldade chega ao ponto de irritar aqueles com menos intimidade com o joystick — tipo eu. Na TV, os irmãos sempre se dão bem — ou quase isso. Os capítulos são curtos, cerca de 15 minutos cada, o que particularmente acho ótimo, porque dá tempo de encaixar em qualquer pausa do dia! As histórias de Cuphead Show são rápidas, cheias de ação e bem engraçadas em diversos momentos.

O mais surpreendente, além do visual incrível que remete aos desenhos da Disney de mil novecentos e bolinha, é a dublagem brasileira. Confesso que sempre prefiro o idioma original, mas como assisto com o Theo, meu filho de 7 anos, vimos em português. Além das vozes, as músicas ficaram incríveis. Em um dia chegamos quase na metade da temporada, que tem 12 episódios, e já estamos torcendo para que venham mais aventuras pela frente. Para um momento de descontração, boas risadas e para curtir um visual alucinante, vale muito a pena!

Acho que eu e pelo menos metade do mundo deve estar assistindo essa série no momento: Euphoria. A construção da narrativa foi a primeira coisa que me conquistou. Narrado pela protagonista, cada capítulo te entrega um pouco do íntimo de como cada pessoa funciona, em suas próprias falhas e lutas que são muitas vezes (muitas mesmo) dolorosas — é isso que faz o drama ser o que é.

A Zendaya é um fenômeno a parte: ela tem uma atuação impecável, de trazer todas as nuances para Rue Bennett, não apenas as dores características da fase adolescente rebelde em que tudo sempre parece muito maior e muito pior, mas também a camada do vício, dos conflitos que a situação causa para ela mesma e para as pessoas que convivem com ela e a amam. E sinceramente? O elenco como um todo foi escolhido a dedo. A série é intensa, é pesada, é dilacerante, é perturbadora e é profundamente humana. Não preciso nem falar que recomendo (mil vezes), preciso?