Meta vai esconder conteúdo sobre distúrbios alimentares de adolescentes
Outros temas a serem fechados pela Meta incluem suicídio, automutilação e materias que ela considerar “impróprios para a idade” mais jovemBy - Rafael Arbulu, 9 janeiro 2024 às 16:12
À medida em que pressões governamentais sobre monitoramento de conteúdo da Meta aparecem em vários países, a empresa anunciou hoje uma nova medida, que vai fazer com que redes sociais controladas por ela escondam conteúdos relacionados a suicídio, automutilação e distúrbios alimentares para públicos adolescentes.
A Meta é, atualmente, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp. Este último, por ter uma natureza mais privada, não entra na atualização, mas as outras duas plataformas já estão com a novidade rodando em efeito imediato, impedindo que perfis adolescentes tenham acesso aos conteúdos mencionados mesmo se seus amigos compartilharem.
A partir de hoje (9), se um adolescente usar a busca do Facebook ou Instagram para procurar qualquer conteúdo nos temas levantados acima, a Meta automaticamente vai direcionar o perfil a centros de auxílio especializado e outras fontes de informação e combate a eles.
A medida vem em um período pernicioso para a empresa, já que, no próximo dia 31, a companhia liderada por Mark Zuckerberg vai testemunhar à frente do senado estadunidense sobre segurança infantil nas plataformas digitais. O próprio Zuckerberg, aliás, foi convocado a depor.
Já na União Europeia, a Meta sempre se vê às avessas com o Ato de Serviços Digitais, um conjunto legislativo que o bloco econômico aprovou e que, em essência, responsabiliza a plataforma pelo conteúdo compartilhado por ela pelos seus usuários.
A medida ainda levantou alguns questionamentos, já que o anúncio da Meta não faz distinção de separar conteúdo problemático de conteúdo educacional, por exemplo. Da forma como escreveu, a empresa dá a entender que mesmo materiais de aprendizado serão “barrados”, o que pode acabar causando mais problemas à frente.
Por outro lado, a mesma postagem diz que a empresa continuará a “compartilhar conteúdo de organizações especializadas”, então isso também pode ser mais uma tentativa de oferecer maior credibilidade e alcance dessas instituições, que comumente não conseguem chegar a quem necessita delas frente à enxurrada de conteúdos mais perniciosos.
Medida da Meta também traz alterações de configuração nas redes
Um outro detalhe que o anúncio menciona é o fato da Meta estar expandindo questões de controle parental e gerenciamento da oferta de conteúdo no Facebook e Instagram. A empresa já oferecia esse controle ativado por padrão no caso de novos perfis dentro da faixa etária mencionada. Agora, esses mesmos controles serão levados a adolescentes que já estivessem na plataforma antes.
O problema: isso faz muito pouco para quem, por exemplo, mente a data de nascimento para ingressar à plataforma sem essas “travas”.
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