Flow Podcast demite Monark após apologia ao nazismo
Agora ex-apresentador do programa, Monark defendeu a existência de um partido político nazista no Brasil na última segunda-feira (7)By - Igor Shimabukuro, 8 fevereiro 2022 às 17:37
Bruno Aiub, também conhecido como “Monark”, não é mais apresentador do Flow Podcast. A demissão foi anunciada na tarde desta terça-feira (8) pelos Estúdios Flow, após o ex-funcionário ter defendido a criação de um partido nazista no Brasil no episódio 545, veiculado na última segunda (7).
No comunicado divulgado, a empresa reforçou o compromisso com a democracia e direitos humanos e anunciou o desligamento de Monark, sem mencionar o ocorrido. O informe traz ainda um pedido de desculpas, especialmente à comunidade judaica, em virtude das declarações do ex-apresentador.
E o desligamento não aconteceu apenas entre Bruno Aiub e o programa. Segundo um pronunciamento oficial de um dos assessores obtido pelo jornalista Cesar Gaglioni, Monark também deixou de ser sócio do Flow — ele dividia a participação da produtora com o apresentador Igor Carvalho.
Entenda o caso
A polêmica aconteceu durante o episódio 545 do Flow Podcast ocorrido na última segunda-feira (7). Em determinado momento do programa, que contou com a participação dos deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB), Monark defendeu a existência de um partido nazista brasileiro.
“Eu sou mais louco do que vocês. Eu acho que tinha de ter partido nazista reconhecido pela lei”, disse o ex-apresentador, defendendo que “uma pessoa antijudaica deveria ter direito” de ser contra o povo judeu.
“Deveria existir um partido Nazista legalizado no Brasil”
“Se o cara for anti-judeu ele tem direito de ser Anti-judeu”
Eu tinha achado que ele tinha superado todos os limites no último papo de racismo, mas ele conseguiu se superar de um jeito… pic.twitter.com/h9Tf7g8TYg
— Levi Kaique Ferreira (@LeviKaique) February 8, 2022
É importante lembrar que a declaração de Bruno Aiub vai contra os princípios do Art. 3, inciso XLI, da Constituição Brasileira que aborda como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a promoção do “bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
O vídeo chegou a ser excluído das plataformas do Flow, mas isso não impediu que os trechos repercutissem de forma estrondosa nas redes sociais. Tanto que os termos “Monark” e “nazista” figuraram nos trending topics do Twitter durante boa parte desta terça. Muitos posts pediam que as marcas patrocinadoras rompessem contrato com o Flow Podcast.
E os pedidos foram atendidos.
Flow perde diversos patrocínios após o episódio
Após a pressão do público, diversas patrocinadoras do programa cortaram relações comerciais com o programa. A Flash Benefícios, por exemplo, publicou uma nota de repúdio às declarações de apologia ao nazismo e solicitou o encerramento imediato de sua relação contratual com os Estúdios Flow.
A mesma ação foi adotada por empresas como Insider Store — que pediu publicamente a demissão de Monark antes mesmo do anúncio oficial — e Fatal Model. Já Sportsbet.io e Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) suspenderam contratos com o Flow Sport Club, que também faz parte do grupo.
Outras companhias também foram a público para repudiar as falas do ex-apresentador e para informar suas relações contratuais com o estúdio. iFood, Puma e Bis, por exemplo, explicaram que fizeram patrocínios pontuais e que não possuem mais relações comerciais com o Flow.
Monark põe culpa no álcool
Antes mesmo da divulgação de demissão, Monark usou o Twitter para pedir desculpas sobre suas declarações. Apesar de admitir que errou, o influencer reforçou que estava bêbado e bateu na tecla de que a “ideia” é defendida em outros lugares do mundo, como nos Estados Unidos.
— ♔ Monark (@monark) February 8, 2022
Bêbado ou sóbrio, Monark agora deve enfrentar as repercussões na Justiça. Vini Caetano, ativista de direitos públicos, já enviou uma denúncia ao Ministério Público de São Paulo. O órgão deve receber ainda um pedido de investigação feito pelo Movimento Judias e Judeus pela Democracia São Paulo.
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