Agências de inteligência norte-americanas e de países estrangeiros não identificados estão espionando usuários da Apple e do Google por notificações push, de acordo com uma carta do senador norte-americano Ron Wyden (D-OR) enviado ao Departamento de Justiça, na qual cita ter recebido pistas sobre “pedidos” de registros de notificações push a grandes empresas de tecnologia por agências governamentais dos Estados Unidos e de países estrangeiros.

Sem muitos detalhes, uma carta entregue ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos na quarta-feira (6) afirma que agências de espionagem norte-americana e de países estrangeiros estavam solicitando dados de notificações push do Google e da Apple.

Governos espionam usuários da Apple e Google por notificações push, diz senador

Imagem: Jamie Street/Unplash

As notificações push são usadas para alertar visual e sonoramente as mensagens, notícias urgentes, atualizações e outros avisos de aplicativos recebidos no smartphone, e trafegam por servidores das empresas fornecedoras do sistema operacional desses respectivos aparelhos, neste caso, da Apple e do Google.

Segundo Wyden, isso daria às duas companhias uma visão do tráfego que flui desses aplicativos (que enviam as notificações push) para os usuários, colocando-as  “em uma posição única para facilitar a vigilância do governo sobre como os usuários estão usando determinados aplicativos”, como também podem ser “secretamente obrigadas pelos governos a fornecerem essas informações”. Na carta, ele pediu ao Departamento de Justiça para “revogar ou modificar quaisquer políticas” que impedissem discussões públicas sobre a espionagem de notificações push.

Embora a carta tenha citado informações sobre a “pista”, a equipe de Wyden não as detalhou. No entanto, uma fonte familiarizada com o assunto confirmou que agências estrangeiras e do próprio governo norte-americano têm pedido metadados relacionados a notificações push a essas duas empresas, por exemplo, para ajudar a vincular usuários anônimos de aplicativos de mensagens a contas específicas da Apple ou do Google, segundo informações a reportagem da Reuters.

O documento não especifica quais estados-nação estrangeiros teriam solicitado tais informações.

Google e Apple prometem detalhar solicitações governamentais de notificações push a usuários

Ao site TechCrunch, o porta-voz da Apple Shane Bauer contou que o governo federal impede que gigantes de tecnologia compartilhem quaisquer informações sobre o assunto. “A Apple está comprometida com a transparência e há muito tempo apoia os esforços para garantir que os provedores possam divulgar o máximo possível de informações aos seus usuários”, adicionou o porta-voz. “Nesse caso, o governo federal nos proibiu de compartilhar qualquer informação e, agora que esse método se tornou público, estamos atualizando nossos relatórios de transparência para detalhar esses tipos de solicitações.”

Em outras palavras, em seu próximo relatório de transparência, a Apple deve começar a divulgar as solicitações de tokens de notificação push recebidas.

Apple

Imagem: rukawajung / Shutterstock.com

Em uma declaração, o porta-voz do Google Matt Bryant afirmou que a companhia compartilha do “compromisso de manter os usuários informados sobre essas solicitações”. “Fomos a primeira grande empresa a publicar um relatório de transparência pública compartilhando o número e os tipos de solicitações governamentais de dados de usuários que recebemos, incluindo as solicitações mencionadas pelo senador Wyden”.

Google Campus em Mountain View, na California

Imagem: Shutterstock.com

O Departamento de Justiça negou qualquer comentário sobre ambos os assuntos, tanto da espionagem por notificações push quanto da ordem de impedir que Apple e Google comentassem a notícia.

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