Histórico de links: Facebook vai armazenar sites visitados pelos usuários para alimentar publicidade direcionada
Rede social introduziu configuração que cria repositório de todos os links clicados via aplicativo; Link History virá ativado por padrãoBy - Liliane Nakagawa, 4 janeiro 2024 às 17:12
O Facebook lançou uma nova forma de preservar o império de coleta de dados, desta vez, com o lançamento da nova configuração “Link History” (Histórico de Links), que cria um repositório especial de todos os links clicados pelos usuários do aplicativo móvel da rede social. Os dados serão usados para alimentar anúncios direcionados.
Recentemente o Facebook lançou a configuração que vai permitir que a rede social salve o histórico de sites visitados pelos usuários. De acordo com a descrição oficial da empresa, o Histórico de Links é uma ferramenta “com sua atividade de navegação salva em um só lugar” e que permite “nunca mais vai perder um link”, ao manter o recurso ativado, a companhia afirma que “podemos usar suas informações para melhorar seus anúncios nas tecnologias Meta”.
Embora não esteja disponível em todos os países do globo, o recurso é ativado por padrão, logo o usuário deverá desmarcar a opção de coleta se não quiser ceder essas informações ao Facebook. A empresa promete apagar o histórico do usuário dentro de 90 dias caso ele desative o recurso.
Falsa sensação de privacidade
Embora dar visibilidade ao que a Meta coleta de informações do usuário pareça um passo em direção à privacidade, é questionável que apenas agora esse tipo de decisão tenha sido empregada, visto que as práticas da empresa têm sido sempre contrárias, mantendo o rastreamento de tudo o que usuário clica, independentemente se interna ou externamente às plataformas de Zuckerberg.
É possível arriscar, no entanto, que a decisão inédita pode estar ligada ao escrutínio cada vez maior dos reguladores de proteção de dados, que em muitas decisões penalizou a Meta por usar padrões cinzentos para confundir usuários ou não informá-los claramente sobre o rastreamento e coleta de dados, voltados para alimentar anúncios direcionados.
A descrição do Histórico de Links não menciona as formas invasivas praticadas pela rede social, nem mesmo modifica como dados de atividades coletadas no Facebook, Instagram, WhatsApp e demais aplicativos do grupo se interligam. Isso nos leva a concluir que a configuração só afeta a Meta internamente, organizando para ela os detalhes das páginas que os usuários visitam com uma configuração fácil de ser mal interpretada por eles.
Vale lembrar que outras opções como “desligar atividade do Facebook” bem como “limpar histórico” não cumprem realmente o que informam, embora levem usuários do Facebook e Instagram a pensarem exatamente na efetividade do que se propõem.
Meta Pixel e outras formas de rastreamento do Facebook fora do domínio de Zuckerberg
Os tentáculos para alimentar grande parte do lucro da Meta, no entanto, não se restringem às plataformas de domínio da controladora. De acordo com uma investigação do site Markup, ao menos 30% dos sites populares da web usam o Meta Pixel, mais uma forma de rastreamento das atividades de qualquer usuário da rede — mesmo que ele não faça uso de algum produto do grupo.
O Meta Pixel é uma rede de anúncios da Meta do qual milhões de companhias utilizam para rastrear as atividades de usuários durante uma sessão nos seus respectivos sites.
Em 2022, o pesquisador de privacidade Felix Krause descobriu que o Meta injeta um JavaScript especial de “keylogging” nos sites, permitindo que ela monitore tudo o que o usuário digita e toca, inclusive as senhas. Outros aplicativos, incluindo o TikTok, fazem a mesma coisa.
Via Gizmodo
Comentários