Procon-RJ multa iFood em R$ 1,5 milhão por alterações de nomes de restaurantes
Plataforma de delivery não deu detalhes suficientes para justificar ataque ocorrido em novembro; iFood pode apelar da decisãoBy - Igor Shimabukuro, 9 dezembro 2021 às 17:41
No começo de novembro, o iFood se envolveu em uma baita confusão: cerca de 6% da base de restaurantes cadastrados na plataforma tiveram seus nomes alterados para frases de ataques a políticos e figuras públicas, além de ideias negacionistas. Agora, o Procon do Rio de Janeiro decidiu multar a plataforma em R$ 1,5 milhão.
Relembre o caso iFood
Para quem não se lembra, um funcionário de uma empresa que prestava serviços de atendimento ao iFood resolveu entrar no sistema do app de delivery e alterar o nome de diversos estabelecimentos da plataforma no dia 2 de novembro. E, bem, o infrator bolsonarista tinha alvos bem marcados.
Pouco a pouco, os restaurantes tiveram seus nomes alterados para frases como “Lula Ladrão” e “Bolsonaro 2022”. Isso sem contar nos estabelecimentos que foram renomeados para ataques como “Marielle Franco”, “Vereadora Assassinada em 2018” ou para afirmações falsas de que “Vacinas Matam”.
Cara, ao que tudo indica hackearam o iFood…
Tem um monte de restaurante com nomes tipo “LULA LADRÃO”, “VACINA MATA”, etc
Curtição do feriado de alguém da equipe de segurança do iFood acabou de acabar ? pic.twitter.com/PYDoG6hSiw
— Pedro Fracassi (@plfracassi_) November 3, 2021
O iFood então explicou, em nota, que o incidente ocorreu devido ao uso indevido do funcionário, que tinha acesso legal aos cadastros. A plataforma destacou ainda que os meios de pagamento dos clientes não foram afetados e que não houve “nenhum indício de vazamento da base de dados pessoais de clientes ou entregadores”.
Explicações não foram suficientes para o Procon-RJ
O problema é que os esclarecimentos dados pelo iFood não foram satisfatórios para o Procon-RJ, que exigiu mais detalhes sobre o episódio. Diante do posicionamento da empresa, o órgão exigiu mais detalhes sobre quais informações pessoais são armazenadas e compartilhadas com terceiros.
O Procon também quis saber quais estabelecimentos foram afetados (não só em porcentagem), por quanto tempo os nomes ficaram alterados, qual foi o tempo de resolução, quantas compras foram realizadas durante o incidente, quem é a prestadora de serviços terceirizada e quais são as atribuições da empresa na gestão da plataforma.
Como o iFood não respondeu às exigências, o órgão julgou que a companhia não deu garantias suficientes de segurança dos dados dos clientes e que não se explicou de forma razoável. O resultado? Uma multa de exatos R$ 1.508.240,00, embora a empresa possa apelar da decisão.
Prejuízo em dobro?
Além deste revés, vale lembrar que o serviço de delivery pode sofrer ainda mais prejuízos. Logo após o ocorrido, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) reivindicou por uma compensação financeira aos estabelecimentos afetados no evento.
“Além dos óbvios prejuízos financeiros, que esperamos que sejam compensados pelo aplicativo, e de imagem para os estabelecimentos, o que chama a atenção é a fragilidade demonstrada. Menos mal que a resposta tenha sido rápida, identificando e resolvendo o problema antes que os prejuízos se avolumassem”, disse a entidade um dia após o ocorrido.
Resta saber quais serão os próximos episódios desta novela, que pode ter um desfecho ainda pior para a plataforma de delivery.
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